Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Força ou Matéria!?

“Acercando-nos do fim deste livro, detenhamo-nos um instante por bem nos compenetrar das verdades adquiridas em nossa argumentação, guardando a legítima impressão deste arrazoado científico. Vigoram hoje no mundo dois grandes erros, tão vivazes e profundos como nos tempos mais obscuros da História, isto é, nas épocas recuadas em que a inteligência humana ainda não podia formular nenhuma concepção exacta da Natureza.
Esses dois erros, por nós combatidos paralelamente, são: de um lado o ateísmo, que nega a existência do espírito; e do outro a superstição religiosa, que concebeu um “Deusinho” semelhante a ela e fez do Universo uma lanterna mágica, para uso e gozo da Humanidade.
Como esses dois erros igualmente funestos – posto que à primeira vista pareçam inócuos e seja o segundo essencialmente orgulhoso – procuram agora apoiar-se em princípios sólidos da Ciência contemporânea, impusemo-nos o dever de mostrar que eles não podem reivindicar tais princípios em seu favor; que jazem fatalmente isolados da ciência positiva e desarticulam-se ao primeiro embate, qual castelo de cartas, enquanto – idéia central – continua em linha recta o espiritualismo científico.
Resumamos nossa argumentação. Constatamos, de começo, locando o problema, que o essencial consiste em distinguir força e matéria, e examinar se é a matéria que rege a força ou, ao invés, se é esta que governa aquela. As afirmativas materialistas, decalcadas na primeira das premissas, pareceram-nos desde logo puramente arbitrárias, como simples petições de princípios, fáceis de desmascarar.”

CAMILLE FLAMMARION, Deus na Natureza, Tomo V – DEUS, (1 de 7)

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