Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 29 de março de 2011

O livre-arbítrio na determinação do nosso futuro

“Através do estudo da situação dos Espíritos, o homem sabe que a felicidade e a infelicidade na vida espiritual são inerentes ao grau de perfeição e de imperfeição; que cada qual sofre as consequências directas e naturais dos seus erros; dito isto de outro modo, que é castigado por aquilo em que pecou; que as suas consequências duram tanto tempo como as causas que os produziu; que, assim, o culpado sofria eternamente se persistisse eternamente no mal, mas que o sofrimento termina com o arrependimento e a reparação, ora, como depende de cada um melhorar, cada um pode, graças ao seu livre-arbítrio, prolongar ou abreviar os seus sofrimentos, tal como o doente sofre durante o tempo que levar até pôr fim aos seus excessos.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 32.

Relações plenas com O Invisível

“Pelas relações que o homem pode agora estabelecer com os que deixaram a Terra, tem não só a prova material da existência e da individualidade da alma, como compreende a solidariedade que liga os vivos e os mortos deste mundo e os deste mundo com os dos outros mundos. Conhece a situação deles no mundo dos Espíritos; segue-os nas suas migrações; é testemunha das suas alegrias e dos seus desgostos; sabe porque estão felizes ou infelizes e a sorte que o espera a ele consoante o bem ou o mal que faça. Estas ligações iniciam-no na vida futura que pode observar em todas as suas fases, em todas as suas peripécias; o futuro já não é uma esperança vaga: é um facto positivo, uma certeza matemática. Então, a morte já nada tem de assustador, pois é para ele a libertação, a porta da verdadeira vida.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 31.

sábado, 26 de março de 2011

A Revelação do Mundo Invisível pelo Espiritismo

“O ESPIRITISMO, tomando como ponto de partida as próprias palavras de Cristo, assim como Cristo foi buscar bases a Moisés, é consequência directa da sua doutrina.
À ideia vaga da vida futura, acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço e, com isso, dá precisão à ciência; dá-lhe um corpo, uma consciência, uma realidade de pensamento.
Define os elos que unem a alma e o corpo e levanta o véu que escondia aos homens os mistérios do nascimento e da morte.
Pelo Espiritismo o homem sabe de onde vem, para onde vai, por que está na Terra e por que nela sofre temporariamente, vendo em tudo a justiça de Deus.
Sabe que todas as almas, tendo um mesmo ponto de partida, são criadas iguais, com uma mesma aptidão para evoluir por virtude do seu livre-arbítrio; que todas são da mesma essência e que entre elas só há a diferença da evolução conseguida; que todas têm o mesmo destino e atingirão o mesmo fim, mais ou menos prontamente consoante o seu trabalho e a sua boa-vontade.
Sabe que não existem criaturas deserdadas, nem umas que sejam mais favorecidas do que outras; que Deus não criou privilegiados, estando dispensados do trabalho imposto a outros para poderem evoluir; que não existem seres perpetuamente votados ao mal e ao sofrimento; que os designados com o nome de demónios são Espíritos ainda atrasados e imperfeitos, que praticam o mal mas que evoluirão e melhorarão; que os anjos ou Espíritos puros não são entes à parte na criação, mas Espíritos que atingiram o seu objectivo depois de terem seguido as etapas do progresso: que assim não existem criaturas múltiplas, nem diferentes categorias entre os seres inteligentes, mas que toda a Criação resulta da grande unidade que rege o Universo e que todos os seres gravitam na direcção de um objectivo comum que é a perfeição, sem que uns sejam favorecidos à custa dos outros, sendo todos filhos das suas obras.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 30.

As Escrituras a Ciência e o Espiritismo


Natureza e Revelação Espírita ~

“Mas quem se atreve a interpretar as escrituras sagradas? Quem tem esse direito? Quem possui a sabedoria necessária, a não ser os teólogos?

Quem se atreve? Primeiro a ciência, que não pede licença a ninguém para dar a conhecer as leis da natureza e salta a pés juntos para cima dos erros e dos preconceitos. Quem tem esse direito? Neste século de emancipação intelectual e de liberdade de consciência, o direito de exame pertence a toda a gente e as Escrituras já não são de arca sagrada na qual ninguém ousava tocar nem com um dedo, por correr o risco de ficar fulminado. Quanto à sabedoria especial necessária, sem contestar a dos teólogos e, por muito esclarecidos que fossem os da Idade Média, em particular os padres da igreja, não o eram no entanto o suficiente para não condenarem como heresia o movimento da Terra e a crença nos antípodas; e, sem ir tão longe, os dos nossos dias não lançaram um anátema sobre os períodos de formação da Terra?

Os homens só conseguiram explicar as Escrituras com a ajuda do que sabiam, das noções falsas ou incompletas que tinham sobre as leis da natureza mais tarde reveladas pela ciência: eis porque razão os próprios teólogos puderam, de muito boa-fé, equivocar-se quanto ao sentido de certas palavras e de certos factos dos Evangelhos. Querendo a qualquer custo encontrar neles a confirmação de uma ideia preconcebida, giravam sempre no mesmo círculo, sem abandonarem o seu ponto de vista, de tal maneira que só viam o que queriam ver. Por muito sábios que fossem, não podiam perceber as causas dependentes de leis que não conheciam.

Mas quem será juiz das interpretações diversas e por vezes contraditórias feitas fora da teologia? O futuro, a lógica e o bom senso. Os homens, cada vez mais esclarecidos à medida que novos factos e novas leis se vão revelando, saberão separar as teorias utópicas da realidade; ora, a ciência dá a conhecer certas leis; o Espiritismo dá a conhecer outras; umas e as outras são indispensáveis à inteligência dos textos sagrados de todas as religiões, desde Confúcio e Buda até ao cristianismo. Quanto à teologia, não poderia judiciosamente alegar que as contradições da ciência constituem excepções, quando nem sempre está de acordo consigo mesma.”


KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 29. 
(imagem de contextualização: Dança rebelde, 1965 – Óleo sobre tela, de Noêmia Guerra

A Chave

“Se Cristo não conseguiu desenvolver os seus ensinamentos de forma completa, foi porque faltavam aos homens conhecimentos que estes não podiam adquirir antes de tempo e sem os quais não o podiam compreender; havia coisas que teriam parecido um contra-senso na fase de conhecimentos de então. Completar os seus ensinamentos deve-se portanto entender no sentido de explicar e de desenvolver, muito mais que no de lhes acrescentar verdades novas, pois neles tudo se encontra em germe; simplesmente, faltava a chave para captar o sentido das palavras.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 28.

O Consolador

“Por que chama ao novo Messias Consolador? Este nome, significativo e sem ambiguidades, constitui uma revelação completa. Ele previa portanto que os homens iriam precisar de consolações, o que implica a insuficiência das que iriam encontrar na crença que iriam adoptar. Talvez nunca Cristo tenha sido mais claro e mais explícito que nestas últimas palavras a que poucas pessoas prestaram atenção, talvez porque se tenha evitado dar-lhes relevo e aprofundar o seu sentido profético.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 27.

quinta-feira, 24 de março de 2011

A lição da espada

Não cuideis que vim trazer a paz à terra…” – Jesus
(Mateus, 10:34.)

- “Não vim trazer a paz, mas a espada” – disse-nos o Senhor.
E muitos aprendizes prevalecem-se da feição literal de Sua palavra, para estender a sombra e a perturbação.
Valendo-lhe do conceito, companheiros inúmeros consagram-se ao azedume no lar, conturbando os próprios familiares, em razão de lhes imporem modos de crer e pontos de vista, vergastando-lhes o entendimento, ao invés de ajudá-los na planificação da fé viva quando não se desmandam em discussões e conflitos, polemizando sem proveito ou acusando indebitamente a todos aqueles que lhes não comunguem a cartilha de violência e de crueldade.
- O mundo, até a época do Cristo, legalizara a prepotência do ódio e da ignorância, mantendo-lhe a terrível dominação, através da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em sanguinolentas devastações.
- A realeza do homem era a tirania revestida de ouro, arruinando e oprimindo onde estendesse as garras destruidoras.
- Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.
Voltando para o seio da Terra, representa a cruz em que Ele mesmo prestou o testemunho supremo do sacrifício e da morte pelo bem de todos.
É por isso que o Seu exemplo não justifica os instintos desenfreados de quantos pretendem ferir ou guerrear em Seu nome.
A disciplina e a humanidade, o amor e a renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos da senda.
Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a calúnia, o perdão espontâneo flúi-lhe, incessante, da alma, para somente retribuir bênção por maldição, luz por treva, bem por mal.
- Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre nos trouxe à vida, lembra-te de que a batalha instituída pela lição do Senhor permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que, ensarilhando sobre o pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertê-la na cruz redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso próprio “eu”, em forma de orgulho e intemperança, egoísmo e animalidade, consumindo-os ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros, única estrada susceptível de conduzir-nos ao império definitivo da Grande Luz.

EMMANUEL, Espírito in “Ceifa de Luz” – A lição da espada, psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

quarta-feira, 23 de março de 2011

Morada de Deus

“Não cabe aqui entreter-nos com as moradas imaginadas para a pessoa de Deus. Não abordaremos o poético céu dos gregos, povoado de figuras ideais, onde os deuses sempre jovens e belos se divertem, combatem e gozam com o tomar parte nos destinos humanos. Não falaremos do sombrio e iracundo Jeová dos Judeus, que pune até à terceira ou quarta geração. Nada diremos, tampouco, do céu dos Orientais, que reserva aos crentes numerosas huris, num ambiente de beleza e delícias eternas.
Omitiremos o céu dos groelandeses, no qual a maior ventura consiste numa grande quantidade de peixes e de óleo de baleia, bem como o céu do indiano caçador, que se paga com abundância de caça, e o do Germano que, no Walhalla, faz do crânio do inimigo a sua taça de hidromel.
Se o simples bom senso humano não pode, jamais, fazer uma idéia pura e abstrata do absoluto, as tentativas da Filosofia, por sua vez, pouco ou mesmo nada têm conseguido. Quem se desse ao trabalho de catalogar as idéias acerca de Deus, do absoluto ou daquilo a que os filósofos chamam alma do mundo, ficaria pasmo da quantidade e variedade de sistemas que, desde a origem dos tempos históricos até os nossos dias, a despeito dos progressos científicos, se imaginaram por oferecer poucos raciocínios novos, e raramente razoáveis.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (6/6)

terça-feira, 22 de março de 2011

Deus desconhecido

“A história da idéia de Deus mostra-nos que ela sempre foi relativa ao grau intelectual dos povos e de seus legisladores, correspondendo aos movimentos civilizadores, à poesia dos climas, às raças, à florescência de diferentes povos; enfim, aos progressos espirituais da Humanidade. Descendo pelo curso dos tempos, assistimos sucessivamente aos desfalecimentos e tergiversações dessa idéia imperecível, que, às vezes fulgurante e outras vezes eclipsada, pode, todavia, ser identificada sempre, nos fastos da Humanidade. Notamos, então, que esta idéia relativa difere do absoluto único, sem o qual é impossível, hoje, conceber-se a personalidade divina.
Esse absoluto – importa afirmá-lo nestas últimas páginas – é absoluto mesmo e nós não o conhecemos. Ele não é o Varouna dos Árias, o Elim dos Egípcios, o Tien dos Chineses, o Ahoura-Mazda dos Persas, o Brama ou Buda dos Indianos, o Jeová dos Hebreus, o Zêus dos Gregos, o Júpiter dos Latinos, nem o que os pintores da Idade Média entronizaram na cúspide dos céus.
Nosso Deus é um Deus ainda desconhecido, qual o era para os Vedas e para os sábios do Areópago de Atenas. A noção de alguns eminentes pais da Igreja Cristã e de alguns esclarecidos teólogos modernos aproxima-se, mais que outras quaisquer, desse Deus desconhecido. Mas, como compreendê-lo, quando nenhum espírito criado, nem mesmo os anjos (se é que existem) poderiam fazê-lo?”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (5/6)

A ignorância havia humanizado Deus

“Os grandes factos da moderna Ciência têm, por conseguinte, transformado a idéia de Deus, apresentando-o, ao demais, sob um aspecto bem diverso do encarado até agora. Esse aspecto é, ao mesmo tempo, mais grandioso e mais difícil de apreender.
E, contudo, nós podemos ao menos conceber, senão esboçar, o conjunto dessa metamorfose progressiva.
A ignorância havia humanizado Deus e a Ciência diviniza-o – se é que o pleonasmo não escandaliza os senhores gramáticos.
Outrora, Deus foi homem; hoje, Deus é Deus. A fé do carvoeiro, ainda tão gabada, não é mais a verdadeira fé. O credo quia absurdum é absurdo duplicado. O Ser supremo, criado à imagem do homem, hoje vê apagar-se pouco a pouco essa imagem, substituída por uma realidade sem forma. Pois a forma, a definição, o tempo, a duração, a medida, o grau de potência ou actividade, a descrição, o conhecimento, não mais se aplicam a Deus e mal começam a ser percebidos. O próprio nome oculta uma idéia incompleta e preciso fora falar de Deus sem nomeá-lo. Outrora, Júpiter empunhava o raio, Apolo conduzia o Sol, Neptuno senhoreava os mares... Na idolatria dos budistas, Deus ressuscitava um morto sobre o túmulo de um santo, fazia falar um mudo, ouvir um surdo, crescer um carvalho numa noite, emergir da água um afogado... Desvendava a um estático as zonas do terceiro céu, imunizava do fogo, são e salvo, um santo mártir, transportava um pregador, num abrir e fechar de olhos, a cem léguas de distância, e derrogava, a cada momento, as suas próprias, eternas leis... Ainda hoje, lá no Tibet longínquo, adoram Maitreya. A mão deste deus refreia as ondas enfurecidas, abençoa um exército e amaldiçoa o rival; dirige as chuvas em rogativas de procissões e, qual hábil jardineiro, rega aqui, ensombra ali, poda acolá, ajusta, enxerta, combina, seleciona e mantém um cadastro heráldico de nomes e datas . A maioria dos crentes em Deus o conceituam como um super-homem, alhures assentado acima das nossas cabeças, presidindo os nossos actos. Dotado de excelente vista e não inferior ouvido, mantém as rédeas do mundo e, em caso de necessidade, chama um anjo serviçal e o envia a consertar qualquer peça desarranjada do seu mecanismo. A darmos crédito às tradições do Damapadam e às inscrições d’Aschoka, o Buda tem um filho – Bodisatva – mediador assentado à sua direita, além de uma terceira pessoa – Buda-Manouschi – “a realização de Deus pelo homem”. Todos eles vivem nas alturas do Nirvana eterno, rodeados de espíritos, tronos, apóstolos, mártires, pontífices, confessores, dominações, potências, magos do culto precursor, videntes da filosofia sakhya, que foram purificados, etc.; tudo isso eternamente esquematizado e graduado, segundo os méritos de uma vida efêmera.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (4/6)

A Natureza é Harmonia

“As leis da Natureza nos têm provado que existe uma inteligência ordenadora. Essas leis – diz John Herschel – são, não somente constantes, mas concordantes e inteligíveis. E são fáceis de apreender com o auxílio de algumas pesquisas, mais próprias a estimular que a extinguir a curiosidade. Se pertencêssemos a outro planeta e, de súbito, nos transportássemos a um dos nossos meios sociais no intuito de observar o que neles ocorre, ficaríamos desde logo embaraçados para dizer se uma tal sociedade se regeria por quaisquer leis. Se chegássemos a descobrir que ela presumia tê-las, haveríamos, então, de procurar, na sua conduta e consequências dela decorrentes, quais poderiam ser essas leis, em que sentido foram concebidas e não teríamos, talvez, grandes dificuldades no descobrir regras aplicáveis aos casos particulares; mas, se quiséssemos generalizar, se tentássemos apreender alguns princípios salientes, a massa de absurdos, de contradições jorrantes de todos os lados, presto nos desviaria de um amplo exame, ou nos convenceria da inexistência do objecto de nossa pesquisa. Com a Natureza dá-se inteiramente o contrário. Nela não há dissonância nem contradições e, sim, e só, harmonia. Não temos jamais de esquecer o que soubemos uma vez. Quando as regras se generalizam, as excepções aparentes tornam-se regulares. Qualquer equívoco na sua legislação portentosa é tão inaudito como um acto mal entendido.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (3/6)

Deus é potência e acto naturais

“Para a ciência espiritualista, não mais se defrontam um mecanismo automático e um Deus retraído na sua imobilidade absoluta. Deus é potência e acto naturais; vive na Natureza, como nele vive ela. O Espírito se faz pressentir através das formas materiais, mutáveis. Sim, a Natureza tem harmonias para a alma, tem quadros para o pensamento, tem tesouros para as ambições do espírito e ternuras para as aspirações do coração. Sim, ela os tem, porque não nos é estranha, não está de nós segregada e somos um com ela.
Ora, a força viva da Natureza, essa vida mental que reside nela, essa organização peculiar ao destino dos seres, essa sabedoria e omnipotência no entretenimento da criação, essa comunicação íntima de um Espírito universal entre todos os seres, que coisa outra poderá significar senão a revelação da existência de Deus, a manifestação de um pensamento criador, eterno, imenso? Que significam a faculdade electiva das plantas, o instinto inexplicável dos animais, a genialidade do homem? Que será o governo da vida terrestre, sua direcção em torno do seu foco de luz e de calor, as revoluções solares, a movimentação de mundos incontáveis a gravitarem conjugados no infinito? Que significará tudo isso, senão a demonstração viva, imperiosa, de uma vontade que subordina o mundo inteiro à sua potência, como envolve as nossas obscuridades na sua luz? Que será o aspecto espiritual da Natureza, senão pálida radiação da beleza eterna? – esplendor desconhecido, que os nossos olhos, desviados por falsas claridades da Terra, mal podem entrever, nas horas santas e benditas em que o divino Ser nos permite sentir sua presença.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (2/6)

O Infinito na Natureza

“Vésper que antecedes a noite! carro do Setentrião! Magnificências estelares! Misteriosas perspectivas de abismo insondável! Que olhar, apercebido de vossas munificências, poderia fitar-vos indiferente? Quantos olhares sonhadores se têm perdido nos vossos desertos, ó solidões do espaço!
Quantos ansiosos pensamentos têm viajado de ilha em ilha, no vosso luminoso arquipélago! E nas horas da saudade e da melancolia, quantas pupilas molhadas têm baixado sobre os olhos fitos numa estrela predilecta!
É que a Natureza tem nos lábios palavras doces, no olhar tesouros de amor e no coração sentimentos afectivos de uma preciosidade esquisita, e isso porque ela, a Natureza, não consiste somente numa organização corporal, mas também tem alma e vida. Quem quer que só a tenha entrevisto no seu aspecto material apenas lhe conhece a metade. A beleza íntima das coisas é tão verdadeira e positiva como a sua composição química. A harmonia do mundo não é menos digna de apreço do que o seu movimento mecânico. A direcção inteligente do Universo deve ser constatada ao mesmo título das fórmulas matemáticas. Obstinar-se em só considerar a criatura com os olhos do corpo e jamais com os do espírito é parar voluntariamente à superfície. Bem sabemos que os adversários vão objectar-nos que o espírito não tem olhos, que é um cego de nascença e que toda afirmativa, não originária dos órgãos visuais, perde todo o valor. Mas, isto também não passa de um conceito arbitrário e, ao demais, infundado. Temos visto que é possível, de boa fé, pôr em dúvida as verdades de ordem intelectual e que é em nosso próprio senso que se forma a convicção de toda e qualquer verdade.
Transporemos, portanto, sem receio, essas mofinas objecções. Para nós a Natureza é um ser vivo e animado, e mais ainda – um ser amigo. Onipresente, fala-nos pelas suas cores, pelos sons e pelos movimentos; tem sorrisos para as nossas alegrias, gemidos para as nossas tristezas, simpatia para todas as nossas aspirações. Filhos da Terra, nosso organismo está em consonâncias vibratórias com todos os movimentos que constituem a vida da Natureza: ele os compreende e deles compartilhamos, de modo a nos deixarem n'alma uma repercussão profunda, a menos que o artifício nos tenha atrofiado. Congênita do princípio da criação, nossa alma reencontra o infinito na Natureza.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (1/6)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Seres amados

Aquele que ama a seu irmão permanece na luz e nele não há nenhum tropeço.
(I João, 2:10.)

- Os seres que amamos!... Com que enternecimento desejaríamos situá-los nos mais elevados planos do mundo!... Se possível, obteríamos para cada um deles um nicho de santidade ou um título de herói!...
Entretanto, qual ocorre a nós mesmos, são eles humanos, matriculados no educandário da vida. E, nos círculos das experiências em que se debatem, como nos acontece, erram e acertam, avançam na estrada ou se interrompem para pensar, solicitando-nos apoio e compreensão.
Assim como estamos em luta a fim de sermos, um dia, o que devemos ser, aprendamos a amá-los como são, na certeza de que precisam, tanto quanto nós, de auxílio e encorajamento para a necessária ascensão espiritual.
Nunca exigir-lhes o impossível, nem frustrar-lhes a esperança.
Doemos a cada um a bênção da estima sem requisições descabidas, acatando as experiências para as quais se inclinem e respeitando os tipos de felicidade que elejam para si próprios.
- Todos somos viajadores do Universo com encontro marcado numa estação de destino – a perfeição na imortalidade. À face disso, e levando em consideração que nos achamos individualmente em marcos diferentes da estrada, se queremos auxiliar aqueles que amamos, e abençoá-los com o nosso afecto, cultivemos, à frente deles, a coragem de compreender e a paciência de esperar.

EMMANUEL, Espírito in “Ceifa de Luz” – Seres amados, psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

A perfeição absoluta é Deus, isto é, o infinito e a eternidade…

“Entretanto, como Deus cria sem cessar, pode-se supor que há Espíritos que já percorreram todas as fases e que chegaram, enfim, à perfeição absoluta. É, ainda, uma falsa interpretação, porque a perfeição absoluta é Deus, isto é, o infinito e a eternidade.
Ora, tendo tido um começo, jamais a alma do homem será eterna, ela é simplesmente imortal. É uma função que cresce desde o zero até ao infinito. Pretendeu-se algumas vezes que a alma fosse incriada. Segundo o que pensamos, esta maneira de ver é errónea, porque se nós admitirmos a existência de Deus, ele deve ser o autor de tudo o que existe; sem isso ele não teria razão alguma de ser. Aliás, uma vez que progredimos, elevando-nos de encarnação em encarnação, vemos que ingressamos na vida por um estado de simplicidade no qual não tínhamos faculdade alguma das que hoje possuímos, nós as adquirimos insensivelmente por meio de uma série de lutas contra a matéria; ora, se fôssemos eternos, que significaria a progressão?
Na eternidade não poderíamos aumentar nem diminuir, seríamos imutáveis por nossa própria natureza. Demonstrando-nos, ao contrário, a experiência que nós progredimos intelectualmente, daí devemos concluir que fomos criados.
A imensidade e a eternidade são os únicos limites que encontramos para o progresso, o que vale dizer: o progresso não tem limites. Não nos devemos espantar com esta perspectiva, porque sabemos, por experiência, que a cada descoberta nova, a cada aquisição intelectual está ligada uma felicidade, que se acrescenta à que já gozávamos. À medida que as nossas faculdades se ampliam, elas se exercem num campo cada vez mais vasto, abraçam horizontes mais extensos e, como o Universo é ilimitado, podemos imaginar que nos será necessária a eternidade para compreendê-lo e aprofundar-lhe as leis.
Confiantes na bondade do pai celestial, devemos crer nas promessas dos Espíritos superiores que nos assistem; verificando a felicidade inefável de que gozam, a elevação e a beleza do seu ensino, o nosso único objectivo deve ser o de igualá-los, certos de que o poder divino saberá recompensar sempre os nossos esforços, proporcionando-nos a felicidade pelos trabalhos que tivermos suportado.”

DELANNE, GABRIEL in “O Espiritismo Perante a Ciência” 4ª parte, Capítulo III, O perispírito durante a desencarnação – A Sua composição – A vida do Espírito

domingo, 20 de março de 2011

Desenvolvimento da Alma por meio de sucessivas existências

“Em resumo, vimos que a alma se desenvolve por meio de uma série de sucessivas existências; que tendo partido do mais rudimentar estado, do qual encontramos o exemplo nos povos selvagens, ela deve elevar-se de degrau em degrau até à soma de qualidades e perfeições que se podem adquirir na Terra. Quando ela atingiu o fim que aqui lhe estava assinalado, sobe para os mundos superiores, onde melhores destinos a esperam.
Poder-se-ia supor que o progresso eterno tem um limite e que a perfeição deve ser atingida um dia. É um erro, oriundo de nossa natureza limitada, que faz do Universo e do infinito estreita e mesquinha ideia, pouco em harmonia com a realidade das coisas.
Quando contemplamos a fraca parte do Universo que os nossos instrumentos nos fazem conhecer, o Espírito recua, deslumbrado, diante dos milhares de mundos que povoam os espaços. Se, pelo pensamento, medirmos o tempo que nos é indispensável para fixar uma qualidade, se lançarmos um olhar retrospectivo sobre as inúmeras encarnações que nos foi preciso suportar, para chegar, somente, ao nosso estado actual, compreenderemos, então, que a nossa ascensão indefinida pede um tempo enorme e, de tal ordem, que as mais arrojadas concepções não no-lo podem fazer conceber.”

DELANNE, GABRIEL in “O Espiritismo Perante a Ciência” 4ª parte, Capítulo III, O perispírito durante a desencarnação – A sua composição – A vida do Espírito

Espíritos menos elevados

“Descendo na hierarquia, encontramos Espíritos menos elevados, menos esclarecidos, mas que não deixam de ser bons e, que, numa esfera de actividade mais restrita, preenchem funções análogas. A acção deles, em vez de estender-se aos diferentes mundos, exerce-se especialmente sobre determinado globo, em relação com o seu grau de adiantamento; a sua influência é mais individual e tem por objecto acções menos importantes.
Vem em seguida a multidão dos Espíritos vulgares, mais ou menos bons ou maus, que pululam em torno de nós. Eles se elevam pouco acima da humanidade, da qual representam todos os matizes e são como que o reflexo, porque dela têm todos os vícios e todas as virtudes; em grande número deles, reencontram-se os gostos, as ideias, os pendores que tinham em vida; as faculdades lhes são limitadas, o julgamento falível como o dos homens, muitas vezes erróneo e imbuído de preconceitos.
Noutros, o senso moral é mais desenvolvido; sem grande superioridade nem profundeza, julgam mais judiciosamente e condenam o que fizeram, disseram ou pensaram durante a vida. Aliás, há isto de notável, é que mesmo entre os Espíritos mais ordinários, há na maior parte, sentimentos mais puros na erraticidade que na encarnação; a vida espiritual os esclarece sobre os seus defeitos e, com poucas excepções, arrependem-se amargamente e lamentam o mal que fizeram, pelo qual sofrem mais ou menos cruelmente.
O endurecimento absoluto é muito raro e apenas temporário, porque, cedo ou tarde, se lamentam do seu estado. Pode-se dizer que todos aspiram à perfeição, porque percebem que é o único meio de saírem da posição inferior que ocupam.”

DELANNE, GABRIEL in “O Espiritismo Perante a Ciência” 4ª parte, Capítulo III, O perispírito durante a desencarnação – A sua composição – A vida do Espírito

Tarefas dos Espíritos superiores

“Entre os seres que atingiram certo grau de elevação, uns velam pelo cumprimento dos desígnios de Deus, nos grandes destinos do Universo; dirigem a marcha dos acontecimentos e concorrem para o progresso dos mundos; outros tomam os indivíduos sob a sua protecção e se constituem os seus génios tutelares, guias espirituais, que os acompanham do nascimento à morte, procurando dirigi-los na senda do bem; é uma felicidade, quando os seus esforços são coroados de êxito. Alguns se encarnam em mundos inferiores, para aí exercerem missões de progresso; procuram, pelos seus trabalhos, os seus exemplos, os seus conselhos, os seus ensinos, fazê-los avançar nas ciências, nas artes, ou na moral. Submetem-se, então, voluntariamente, às vicissitudes de uma vida corporal, muitas vezes penosa, com o fim de praticar o bem e isso lhes é contado. Muitos, enfim, não têm atribuições especiais; vão a toda a parte onde a sua presença pode ser útil, dar conselhos, inspirar boas ideias, sustentar as coragens titubeantes, dar força aos fracos e castigar os presunçosos.
Se considerarmos o número infinito dos mundos que povoam o Universo e a quantidade incalculável de seres que os habitam, conceber-se-á o que existe ocupação para todos. Os diversos trabalhos nada têm de penoso, eles o fazem voluntariamente e não por constrangimento e, a felicidade consiste em conseguir o que empreendem. Ninguém pensa na ociosidade eterna, que seria um suplício. Quando as circunstâncias o exigem, eles se reúnem em conselhos, deliberam sobre o que devem fazer, dão ordens aos Espíritos subordinados e se dirigem em seguida para onde o dever os chama. Essas assembleias são gerais ou particulares, conforme a importância do assunto; nenhum lugar especial é destinado a essas reuniões; o espaço é o domínio dos Espíritos; entretanto elas se limitam em geral aos globos que constituem o seu objectivo.
Os Espíritos encarnados nesses mundos e que têm uma missão a cumprir assistem muitas vezes a essas assembleias. Enquanto os seus corpos repousam, vão haurir conselhos entre os outros Espíritos, muitas vezes receber ordens sobre a conduta que devem manter como homens. Ao despertar não têm, é verdade, lembrança precisa do que se passou, mas possuem a intuição que os faz agir, inconscientemente.”

DELANNE, GABRIEL in “O Espiritismo Perante a Ciência” 4ª parte, Capítulo III, O perispírito durante a desencarnação – A sua composição – A vida do Espírito

Espíritos no estado errante

“Tal é a situação geral dos Espíritos no estado que se chama errante; mas nesta situação, que fazem eles? Em que passam o tempo? Esta questão é para nós de um interesse capital. Importa-nos, com efeito, fixar-nos sobre este ponto, porque é do nosso futuro espiritual que se trata, não sendo descabidos os mais circunstanciados detalhes. Aliás, são os próprios Espíritos que respondem a estas interrogações, porque em tudo o que expusemos até então, nenhuma coisa é devida à imaginação. Extraímos do ensino de Allan Kardec todas as informações necessárias e ele próprio baseou a sua teoria nas comunicações recebidas de todas as partes do globo; ela oferece, pois, todos os caracteres da verdade. Pondo-se de parte qualquer opinião sobre o Espiritismo, convir-se-á que esta teoria da vida no além-túmulo nada tem de irracional; ela apresenta uma sequência, um encadeamento perfeitamente lógico, do qual mais de um filósofo poderia honrar-se.
Já o dissemos, seria grave erro acreditar que a vida dos Espíritos é ociosa; pelo contrário, é essencialmente activa e todos os Espíritos nos falam de suas ocupações; elas diferem, necessariamente, conforme o ser é errante ou encarnado. Na encarnação, são relativas à natureza dos globos em que eles habitam, às necessidades, que dependem do estado físico e moral desses globos, assim como da organização dos seres vivos.
Os dados da Ciência, expostos com tão luminosa clareza nas Terras do Céu, por Camille Flammarion, já nos dão ideia do que é a vida na superfície dos planetas de nosso sistema solar. O nosso fim não é recomeçar o que tão bem fez o célebre astrónomo; não falaremos senão dos Espíritos errantes.”

DELANNE, GABRIEL in “O Espiritismo Perante a Ciência” 4ª parte, Capítulo III, O perispírito durante a desencarnação – A sua composição – A vida do Espírito

O estado do Espírito varia em razão directa de sua elevação e sua pureza

“O estado do Espírito, como Espírito, varia extraordinariamente, em razão de sua elevação e de sua pureza. À medida que ele sobe intelectualmente e progride moralmente, as suas percepções e sensações se tornam menos grosseiras, adquirem mais finura, mais delicadeza; ele vê, sente e compreende as coisas que não podia ver nem sentir, nem compreender em uma condição inferior. Ora, cada existência corpórea sendo para ele motivo de progresso, o traz sempre a um meio novo, onde Espíritos de outra ordem têm pensamentos e hábitos diferentes.
Ajuntemos a isso que essa depuração permite-lhe penetrar em mundos inacessíveis aos Espíritos inferiores, como, entre nós, nos salões da aristocracia são interditos a pessoas mal educadas. Quanto menos esclarecido é ele, mais limitado lhe é o horizonte; à medida que ele se eleva e se depura, este horizonte aumenta e com ele o círculo de suas ideias e de suas percepções. A comparação seguinte pode fazer-nos compreender isso.
Suponhamos um campónio bruto e ignorante, que vem pela primeira vez a Paris; compreenderá ele o Paris do mundo elegante e do mundo sábio? Não, porque ele só frequentará os indivíduos de sua classe e os quarteirões em que eles habitam. Mas, se no intervalo de uma segunda viagem, ele se houver desembaraçado, adquirido instruções, maneiras polidas, serão outros os seus hábitos e relações. Verá ele, então, um Paris que não se parecerá em nada com o que ele conheceu outrora. Acontece o mesmo com os Espíritos; nem todos, porém, experimentam essa incerteza no mesmo grau. À medida que progridem, as ideias se desenvolvem, a memória se torna mais pronta, familiarizam-se prontamente com a posição nova, e a sua volta ao seio dos Espíritos nada mais tem que os admire; encontram-se no seu meio normal e, passado o primeiro momento de perturbação, reconhecem-se quase imediatamente.”

DELANNE, GABRIEL in “O Espiritismo Perante a Ciência” 4ª parte, Capítulo III, O perispírito durante a desencarnação – A sua composição – A vida do Espírito

segunda-feira, 14 de março de 2011

No mundo afectivo

Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos amar uns aos outros.” – João.
(I João, 4:11.)

- Reprovamos a violência e clamamos contra a violência; no entanto, na vida de relação, muito raramente nos acomodamos sem ela, quando se trate de nossos caprichos.
Muito comum, principalmente quando amamos alguém, exigirmos que esse alguém se nos condicione ao modo de ser.
- Se os entes queridos não nos compartilham gostos e opiniões, eis-nos irritadiços ou estomagados, reclamando contra a vida; todavia, a paz da alma requisita compreenção e a compreenção conhece que cada um de nós tem a sua área própria de interesse e de ideais.
- A natureza é um mostruário dos recursos polimórficos com que a Sabedoria Divina plasmou a Criação.
- Todas as flores são flores, mas o gerânio não tem as características do cravo e nem a rosa as da violeta. Todos os frutos são frutos,  mas a laranja não guarda semelhança com a pêra. Além disso, cada flor tem o seu perfume original, tanto quanto cada fruto não amadurece fora da época prevista.
Assim, também, as criaturas.
Cada pessoa respira em faixa diversa de evolução.
- Justo nos detenhamos na companhia daqueles que sentem e pensam como nós, usufruindo os valores da afinidade; entretanto, sempre que amarmos alguém que não comunga a onda de nossas idéias e emoções, abstenhamo-nos de lhe violentar a cabeça com os moldes em que se nos padroniza a vida espiritual.
Deus não dá cópias.
- Cada criatura vive em determinado plano da criação, segundo as leis do Criador.
- Amparemo-nos para que em nosso sector de acção pessoal venhamos a ser nós mesmos. Respeitemo-nos mutuamente e ajudemo-nos a ser uns para os outros o que o Supremo Senhor espera que nós sejamos – uma bênção.

EMMANUEL, Espírito in “Ceifa de Luz” – No mundo afectivo, psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

sexta-feira, 11 de março de 2011

A Reencarnação e o desvio dos valores intelecto-morais

A reencarnação é o maior investimento da vida ao Espírito em progresso evolutivo, o qual, sem ela, padeceria a hipertrofia de valores intelecto-morais, pela falta do ensejo da convivência com aqueles que se lhe vinculam pelo amor santificado, pelo amor asselvajado das paixões dissolventes, ou pelo amor enlouquecido no ódio, na violência, na perseguição…
A conjuntura carnal constitui valiosa aprendizagem para a fixação dos recursos mais elevados do bem e do progresso na escala inevitável da evolução.
Sem dúvida, o parcial olvido dos compromissos assumidos responde por algums factores do insucesso, mas, ao mesmo tempo, isto constitui a mais expressiva concessão do amor do Pai, evitando que se compliquem os fenómenos da animosidade e do ressentimento, das mágoas e das preferências exclusivistas, que tenderiam a reunir os afins nos gostos e afectos, produzindo um clima de desprezo e agressão contra aqueles que se lhes opusessem.
Como jamais retrograda o Espírito, no seu processo evolutivo, os insucessos não atingem as conquistas, que permanecem, agravando, isto sim, o programa de responsabilidades de que se desobrigará, quando falharem as provações remissoras, mediante as expiações redentoras que serão utilizadas como terapêutica final.
Todas as conquistas da inteligência – e sempre são logradas novas etapas, nesse campo, em cada reencarnação – permanecem, embora as aquisições morais, mais lentas, porém mais importantes, somente através de sacrifício e renúncia, de amor e devotamento conseguem ser alcançadas.
Com as luzes projectadas pelo Espiritismo, na actualidade, o empreendimento da reencarnação adquire hoje mais amplo entendimento pelos homens, que reconhecem a sua procedência espiritual, identificando-a e, por sua vez, preparando-se para o retorno à vida que estua e nela se encontra, inevitavelmente, seja no corpo ou fora dele.

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografado por DIVALDO PEREIRA FRANCO “REENCARNAÇÃO – DÁDIVA DE DEUS”

A Reencarnação e a Rectaguarda Espiritual

“Conseguido o êxito do renascimento, continua o intercâmbio, durante a primeira infância, com os Amigos da rectaguarda espiritual e, à medida que o corpo absorve o Espírito ou este se assenhoria daquele, vão-se apagando as lembranças mais próximas enquanto ressumam as fixações mais fortemente vivas no ser, dando nascimento às tendências e paixões que a educação e a disciplina moral devem corrigir a benefício do educando.
Nunca cessam, em momento algum, os socorros inspirativos que procedem da esfera espiritual, em contínuas tentativas pelo aproveitamento integral do valioso investimento a que o Espírito se propôs.
O retorno é feito, quase sempre, com altos índeces de fracasso, com agravamento de responsabilidades; de insucesso, em decorrência da invigilância e da indolência, dando margem à amargura e à perturbação; de perda do tentame, graças à fatuidade e aos graves comprometimentos do pretérito, de que não se consegue libertar…
Pode-se compreender a preocupação afectuosa dos Benfeitores Espirituais que acompanham os seus pupilos, à medida que estes se afastam da sua influência benéfica e se transferem espontaneamente de área vibratória, entregando-se aos envolvimentos perniciosos e destrutivos.
Instam, esses nobres cooperadores do bem, para que os seus protegidos retornem ao roteiro traçado, usando de mil recursos subtis, ou de interferências mais vigorosas, tais como as enfermidades inesperadas, a carência afectiva, de modo a despertarem do anestésico da ilusão os que se enovelaram nos fios da leviandade ou se intoxicaram pelo bafio do orgulho, do egoísmo, da cólera…
Outras vezes, recorrem a outros amigos e benfeitores, a favores da vida e a ajudas que lhes facilitem a marcha, perseverando até quando, rechaçados, ficam à distância, aguardando…”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografado por DIVALDO PEREIRA FRANCO “REENCARNAÇÃO – DÁDIVA DE DEUS”

Preliminares à Reencarnação

“Executada a etapa de avaliação das possibilidades e a aproximação com a necessária anuência dos futuros pais, são meticulosamente estudados os mapas genéticos de modo a facultarem, no corpo, a ocorrência das manifestações físicas como psíquicas, de saúde e doença, normalidade ou idiotia, lucidez e inteligência, memória e harmonia emocional, duração do cometimento corporal e predisposições para prolongamento ou antecipação da viagem de retorno, ensejando, assim, probalidades dentro do comportamento de cada aluno à aprendizagem terrena…
Fenómenos do determinismo são estabelecidos com margem a alternâncias decorrentes do uso do livre-arbítrio, de modo a permitir uma ampla faixa de movimentação com certa independência emocional em torno do destino, embora sob controles que funcionam automaticamente, em consonância com as leis do equilíbrio geral.
São travados debates entre o futuro reencarnante e os seus fiadores espirituais, com a exposição das dificuldades a enfrentar e dos problemas a vencer, nascendo e se desdobrando a euforia e a  esperança em relação ao futuro.
Em clima de prece, entre promessas de luta e coragem, sob o apoio de abnegados Instrutores, o Espírito mergulha no oceano compacto da psicosfera terrena e se vincula à célula fecundada, dando início a novo compromisso.
Os que o amam, na Espiritualidade, ficam expectantes e interessados pelos acontecimentos, preocupados pelos sucessos que se darão, e buscando interceder nas horas graves, auxiliando nos momentos mais difíceis, encorajando sempre…
A reencarnação, porém, que leva a parcial esquecimento das responsabilidades, em razão da imantação celular que se faz, é sempre cometimento de grande porte e alta gravidade…”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografado por DIVALDO PEREIRA FRANCO “REENCARNAÇÃO – DÁDIVA DE DEUS”

A Reencarnação-Escola Humana

“Sem nos desejarmos deter em pormenores dos casos especiais, referentes aos missionários do Amor e aos abnegados cultores da Ciência e da Arte, os candidatos em nível médio de evolução, antes de serem encaminhados às experiências terrenas, requerem a oportunidade, empenhando os melhores propósitos e apresentando os recursos que esperam utilizar, a fim de granjearem a bênção do recomeço, na bendita escola humana…
Examinados por hábeis e decididos programadores, que recorrem a técnicas mui especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender, com vista ao bem-estar da Humanidade, após o que são seleccionados os melhores, diminuindo, com esse expediente, a margem de insucesso. Os que não são aceites, voltam a cursos de especialização para outras actividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se malograram, bem como para a aquisição de valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo, como tendências e aptidões.
Concomitantemente, de acordo com a ficha pessoal que identifica o candidato, é feita a pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou reencontros na esfera dos sonhos, se os futuros genitores já estão no veículo físico, ou directamente, quando se trata de um plano elaborado com grande antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem, primeiro, na Erraticidade, donde partem já com a família adrede estabecida…”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografado por DIVALDO PEREIRA FRANCO “REENCARNAÇÃO – DÁDIVA DE DEUS”

A Reencarnação

“Como é compreensível, a planificação para reencarnações é quase infinita, obedecendo a critérios que decorrem das conquistas morais ou dos prejuízos ocasionais.
Na generalidade, existem estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e pelos quais a grande maioria de Espíritos retorna à carne, assinalados pelas próprias injunções evolutivas.
Ao lado desse extraordinário automatismo das leis da reencarnação, há programas e labores especializados para atender finalidades específicas, na execução de tarefas relevantes e Mentores encarregados de promover e ajudar os seus pupilos, no rumo do progresso e da redenção.”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografado por DIVALDO PEREIRA FRANCO “REENCARNAÇÃO – DÁDIVA DE DEUS”

sábado, 5 de março de 2011

O látego das necessidades da Alma

“Renascer não é mais extraordinário do que nascer; a alma volta à carne para nela submeter-se às leis da necessidade; as carências e as lutas da vida material são outros tantos incentivos que a obrigam a trabalhar, aumentam a sua energia, avigoram-lhe o carácter. Tais resultados não poderiam ser obtidos na vida livre do espaço por Espíritos juvenis, cuja vontade é vacilante. Para avançarem, tornam-se precisos o látego da necessidade e as numerosas encarnações, durante as quais a alma vai concentrar-se, recolher-se em si mesma, adquirir a elasticidade, a impulsão indispensável para descrever mais tarde a sua imensa trajetória no céu.
O fim dessas encarnações é, pois, de alguma sorte, a revelação da alma a si mesma ou, antes, a sua própria valorização pelo desenvolvimento constante das suas forças, dos seus conhecimentos, da sua consciência, da sua vontade. A alma inferior e nova não pode adquirir a consciência de si mesma senão com a condição de estar separada das outras almas, encerrada num corpo material. Ela constituirá, assim, um ser distinto, que vai afirmar a sua personalidade, aumentar a sua experiência, acentuar a sua marcha progressiva na razão directa dos esforços que fizer para triunfar das dificuldades e dos obstáculos que a vida terrestre lhe semeia debaixo dos pés.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pluralidade das existências

“Em toda parte a Natureza procede com sabedoria, método e morosidade. Numerosos séculos foram-lhe indispensáveis para fabricar a forma humana; só volvidos longos períodos de barbaria é que nasceu a Civilização. A evolução física e mental e o progresso moral são regidos por leis idênticas; não basta uma única existência para dar-lhes cumprimento. E por que havemos de ir buscar muito longe, em outros mundos, os elementos de novos progressos, quando os encontramos por toda parte em volta de nós? Desde a selvageria até a mais requintada civilização, não nos oferece o nosso planeta vasto campo ao desenvolvimento do Espírito?
Os contrastes, as oposições que aí apresentam, em todas as suas formas, o bem e o mal, o saber e a ignorância, são outros tantos exemplos e ensinamentos, outras tantas causas de emulação.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis

Reencarnações na Terra

“Certas escolas espiritualistas combatem o princípio das vidas sucessivas e ensinam que a evolução da alma depois da morte continua a efectuar-se somente no mundo invisível; outras, conquanto admitam a reencarnação, crêem que ela se realiza em esferas mais elevadas; o regresso à Terra não lhes parece ser uma necessidade.
Aos partidários dessas teorias lembraremos que a encarnação na Terra tem um objectivo e esse objectivo é o aperfeiçoamento do ser humano. Ora, dada à infinita variedade das condições da existência terrestre, quer quanto à duração, quer quanto aos resultados, é impossível admitir que todos os homens possam chegar ao mesmo grau de perfeição numa única vida. Daí, a necessidade de regressos sucessivos que permitam adquirirem-se as qualidades requeridas para ter entrada em mundos mais adiantados.
O presente tem a sua explicação no passado. Foi precisa uma série de renascimentos terrestres para que o homem conquistasse a posição que atcualmente ocupa, e não parece admissível que esse ponto de evolução seja definitivo para a nossa esfera. Os seus habitantes não estão todos em estado de transmigrar depois da morte para sociedades mais perfeitas; pelo contrário, tudo indica a imperfeição da sua natureza e a necessidade de novos trabalhos, de outras provas que lhes completem a educação e lhes dêem acesso a um grau superior na escala dos seres.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis

Conquista das forças morais

“Associarmos os nossos actos ao plano divino, agirmos de acordo com a Natureza, no sentido da harmonia e para o bem de todos, é preparar nossa elevação, nossa felicidade; agir no sentido contrário, fomentar a discórdia, incitar os apetites malsãos, trabalhar para si mesmo em menoscabo dos outros, é semear para o futuro fermentos de dor; é nos colocarmos sob o domínio de influências que retardam o nosso adiantamento e por muito tempo nos acorrentam aos mundos inferiores.
É isso o que é necessário dizer, repetir e fazer penetrar no pensamento, na consciência de todos, a fim de que o homem tenha um único alvo em mira: conquistar as forças morais, sem as quais ficará sempre na impotência de melhorar a sua condição e a da humanidade! Fazendo conhecer os efeitos da lei de responsabilidade, demonstrando que as consequências de nossos actos recaem sobre nós através dos tempos, como a pedra atirada ao ar torna a cair ao solo, pouco a pouco serão levados os homens a conformar o seu proceder com essa lei, a realizar a ordem, a justiça, a solidariedade no meio social.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis

A felicidade conforme nossos méritos

“O bem e o mal praticado constituem a única regra do destino. Sobre todas as coisas exerce influência uma lei grande e poderosa, em virtude da qual cada ser vivo do universo só pode gozar da situação correspondente a seus méritos. A nossa felicidade, apesar das aparências enganadoras, está sempre em relação directa com a nossa capacidade para o bem; e essa lei acha completa aplicação nas reencarnações da alma. É ela que fixa as condições de cada renascimento e traça as linhas principais dos nossos destinos. Por isso há maus que parecem felizes, ao passo que justos sofrem excessivamente. A hora da reparação soou para estes e em breve soará para aqueles.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis

É o homem quem forja o seu destino

“Logo, não há fatalidade. É o homem, por sua própria vontade, quem forja as próprias cadeias, é ele quem tece, fio por fio, dia a dia, do nascimento à morte, a rede de seu destino. A lei de justiça não é, em essência, senão a lei de harmonia; determina as consequências dos actos que livremente praticamos. Não pune nem recompensa, mas preside simplesmente à ordem, ao equilíbrio tanto do mundo moral quanto do mundo físico. Todo dano causado à ordem universal acarreta causas de sofrimento e uma reparação necessária, até que, mediante os cuidados do culpado, a harmonia violada seja restabelecida.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis

Espírito de Verdade

No entanto, Cristo acrescenta: «Muitas das coisas que vos digo não as podeis ainda compreender e teria muitas mais para vos dizer que não entenderíeis; é por isso que vos falo por parábolas; mas, mais tarde, enviar-vos-ei o Consolador, o Espírito da Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-las explicará todas.»
Se Cristo não disse tudo o que poderia ter dito, foi por ter acreditado que devia deixar certas verdades na sombra até os homens estarem em estado de as entender. Conforme declarou, o seu ensinamento estava portanto incompleto, dado que anunciou a vinda do que o iria completar; previa então que as suas palavras seriam erradamente interpretadas, que se desviariam dos seus  ensinamentos; resumindo, que se desfariam o que tinha feito, já que todas as coisas deviam ser restabelecidas; ora, só se restabelece o que foi desfeito.


KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 26.

Dos Costumes às Relações Sociais

“Toda a doutrina de Cristo se funda sobre o carácter que ele atribui à Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso, conseguiu fazer do amor de Deus e da caridade para o próximo a condição expressa da redenção e dizer: «Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos.» Sobre esta única crença, conseguiu estabelecer o princípio da igualdade dos homens perante Deus e da fraternidade universal. Mas era possível amar aquele Deus de Moisés? Não; só podemos temê-lo.
Esta revelação dos verdadeiros atributos da Divindade, juntamente com a da imortalidade da alma e da vida futura, modificava profundamente as relações mútuas dos homens, impunha-lhes novas obrigações, fazia com que encarassem a vida actual sob uma outra luz; devia, por isso mesmo, actuar sobre os costumes e as relações sociais. Incontestavelmnete, pelas suas consequências, este é o ponto capital da revelação de Cristo e de que não se compreendeu suficientemente a importância; é lamentável dizer que este é também o ponto de que mais nos afastámos, em que mais nos enganámos na intervenção dos seus ensinamentos.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 25.

Deus à Sua Imagem

“Sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas, o objectivo de todos os cultos, o carácter de todas as religiões está de acordo com a ideia que estas transmitem de Deus. As religiões que criam um Deus vingativo e cruel julgam honrá-lo com actos de crueldade, com fogueiras e torturas; as que criam um Deus parcial e ciumento são intolerantes; são mais ou menos meticulosas na forma, consoante o julguem mais ou menos maculado com as fraquezas e mesquinhez humanas.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 24.

Deus Amor

“A parte mais importante da revelação de Cristo, no que ela é de fonte primeira, pedra angular de toda a sua doutrina, é o ponto de vista totalmente novo sob o qual dá a aperceber a Divindade. Já não é o Deus terrível, ciumento, vingativo de Moisés, o Deus cruel e impiedoso que rega a Terra com sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio dos povos, sem exceptuar as mulheres, as crianças e os velhos, que castiga os que poupam as vítimas; já não é o Deus injusto que castiga um povo inteiro pelo erro do seu chefe, que se vinga do culpado na pessoa do inocente, que fere as crianças devido ao erro do pai; mas um Deus clemente, soberanamente justo e bom, pleno de brandura e de misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um consoante as suas obras; já não é o Deus de um só povo priviligiado, o Deus dos exércitos a presidir aos combates para sustentar a sua própria causa contra o Deus dos outros povos, mas o Pai comum do género humano, que estende a Sua protecção a todos os Seus filhos e os chama todos a Si; já não é o Deus que recompensa e castiga com os bens da Terra, que faz com que a glória e a felicidade consistam na submissão dos povos rivais e na multiplicidade da progenitura, mas que diz aos homens: «A vossa verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celeste; é aí que os de coração humilde serão elevados e os orgulhosos serão rebaixados.» Já não é o Deus que faz da vingança uma virtude e manda que se troque olho por olho, dente por dente; mas o Deus de misericórdia que diz: «Perdoai as ofensas se quereis que vos sejam perdoadas; devolvei o bem contra o mal; não façais aos outros o que não quereis que vos façam.» Já não é o Deus mesquinho e meticuloso que impõe, sob os mais rigorosos castigos, a forma como deseja Ser adorado, que Se ofende com a inobservância de uma fórmula; mas o Deus grande que considera o pensamento e não se honra com a forma. Já não é, enfim, o Deus que quer ser temido mas o Deus que quer ser amado.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 23.

Cristo

“CRISTO, retirando da lei antiga o que é eterno e divino e rejeitando o que era só transitório, puramente disciplinar e de concepção humana, acrescenta a revelação da vida futura, de que Moisés não tinha falado, a dos castigos e recompensas que esperam o homem depois da morte.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 22.

Moisés

“MOISÉS, como profeta, revelou aos homens o conhecimento de um Deus único, Senhor Supremo e Criador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai e estabeleceu os fundamentos da fé verdadeira; como homem, foi legislador do povo através do qual esta fé primitiva que, depurada, se viria um dia a espalhar por toda a Terra.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 21.