Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 22 de março de 2011

Deus desconhecido

“A história da idéia de Deus mostra-nos que ela sempre foi relativa ao grau intelectual dos povos e de seus legisladores, correspondendo aos movimentos civilizadores, à poesia dos climas, às raças, à florescência de diferentes povos; enfim, aos progressos espirituais da Humanidade. Descendo pelo curso dos tempos, assistimos sucessivamente aos desfalecimentos e tergiversações dessa idéia imperecível, que, às vezes fulgurante e outras vezes eclipsada, pode, todavia, ser identificada sempre, nos fastos da Humanidade. Notamos, então, que esta idéia relativa difere do absoluto único, sem o qual é impossível, hoje, conceber-se a personalidade divina.
Esse absoluto – importa afirmá-lo nestas últimas páginas – é absoluto mesmo e nós não o conhecemos. Ele não é o Varouna dos Árias, o Elim dos Egípcios, o Tien dos Chineses, o Ahoura-Mazda dos Persas, o Brama ou Buda dos Indianos, o Jeová dos Hebreus, o Zêus dos Gregos, o Júpiter dos Latinos, nem o que os pintores da Idade Média entronizaram na cúspide dos céus.
Nosso Deus é um Deus ainda desconhecido, qual o era para os Vedas e para os sábios do Areópago de Atenas. A noção de alguns eminentes pais da Igreja Cristã e de alguns esclarecidos teólogos modernos aproxima-se, mais que outras quaisquer, desse Deus desconhecido. Mas, como compreendê-lo, quando nenhum espírito criado, nem mesmo os anjos (se é que existem) poderiam fazê-lo?”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (5/6)

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