Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Deus Amor

“A parte mais importante da revelação de Cristo, no que ela é de fonte primeira, pedra angular de toda a sua doutrina, é o ponto de vista totalmente novo sob o qual dá a aperceber a Divindade. Já não é o Deus terrível, ciumento, vingativo de Moisés, o Deus cruel e impiedoso que rega a Terra com sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio dos povos, sem exceptuar as mulheres, as crianças e os velhos, que castiga os que poupam as vítimas; já não é o Deus injusto que castiga um povo inteiro pelo erro do seu chefe, que se vinga do culpado na pessoa do inocente, que fere as crianças devido ao erro do pai; mas um Deus clemente, soberanamente justo e bom, pleno de brandura e de misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um consoante as suas obras; já não é o Deus de um só povo priviligiado, o Deus dos exércitos a presidir aos combates para sustentar a sua própria causa contra o Deus dos outros povos, mas o Pai comum do género humano, que estende a Sua protecção a todos os Seus filhos e os chama todos a Si; já não é o Deus que recompensa e castiga com os bens da Terra, que faz com que a glória e a felicidade consistam na submissão dos povos rivais e na multiplicidade da progenitura, mas que diz aos homens: «A vossa verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celeste; é aí que os de coração humilde serão elevados e os orgulhosos serão rebaixados.» Já não é o Deus que faz da vingança uma virtude e manda que se troque olho por olho, dente por dente; mas o Deus de misericórdia que diz: «Perdoai as ofensas se quereis que vos sejam perdoadas; devolvei o bem contra o mal; não façais aos outros o que não quereis que vos façam.» Já não é o Deus mesquinho e meticuloso que impõe, sob os mais rigorosos castigos, a forma como deseja Ser adorado, que Se ofende com a inobservância de uma fórmula; mas o Deus grande que considera o pensamento e não se honra com a forma. Já não é, enfim, o Deus que quer ser temido mas o Deus que quer ser amado.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 23.

Sem comentários: