Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 31 de maio de 2011

Pensamento e Emoções

“Pensando, o Espírito estabelece o clima no qual se desenvolve e de cuja energia se nutre. Conforme fixe o pensamento, edifica ou destrói, passando de autor a vítima das próprias maquinações.
Pelas afinidades de ondas mentais e interesses emocionais, reúnem-se os seres, que elaboram o habitat no qual se demoram.
A direcção correcta e constante do pensamento esclarecido, que conhece as causas e finalidades da vida, realiza o controle das emoções, tornando os indivíduos nobres e equilibrados, que não se transtornam diante de provocações, nem se apaixonam ante as sensações, ou se descompensam enfrentando o sofrimento.
A amargura e a ansiedade não os sitiam, mesmo que, de passagem, deixem ligeiros sinais que a potente luz do amor real e da certeza da fatalidade feliz do bem faz que desapareçam.”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografia de DIVALDO PEREIRA FRANCO “PENSAMENTO E EMOÇÕES” (5 de 5)
(imagem: Danaíde, figurativo onírico de Eduardo Arguelles)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Educar as emoções

“Ao pensamento disciplinado, portanto, cabe a árdua tarefa de educar as emoções, gerando factores de saúde, que contribuem para a harmonia interior, dando margem ao surgimento de fenómenos de paz e confiança.
A ansiedade, responsável pela instabilidade comportamental e pelo humor, cede lugar, quando a fé comanda a onda mental que se dirige a Deus e se afina com as vibrações-resposta do Pensamento Divino.
Outro valioso auxiliar para a empresa, é a meditação que aprofunda os interesses e as aspirações nas realidades metafísicas, eliminando, a pouco e pouco, as impressões mais fortes das sensações primitivas, que normalmente se sobrepõem às emoções, desarticulando-as.”


MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografia de DIVALDO PEREIRA FRANCO “PENSAMENTO E EMOÇÕES” (4 de 5)

Substituir os interesses negativos

“Ninguém pode bloquear as emoções ou viver sem elas.
Intentar ignorá-las ou pretender esmagá-las é empreendimento inócuo, senão negativo.
Toda emoção ou desejo recalcado reaparece com maior vigor, em momentos imprevistos.
Substituir os interesses negativos e viciosos, por outros de carácter mais gratificante quão duradouro, é o primeiro passo, nessa luta de renovação moral e educação emocional.
Porque o pensamento actua no fluido que a tudo envolve, pelo seu teor vibratório produz natural sintonia com as diversas faixas nas quais se movimentam os Espíritos, na esfera física ou na Erraticidade, estabelecendo vínculos que se estreitam em razão da intensidade mantida.
Essa energia fluídica, recebendo a vibração mental, assimila o seu conteúdo emocional e transforma-se, de acordo com as moléculas absorvidas, criando uma psicosfera sadia ou enfermiça em volta daquele que a emite e passa a aspirá-la, experimentando o seu efeito conforme a qualidade de que se constitui.
Quando o episódio é de largo trato e o teor é pernicioso, culmina por afectar a organização física ou psíquica do agente desencadeador, dando acesso a processos viróticos, psicopatológicos, degenerativos em geral, obsessivos…
A tudo envolvendo, essa força é neutra em si mesma; todavia, maleável e receptiva, altera a sua constituição de acordo com os elementos mentais que a interpenetram.”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografia de DIVALDO PEREIRA FRANCO “PENSAMENTO E EMOÇÕES” (3 de 5)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O pensamento pode equilibrar-nos as emoções nas tarefas superiores

“Assim também as emoções, que têm finalidade superior, no campo da vida; quando não se submetem à disciplina, exigem carga dupla da energia na qual se sustentam, culminando por destruir a sua fonte geradora.
O pensamento, porém, é o agente que as pode conduzir com a proficiência desejada, orientando-as com equilíbrio, a fim de que o rendimento seja positivo, capitalizando valores que merecem armazenados no processo iluminativo para a execução das tarefas nobres.
Esse esforço propicia autoconfiança, harmonia íntima, gerando bem-estar pessoal, que extrapola a área da individualidade e se irradia beneficiando em derredor.”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografia de DIVALDO PEREIRA FRANCO “PENSAMENTO E EMOÇÕES” (2 de 5)

As emoções; vela que ilumina, ou, se apaga…

“As emoções constituem capítulo da vida humana, que prossegue merecendo acuradas reflexões, de modo a canalizá-las com a segurança e eficiência indispensáveis aos resultados salutares para os quais se encontram na organização fisiopsíquica de cada criatura.
Reflectindo o estado espiritual em que transitam os homens, invariavelmente manifestam-se em desgoverno, levando a paroxismos e desajustes de demorada regularização.
Dirigindo o comportamento, fazem que se transite de uma para a outra com sofreguidão, em ânsia contínua, que termina por exaurir aquele que se lhes submetem sem o controle necessário.
Estimulando o egoísmo, impõem a satisfação pessoal sob os altos custos da inquietação e da insegurança íntima, em face dos novos desejos de gozos insaciáveis, que terminam por constituir característica predominante da conduta individual.
Essa busca irrefreável do prazer, que se torna dependência viciosa, fomenta gozos que depois, invariavelmente, se convertem em dores.
Entre as mais desgastantes, assume preponderância a ansiedade, que parece imprescindível à vida, qual ocorre com o sal para o paladar de inúmeros alimentos.
Pessoas há que não passam sem os condicionamentos das emoções, vivificando a ansiedade que as consome em flamas de angústia.
Mal terminam de lograr a meta perseguida e já se encontram, sôfregas, em batalhas por novas conquistas, transferindo-se de uma realização para novo desejo, com verdadeira volúpia incontrolada.
As emoções alimentam-se naqueles que as agasalham e se lhes adaptam aos impositivos caprichosos.
Comparemo-las a uma vela cuja finalidade é iluminar. Para o mister, ela gasta combustível, como é fenómeno natural. Preservada para os fins, oferece luz por período largo; no entanto, deixada na direcção do ar canalizado, apressa o próprio consumo, e, acesa nas duas extremidades, mais rapidamente se acaba.”

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA, ESPÍRITO in “Temas da Vida e da Morte” psicografia de DIVALDO PEREIRA FRANCO “PENSAMENTO E EMOÇÕES” (1 de 5)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A riqueza real

Porque o meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades…” – Paulo
(Filipenses, 4:19.)

- Cada criatura transporta em si mesma os valores que amealha na vida.
- Os sábios, por onde transitam, conduzem no espírito os tesouros do conhecimento.
- Os bons, onde estiverem, guardam na própria alma a riqueza da alegria.
- Os homens de boa vontade carreiam consigo os talentos da simpatia.
- As pessoas sinceras ocultam na própria personalidade a beleza espiritual.
- Os filhos da boa-fé cultivam as flores da esperança.
- Os companheiros da coragem irradiam de si mesmos a energia do bom ânimo.
- As almas resignadas e valorosas se enriquecem com os dons da experiência.
- Os obreiros da caridade são intérpretes da Vida Superior.
- A riqueza real é atributo da alma eterna e permanece incorruptível naquele que a conquistou.
- Por isso mesmo reconhecemos que o ouro, a fama, o poder e a autoridade entre os homens são meras expressões de destaque efémero, valendo por instrumentos de serviço da alma, no estágio das reencarnações.
- Desassisado será sempre aquele que indisciplinadamente disputa as aflições da posse material, esquecendo que há mil caminhos sem sombras para buscarmos, com o próprio coração e com as próprias mãos, a felicidade imperecível.
- A responsabilidade deve ser recebida, não provocada.
- Muitos ricos da fortuna aparente da Terra funcionaram na posição de verdugos de Cristo, sentenciado à morte entre malfeitores, entretanto, o Divino Mestre, com as simples e duras traves da Cruz, produziu, usando o amor e a humildade, o tesouro crescente da vida espiritual para os povos do mundo inteiro.

EMMANUEL, Espírito in “Ceifa de Luz” – A riqueza real, psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quanto à escolha do sexo, pelo Espírito

“Quanto à escolha do sexo, é também a alma que, de antemão, resolve. Pode até variá-lo de uma encarnação para outra por um acto da sua vontade criadora, modificando as condições orgânicas do perispírito. Certos pensadores admitem que a alternação dos sexos seja necessária para adquirir virtudes mais especiais, dizem eles, a cada uma das metades do gênero humano; por exemplo, no homem, à vontade, a firmeza, a coragem; na mulher, a ternura, a paciência, a pureza.
Cremos, de acordo com os nossos Guias, que a mudança de sexo, sempre possível para o Espírito, é, em princípio, inútil e perigosa. Os Espíritos elevados reprovam-na. É fácil reconhecer, à primeira vista, em volta de nós, as pessoas que numa existência precedente adoptaram sexo diferente; são sempre, sob algum ponto de vista, anormais. As viragos, de carácter e gostos varonis, algumas das quais apresentam ainda vestígio dos atributos do outro sexo, por exemplo, barba no mento, são, evidentemente, homens reencarnados. Elas nada têm de estético e sedutor; sucede o mesmo com os homens efeminados, que têm todos os característicos das filhas de Eva e acham-se como que transviados na vida. Quando um Espírito se afez a um sexo, é mau para ele sair do que se tornou a sua natureza.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis, (7/7)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Na hora das resoluções supremas

“Na hora das resoluções supremas, antes de tornar a descer à carne, o Espírito percebe, atinge o sentido geral da vida que vai começar, ela lhe aparece nas suas linhas principais, nos seus factos culminantes, modificáveis sempre, entretanto, por sua acção pessoal e pelo uso do seu livre-arbítrio; porque a alma é senhora dos seus actos; mas, desde que ela se decidiu, desde que o laço se dá e a incorporação se debuxa, tudo se apaga, esvai-se tudo. A existência vai desenrolar-se com todas as suas consequências previstas, aceitas, desejadas, sem que nenhuma intuição do futuro subsista na consciência normal do ser encarnado. O esquecimento é necessário durante a vida material. O conhecimento antecipado dos males ou das catástrofes que nos esperam paralisariam os nossos esforços, sustariam a nossa marcha para a frente.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis, (6/7)

Quão difícil é a escolha do Espírito

“Sucede o mesmo com a adopção de uma classe social, com as condições de ambiente e educação, com os privilégios da fortuna ou da saúde, com as misérias da pobreza. Todas essas causas tão variadas, tão complexas, vão combinar-se para assegurar ao novo encarnado as satisfações, as vantagens ou as provações que convêm ao seu grau de evolução, aos seus méritos ou às suas faltas e às dívidas contraídas por ele.
Dito isso, compreender-se-á quão difícil é a escolha. Por isso, na maioria das vezes ela nos é inspirada pelas Inteligências directoras, ou, então, em proveito nosso, hão de elas próprias fazê-lo, se não possuirmos o discernimento necessário para adoptar com toda a sabedoria e previdência os meios mais eficazes para ativarem a nossa evolução e expurgarem o nosso passado.
Todavia, o interessado tem sempre a liberdade de aceitar ou procrastinar a hora das reparações inelutáveis. No momento de se ligar a um gérmen humano, quando a alma possui ainda toda a sua lucidez, o seu Guia desenrola diante dela o panorama da existência que a espera; mostra-lhe os obstáculos e os males de que será eriçada, faz-lhe compreender a utilidade desses obstáculos e desses males para desenvolver-lhe as virtudes ou libertá-la dos seus vícios. Se a prova lhe parecer demasiado rude, se não se sentir suficientemente armado para afrontá-la, é lícito ao Espírito diferir-lhe a data e procurar uma vida transitória que lhe aumente as forças morais e a vontade.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis, (5/7)

O Espírito escolhe o meio onde vai renascer

“Antes de novamente entrar em contacto com a matéria e começar nova carreira, o Espírito tem, dissemos, de escolher o meio onde vai renascer para a vida terrestre; mas essa escolha é limitada, circunscrita, determinada por causas múltiplas. Os antecedentes do ser, suas dívidas morais, suas afeições, seus méritos e deméritos, o papel que está apto para desempenhar, todos esses elementos intervêm na orientação da vida em preparo; daí a preferência por uma raça, tal nação, tal família. As almas terrestres que havemos amado atraem-nos; os laços do passado reatam-se em filiações, alianças, amizades novas. Os próprios lugares exercem sobre nós a sua misteriosa sedução e é raro que o destino não nos reconduza muitas vezes às regiões onde já vivemos, amamos, sofremos. Os ódios são forças também que nos aproximam dos nossos inimigos de outrora para apagarmos, com melhores relações, inimizades antigas. Assim, tornamos a encontrar em nosso caminho a maior parte daqueles que constituíram nossa alegria ou fizeram nossos tormentos.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis, (4/7)

A incorporação da alma

“A incorporação da alma não é, pois, subitânea, como o afirmam certas doutrinas; é gradual e só se completa e se torna definitiva à saída da vida uterina. Nesse momento, a matéria encerra completamente o Espírito, que deverá vivificá-la pela acção das faculdades adquiridas. Longo será o período de desenvolvimento durante o qual a alma se ocupará em pôr à sua feição o novo invólucro, em acomodá-lo às suas necessidades, em fazer dele um instrumento capaz de manifestar-lhe as potências íntimas; mas, nessa obra, será coadjuvada por um Espírito preposto à sua guarda, que cuida dela, a inspira e guia em todo o percurso da sua peregrinação terrestre. Todas as noites, durante o sono, muitas vezes até de dia, o Espírito, no período infantil, desprende-se da forma carnal, volve ao espaço, a haurir forças e alentos para, em seguida, tornar a descer ao invólucro e prosseguir o penoso curso da existência.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis, (3/7)

O perispírito, durante o período de gestação

“O perispírito, durante o período de gestação, impregna-se de fluido vital e materializa-se o bastante para tornar-se o regulador da energia e o suporte dos elementos fornecidos pelos genitores; constitui, assim, uma espécie de esboço, de rede fluídica permanente, através da qual passará a corrente de matéria que destrói e reconstitui sem cessar, durante a vida, o organismo terrestre; será a armação invisível que sustenta interiormente a estátua humana. Graças a ele, a individualidade e a memória conservar-se-ão no plano físico, apesar das vicissitudes da parte mutável e móvel do ser, e assegurarão, do mesmo modo, a lembrança dos factos da existência presente, recordações cujo encadeamento, do berço à cova, fornece-nos a certeza íntima da nossa identidade.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis, (2/7)

O papel do duplo fluídico

“O papel do duplo fluídico é considerável; explica, desde o nascimento até a morte, todos os fenómenos vitais. Possuindo em si os vestígios indeléveis de todos os estados do ser, desde a sua origem, comunica-lhe a impressão, as linhas essenciais ao gérmen material. Eis aí a chave dos fenómenos embriogénicos.”

DENIS, LÉON in “O Problema do ser, do destino e da dor” Segunda Parte/O Problema do Destino, XIII – As vidas sucessivas. A reencarnação e suas Leis, (1/7)

Doentes em casa

E a paz de Deus domine em vossos corações para a qual também fostes chamados em um corpo, e sede agradecidos.” – Paulo
(Colossenses, 3:15.)

- Se abordasses agora o Plano Espiritual, para lá da morte física, e aí encontrasses criaturas queridas em dificuldade, que farias?
- Aqui, talvez surpreendesses um coração paterno em frustração, mais além abraçarias um companheiro ou um associado, um filho ou um irmão, carregando o resultado infeliz de certas acções vividas na Terra…
- Que comportamento adoptarias se as Leis Divinas te outurgassem livre passaporte para as Esferas Superiores, facultando-te, porém, a possibilidade de permanecer com os seres inesquecíveis, em tarefas de amor?
Decerto, estarias a decidir-te pela opção insopitável. Não desejarias compartilhar os Céus com a dor de haver abandonado corações inolvidáveis à sombra transitória a que se empenharam com os próprios erros.
Reconhecê-los por doentes reclamando protecção. Demorar-te-ias junto deles, na prestação do auxílio necessário.
- Referimo-nos à imagem para considerar que os parentes enfermos ou difíceis são criaturas, às quais, antes do berço em que te refizeste no Plano Físico, prometeste amparo e dedicação.
Nascem no grupo familiar, realmente convidados por ti mesmo ao teu convívio, para que possas assisti-los no devido refazimento.
- Entendemos no assunto que existem casos para os quais a segregação hospitalar demorada e distante é a medida que não se pode evitar, mas se tens contigo alguém a quem ames, a erguer-se por teste permanente de compreensão e paciência, no instituto doméstico, não afastes esse alguém do clima afectivo em que te encontres, sob o pretexto de asserenar a família ou beneficiá-la.
- Guarda em tua própria casa, tento quanto puderes, os parentes portadores de provações e não lhes decretes o exílio, ainda mesmo a preço de ouro. Apoia-os, qual se mostrem, com as necessidades e lutas que lhes marcaram a existência, na certeza de que todos eles são tesouros de Deus, em tarefas sob a tua responsabilidade, ante a assistência e a supervisão dos Mensageiros de Deus.

EMMANUEL, Espírito in “Ceifa de Luz” – Doentes em casa, psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Virtude, saber, pecado ou vício originais

“Sem a pré-existência da alma, a doutrina do pecado original não seria só irreconciliável com a justiça de Deus, que tornaria todos os homens responsáveis pelo erro de um único: seria um contra-senso, tanto mais injustificável quanto, segundo esta doutrina, a alma não existiria na época a que se pretende remontar a sua responsabilidade. Com a pré-existência, o homem traz ao renascer o germe das suas imperfeições, dos defeitos que não corrigiu e que se traduzem nos seus instintos inatos, nas suas propensões para tal ou tal vício. Reside aí o verdadeiro pecado original de que sofre muito naturalmente as consequências, mas com a diferença capital de que sofre o castigo dos seus próprios pecados e não o de um pecado de outro. E há outra diferença, simultaneamente consoladora, encorajadora e soberanamente equitativa: a de que cada existência lhe oferece os meios para se redimir através da reparação e para evoluir, quer despojando-se de alguma imperfeição, quer adquirindo novos conhecimentos, e isto até que, ao estar suficientemente purificado, deixe de necessitar da vida corporal e possa viver exclusivamente da vida espiritual, eterna e bem-aventurada.
Pelo mesmo motivo, o que evoluiu moralmente traz, ao renascer, qualidades inatas, tal como o que evoluiu intelectualmente traz ideias inatas; identifica-se com o bem, pratica-o sem esforço, sem cálculo, por assim dizer, sem pensar. O que é obrigado a combater as suas más tendências ainda a lutar: o primeiro já venceu, o segundo vai a caminho de vencer. Existe, portanto, virtude original tal como há saber original e pecado ou, melhor, vício original.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 38.

O aperfeiçoamento moral

“Retirai ao homem o espírito livre, independente, sobrevivendo à matéria, e fareis dele uma máquina, sem objectivo, sem responsabilidade, sem outro travão para além da lei civil e boa para ser explorada como animal inteligente. Nada esperando depois da morte, nada o impede de aumentar os prazeres do presente; se sofre, só tem como perspectiva o desespero e o nada como refúgio. Tendo a certeza do futuro, a de reencontrar os que amou, o receio de rever os que ofendeu, todas as suas ideias se modificam. Se o Espiritismo não tivesse feito mais do que retirar ao homem a dúvida quanto à vida futura, teria contribuído para o seu aperfeiçoamento moral mais que todas as leis disciplinares que por vezes o peiam mas não o modificam.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 37.

Dos princípios da natureza e da liberdade

“Com a reencarnação caem todos os preconceitos de raças e de castas, uma vez que o mesmo Espírito pode renascer rico ou pobre, fidalgo ou proletário, patrão ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravatura, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, não existe nenhum que supere em lógica o facto material da reencarnação. Portanto, se a reencarnação funda sobre uma lei da natureza o princípio da fraternidade universal, funda sobre a mesma lei o da igualdade de direitos sociais e, por consequência, o da liberdade.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 36.

Com a doutrina da criação da alma

“Com a doutrina da criação da alma, a cada nascimento, voltamos a cair na teoria das criações privilegiadas, os homens são estranhos uns aos outros, nada os une, os laços de família são puramente carnais: não são de maneira nenhuma solidários com um passado onde não existiam; com a ideia do nada depois da morte, toda a relação cessa com a vida; não são solidários com o futuro; Com a reencarnação, são solidários com o passado e com o futuro; perpetuando-se as suas relações no mundo espiritual e no mundo corporal, a fraternidade tem por base as próprias bases da natureza; o bem tem uma finalidade e o mal as suas consequências inevitáveis.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 35.

A pluralidade das existências

“A pluralidade das existências, de que Cristo enunciou o princípio no Evangelho mas sem o definir mais que muitos outros, é uma das leis mais importantes reveladas pelo Espiritismo, no sentido em que demonstra a realidade e a sua necessidade para a evolução. Por esta lei, o homem explica todas as anomalias aparentes que a vida humana apresenta; as diferenças de posição social, os mortos prematuros que, sem a reencarnação, tornariam inúteis para as almas as vidas abreviadas; a desigualdade das aptidões intelectuais e morais, pela antiguidade do Espírito que aprendeu mais ou menos e progrediu e que traz ao renascer o saber adquirido nas suas existências anteriores.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 34.

Estende a mão ao náufrago

“Se a razão afasta, como incompatível com a bondade de Deus, a ideia dos castigos irremissíveis, perpétuos e absolutos, muitas vezes infligidos devido a um só erro, suplícios do inferno que não podem suavizar o arrependimento mais ardente e mais sincero, ela inclina-se perante esta justiça distributiva e imparcial, que toma tudo em consideração, que nunca fecha a porta ao regresso e que estende constantemente a mão ao náufrago, em vez de o empurrar para o abismo.”

KARDEC, ALLAN in “A GÉNESE” Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo I “Natureza e Revelação Espírita” 33.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A perda irremediável

“Portanto, vede como andais…”
- Paulo
(Efésios, 5:15.)

- Aprende a ver com Cristo as dificuldades e as dores que te rodeiam, a fim de não empobreceres o próprio coração à frente dos tesouros com que o Senhor nos enriquece a vida.
- Muitas vezes, a calúnia que te persegue é a força que te renova a resistência para a vitória no bem e, quase sempre, a provação que te sitia no cárcere do infortúnio é apenas o aprendizado benéfico a soerguer-te das trevas para a luz.
Em muitas ocasiões, a mão que nega alimento transforma-se em apelo ao trabalho santificante através do qual encontrarás o pão abençoado pelo suor do próprio rosto e, por vezes numerosas, o obstáculo que te visita, impiedoso, é simples medida da esperança e da fé, concitando-te a superar as próprias fraquezas.
- O ouro, na maioria dos casos, é pesada cruz de aflição nos ombros daqueles que o amealham e a evidência no mundo, frequentemente, não passa de ergástulo em que a alma padece angustiosa solidão.
- Descerra a própria alma à riqueza divina, esparsa em todos os ângulos do campo em que se te desdobra a existência e incorporemo-la aos nossos sentimentos e ideias, palavras e acções, para que todos os que nos percorrem a senda se sintam ricos de paz e confiança, trabalho e alegria.
- Lembra-te de que a morte, por meirinho celeste, tomará contas a cada um.
- Recorda que os mordomos da fortuna material, tanto quanto as vítimas da carência de recursos terrestres, sábios e ignorantes, sãos e doentes, felizes e infelizes comparecerão ao acerto com a justiça indefectível, e guarda contigo a certeza de que a única flagelação irremediável é aquela do tempo inútil, oportunidades e valores, lições e talentos voltam, de algum modo, às nossas mãos, através das reencarnações incessantes, mas a hora perdida é um dom de Deus que não mais voltará.

EMMANUEL, Espírito in “Ceifa de Luz” – A perda irremediável, psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Deus e as escolas filosóficas

“É já de si, como vemos, uma teoria alambicada. A que goza agora de maior conceito, para uma certa categoria de espíritos convencidos de sua superioridade, é, porém, a que reverencia com a maior polidez o Deus vulgar, pessoal e humano, que venera os grandes princípios da Moral, da Filosofia e da Estética, declarando, todavia, que Deus, tal como o Bem, o Belo, a Verdade, ainda não existem, mas “estão à bica”. Kant, na Crítica da Razão Pura, demonstrou que o homem está invencivelmente disposto a supor reais os objectos de sua crença, sendo estes embora puramente subjectivos. Hegel retomou a grande máxima do velho Protágoras, que diz ser o homem a medida de todas as coisas, e ensinou que o indivíduo tende a erigir-se em princípio absoluto, reportando tudo a si, mostrando aos clarividentes Germanos, de olhar prevenido nesse sentido, a idéia a desenvolver-se no Universo. A escola a que nos referimos, actualmente representada por Vacherot, Renan, Taine, Scherer e talvez Saint-Beuve, ensina o desenvolvimento da idéia na Natureza, o futuro universal. O Universo caminha para a perfeição, à revelia de qualquer direcção inteligente. Deus é um filósofo sem sabedoria, inferior mesmo ao herói de Sedan, visto que não se conhece a si mesmo e não tem existência pessoal. É simplesmente Divino; portanto, uma qualidade e não um ser. Nem há uma verdade absoluta, mas nuances e metamorfoses. O pensador que contempla esse vago progresso é o mais ditoso e o mais santo dos homens. O Sr. Caro definiu bem esta religião, dizendo-a a alucinação do Divino ou o quietismo científico. A Ciência, porém, não admite semelhante quietismo, nem uma tal alucinação. É uma hipótese que se desvanece diante da crítica severa. Já evidenciamos: a tendência geral e progressiva do átomo para a mónada animada e desta para o homem, não se pode explicar sem a existência de um pensamento director e, em todos os casos, bem mais difícil de aceitar que o do próprio Deus.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (5/5)

Procurando Deus

“Se, ao invés de tomar por objecto de estudo Deus na Natureza, preferíssemos aqui apresentar Deus segundo os homens, competiria discutir, agora, a idéia que os filósofos contemporâneos formularam, a respeito do Ente supremo. E seria, na verdade, um exame digno do maior interesse. Mas os limites sempre crescentes desta obra nos forçam a restringir a argumentação ao seu objectivo precípuo. Nosso dever, portanto, é aqui juntar simplesmente o esboço das figuras em que se fixaram os nossos pensadores, para representar a personificação divina.
A opinião que proclama a identidade substancial de Deus com o mundo, e que recentemente tem tido uma revivescência favorável, não passa de panteísmo absoluto, na sua forma simples e íntegra. Quaisquer que sejam as palavras com que o expressem, um espírito judicioso jamais se iludiria. Se Deus e o mundo não são mais que um mesmo e único ser, Deus não existe.
Outra concepção baseada na precedente, porém, elevada a um grau de extrema subtileza, é a do Deus-ideal, a afirmar que Deus e o mundo são substancial, mas não logicamente idênticos. Deus seria, assim, a idéia do mundo, para que o mundo fosse a reali-dade de Deus. “Esse Deus que um filósofo nos inculca relegado em seu trono, em plenitude de eternidade silenciosa e vazia, não tem outra realidade que não a idéia, nem trono outro além do Espírito.” Deus, aí, separa-se do mundo, mediante uma operação intelectual do homem.
É um ideal criado pela lógica. Pensando em Deus, criamo-lo. Não existisse o homem e Deus tampouco existiria.
Assim, com esta hipótese, o Deus real, idêntico ao mundo, não é Deus e o Deus ideal, distinto do mundo, em realidade não existe.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (4/5)

Um ateísmo ontológico

“A doutrina aqui professada pode considerar-se um ateísmo ontológico, o esforço do homem para conhecer o Ente absoluto. É uma forma necessária, imposta pelo teísmo racional. O argumento extraído da Teologia prova um Deus universal, autor de todas as coisas, e o argumento da Ontologia prova a infinidade de Deus. Não podemos admitir um sem outro, quaisquer que sejam as dificuldades para conciliar as respectivas conclusões. Essas dificuldades decorrem da grandeza do assunto e, ainda que não podendo ir além do alcance da nossa vista, não é razão para fechar os olhos ao que se torna evidente. Trocando o vocábulo panteísmo por teísmo, confessamos, com um pastor anglicano , que o “teísmo” é, por toda parte, reconhecido como teologia da razão, razão que poderá ser impotente, mas, em definitiva, é a única que possuímos.
O teísmo é a filosofia da religião, de todas as religiões, é o alvo da verdade. Preciso se nos faz pensar, ou deixar de pensar e raciocinar acerca de todos os problemas da criação. Podem as criaturas deter-se no símbolo; Igrejas e seitas podem lutar e tolher a meio caminho as consciências, apelando para Escrituras ou tentando fixar limites ao pensamento religioso, mas Deus, esse, não os tem fixado.
A razão humana, todavia, incoercível e inevitável no seu progredir, como no seu divino amor à liberdade, quebra todas as cadeias e vence todos os entraves.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (3/5)

Mistério impenetrável

“Não é preciso mergulhar no labirinto do desconhecido para chegarmos à certeza da existência de Deus. Em o fazer, talvez houvesse mesmo algum perigo, se se obstinassem a viver nas sombras de um mistério impenetrável. Certo, é já dificílimo inferir do Ser supremo a noção científica que aqui deixamos entrever. Os próprios espíritos mais ponderados experimentam áridos obstáculos para assim penetrar no desconhecido pelo conhecido, no invisível pelo visível, na lei pensada pela lei manifestada, na força original pela força sensível. E nós estamos tão intimamente convencidos do trabalho necessário ao intelecto humano para chegar à noção filosófica do Deus da Natureza, que nos abstivemos de profundar mais a sua concepção, temendo que uma forçada contensão de espírito pudesse empanar a própria idéia. Concepção só acessível, portanto, às almas que compreendem a importância e o interesse desses problemas, sonhando, nas horas de solitude, com a revolução de Deus pela ciência da Natureza e descendo ou elevando-se (em Astronomia é a mesma coisa) através do velário das aparências corpóreas, até à causa virtual que tudo movimenta em plano de ordem e harmonia, tudo dispondo consoante seu peso e medida.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (2/5)

Deus, incognoscível e incompreensível

“A ordem universal reinante na Natureza, a inteligência revelada na construção dos seres, a sabedoria espalhada em todo o conjunto, qual uma aurora luminosa e, sobretudo, a universidade do plano geral regida pela harmoniosa lei da perfectibilidade constante, apresenta-nos, já agora, a omnipotência divina como sustentáculo invisível da Natureza, lei organizadora, força essencial, da qual derivam todas as forças físicas, como outras tantas manifestações particulares suas.
Podemos, assim, encarar Deus como um pensamento imanente, residente inatacável na essência mesma das coisas, sustentando e organizando, ele mesmo, as mais humildes criaturas, tanto quanto os mais vastos sistemas solares, de vez que as leis da Natureza não mais seriam concebíveis fora desse pensamento; antes, são dele eterna expressão.
Esta convicção, adquirimo-la no exame e análise dos fenómenos da Natureza. Para nós, Deus não está fora do mundo, nem a sua personalidade se confunde na ordem física das coisas. Ele é o pensamento incognoscível, do qual as leis directivas do mundo representam uma forma de actividade.
Tentar a definição desse pensamento e explicar o seu processo operatório, pretender discutir seus atributos ou procurar os seus caracteres, resolver o abismo infinito na esperança de poder satisfazer nossa avidez de conhecimento, seria, ao nosso ver, empresa não apenas insensata, mas até ridícula. Um tal ensaio demonstraria que o seu autor não compreendera a distinção essencial que separa o infinito do finito. Entre estes dois termos há uma distância que ponte alguma poderia cobrir. Deus é, por sua natureza mesma, incognoscível e incompreensível para nós.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (1/5)