“A ordem universal reinante na Natureza, a inteligência revelada na construção dos seres, a sabedoria espalhada em todo o conjunto, qual uma aurora luminosa e, sobretudo, a universidade do plano geral regida pela harmoniosa lei da perfectibilidade constante, apresenta-nos, já agora, a omnipotência divina como sustentáculo invisível da Natureza, lei organizadora, força essencial, da qual derivam todas as forças físicas, como outras tantas manifestações particulares suas.
Podemos, assim, encarar Deus como um pensamento imanente, residente inatacável na essência mesma das coisas, sustentando e organizando, ele mesmo, as mais humildes criaturas, tanto quanto os mais vastos sistemas solares, de vez que as leis da Natureza não mais seriam concebíveis fora desse pensamento; antes, são dele eterna expressão.
Esta convicção, adquirimo-la no exame e análise dos fenómenos da Natureza. Para nós, Deus não está fora do mundo, nem a sua personalidade se confunde na ordem física das coisas. Ele é o pensamento incognoscível, do qual as leis directivas do mundo representam uma forma de actividade.
Tentar a definição desse pensamento e explicar o seu processo operatório, pretender discutir seus atributos ou procurar os seus caracteres, resolver o abismo infinito na esperança de poder satisfazer nossa avidez de conhecimento, seria, ao nosso ver, empresa não apenas insensata, mas até ridícula. Um tal ensaio demonstraria que o seu autor não compreendera a distinção essencial que separa o infinito do finito. Entre estes dois termos há uma distância que ponte alguma poderia cobrir. Deus é, por sua natureza mesma, incognoscível e incompreensível para nós.”
FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (1/5)
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