Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Mistério impenetrável

“Não é preciso mergulhar no labirinto do desconhecido para chegarmos à certeza da existência de Deus. Em o fazer, talvez houvesse mesmo algum perigo, se se obstinassem a viver nas sombras de um mistério impenetrável. Certo, é já dificílimo inferir do Ser supremo a noção científica que aqui deixamos entrever. Os próprios espíritos mais ponderados experimentam áridos obstáculos para assim penetrar no desconhecido pelo conhecido, no invisível pelo visível, na lei pensada pela lei manifestada, na força original pela força sensível. E nós estamos tão intimamente convencidos do trabalho necessário ao intelecto humano para chegar à noção filosófica do Deus da Natureza, que nos abstivemos de profundar mais a sua concepção, temendo que uma forçada contensão de espírito pudesse empanar a própria idéia. Concepção só acessível, portanto, às almas que compreendem a importância e o interesse desses problemas, sonhando, nas horas de solitude, com a revolução de Deus pela ciência da Natureza e descendo ou elevando-se (em Astronomia é a mesma coisa) através do velário das aparências corpóreas, até à causa virtual que tudo movimenta em plano de ordem e harmonia, tudo dispondo consoante seu peso e medida.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS, (2/5)

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