Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

| o grande enigma ~


Ao Leitor

A Justiça! 
Se há neste mundo uma necessidade imperiosa para todos os que sofrem, para quantos têm a alma dilacerada, não é essa a de crer, de saber que a justiça não é uma palavra vazia; que há, de qualquer maneira, compensações para todas as dores, sanção para todos os deveres, consolação para todos os males?

Ora, essa justiça absoluta, soberana, quaisquer que sejam nossas opiniões políticas e nossas vistas sociais, deve reconhecer perfeitamente, não é de nosso mundo. As instituições humanas não a comportam.

Embora chegássemos a corrigir, a melhorar essas instituições e, por conseguinte, a atenuar muitos males, a diminuir a soma das desigualdades e das misérias humanas, há causas de aflição, enfermidades cruéis e inatas contra as quais seremos sempre impotentes: a perda da saúde, da vista, da razão, a separação dos seres amados e todo o imenso séquito dos sofrimentos morais, tanto mais vivos quanto o homem é mais sensível e a civilização mais apurada.

Apesar de todos os melhoramentos sociais, nunca obteremos que o bem e o mal encontrem neste mundo integral sanção. Se existe essa justiça absoluta, o seu tribunal não pode estar senão no Além! Mas quem nos provará que esse Além não é um mito, uma ilusão, uma quimera? As religiões, as filosofias passaram; elas desdobraram sobre a Alma humana o manto rico de suas concepções e de suas esperanças. Entretanto, a dúvida subsistiu no fundo das consciências. Uma crítica minuciosa e sábia tem passado em estreito crivo todas as teorias de outrora. E desse conjunto maravilhoso só resultaram ruínas.

Mas, em todos os pontos do globo, fenómenos psíquicos se produziram. Variados, contínuos, inumeráveis, traziam a prova da existência de um mundo espiritual, invisível, regido por princípios rigorosos, tão imutáveis quanto os da matéria, mundo que guarda nas suas profundezas o segredo de nossas origens e de nossos destinos. Uma nova ciência nasceu baseada nas experiências, nas pesquisas e nos testemunhos de sábios eminentes; uma comunicação se estabelecera com esse mundo invisível que nos cerca e uma revelação poderosa banha a Humanidade qual uma onda pura e regeneradora.
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Léon Denis, O Grande Enigma, Ao Leitor 2 de 3.
(imagem: Salvador Dali, 1950)

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