Quinta lição , de O Esteta
– Projecção de quadros e formas esculturais no espaço
|10 de Janeiro de 1922|
“Em nossas últimas lições falamos dos diferentes graus de
inspiração capazes de se exteriorizar e de formar pinturas, imagens espirituais
tornadas concretas para os seres que habitam o vosso mundo, e sobre os diversos
pontos do espaço celeste.
Com as lições preliminares tendo mostrado a ginástica
cerebral que se realiza em cada ser organizado, de forma consciente ou
inconsciente, vamos rever qual é o fenómeno que, na volta ao espaço, faz mover,
por reflexo, esses mesmos feixes fluídicos, acumulados sob a forma de
conhecimentos nos corpos carnais.
Um escultor regressa à vida do espaço. Ele revê todas as
suas existências passadas e, geralmente, estas últimas tiveram como centro de
trabalho (centro, no sentido absoluto do termo) lugares em que a própria
natureza induz à beleza. No espaço, esse ser não poderá afastar do seu espírito
os pensamentos, a visão das obras criadas por seus semelhantes ou por ele
mesmo. Instintivamente, seu espírito ainda flutuará em torno dos monumentos,
das estátuas que ele gostava de contemplar durante sua vida material. Se passou
sua existência em um determinado país, a ele retornará; se passou uma existência
anterior em um outro país, a ele será atraído, instintivamente, por suas
lembranças.
Quando em repouso, no espaço, desfrutará de uma real
beatitude, e projectará, em raios de todas as cores, quadros, formas
esculturais do mais maravilhoso efeito. Poderá unir as artes gregas, romanas,
latinas e gaulesas e reviver horas inesquecíveis para ele. Todas as épocas de
sua arte serão representadas, segundo a duração e o género das evoluções
realizadas.
Um dia, no meio astral em que se encontra, composto de
moléculas especiais, ele desejará fazer os espíritos menos avançados tirarem
proveito dessas mais belas projecções. Com a ajuda de alguns amigos, seu
pensamento pedirá a Deus para atrair espíritos profanos que têm o desejo de se
elevar, mas cujos conhecimentos artísticos são medíocres. Para empregar vossos
termos, ele quererá vulgarizar sua arte e atrair para si um público de seres
sem dúvida distintos, mas pouco eruditos. O espírito sempre inventivo dos
nossos artistas criará pórticos, abóbadas, unindo a arte grega à arte romana, a
arte romana à arte ogival, e que constituirão graciosos monumentos. Esses
monumentos, erigidos fluidicamente, utilizam moléculas relativamente sólidas,
não a ponto de se poder ir de encontro a elas, mas essas moléculas, à passagem
dos espíritos, produzem neles uma impressão quase de êxtase.
Dessa forma, os seres fluídicos podem se encontrar em
presença de arquitecturas cujos planos a vossa geometria, muito pobre, não me
pode ajudar a explicar.
Essas obras de arte podem permanecer fixas no espaço o tempo
que a vontade do artista desejar, no entanto ele sente que seu orgulho tem
limites; em um determinado momento, sua vontade, instintivamente, projectará um
outro quadro e o monumento precedente desaparecerá para dar ao azul celeste
toda a sua limpidez, esperando que uma nova obra se produza e se sustente.
As moléculas que compõem esses trabalhos de arquitectura
são, em si mesmas, maleáveis e obtidas na matéria astral; mas o pensamento do
artista, como todos os outros sentimentos, irisam esses trabalhos de cores tais
que todos os seres que contemplam essas obras experimentam sensações tão mais
vivas quanto mais acentuada for a elevação de cada um.
Os modelos são obtidos tanto de lembranças que emanam da
vossa Terra como de outros mundos mais ou menos avançados. Eu vos falarei
desses mundos em último lugar.
Se a escultura é interessante, a pintura não o é menos.
Existem gradações entre a escultura, a pintura, a música e a arte da palavra,
ou da filosofia escrita ou falada.”
/…
LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte III Quinta lição – Projecção de quadros e formas esculturais no espaço, 12º fragmento da obra.
(imagem:
Mona Lisa 1503-1507 – Louvre, pintura
de Leonardo da Vinci)
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