Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Seres Radiantes do espaço ~

Capítulo I

Desde Galvani, a atenção do homem se encaminhou para a electricidade, mas é somente a partir dos trabalhos de William Crookes sobre os estados subtis da matéria que começamos a perceber a extensão, a calcular a potência das forças invisíveis.

Sabe-se que as experiências desse ilustre sábio, com os médiuns HomeFlorence Cook, foram o ponto inicial de grandes descobertas que se sucederam e revolucionaram a Física.

Certamente, antes dele, Allan kardec e a Escola Espírita tinham estabelecido a existência do mundo dos fluidos, mas foi Crookes o primeiro que conseguiu captar as forças radioactivas e armazená-las, de modo a torná-las úteis para a Ciência humana.

As suas análises subtis da força psíquica estão descritas no seu livro Recherches sur le Spiritualisme (Pesquisas dos Fenómenos Espíritas).

Talvez observem que não se deve confundir as radiações do Espaço com o fluido humano. Mas sabemos que uma relação íntima os religa e que todas as forças terrestres, celestes e humanas se relacionam a um princípio comum.

A matéria, sob seus diversos aspectos, constitui um imenso reservatório de energia. Na realidade, ela é apenas força condensada: os sólidos se transformam em líquidos, os líquidos em gases, os gases em fluidos, e estes, à medida que se tornam mais subtis, mais quintessenciados, recuperam as suas propriedades primitivas e parecem se impregnar de inteligência. Pelo menos é o que parece resultar de certas manifestações do raio. Num grau superior, a força parece se identificar com o espírito e se torna um de seus atributos.

Toda matéria concreta é apenas, portanto, a energia capturada. O químico Fabre calculou que um quilo de carvão concentra 23 biliões de calorias, que libertadas, bastariam, diz ele, para accionar uma rede de linhas de caminhos-de-ferro, durante dois anos. Ora, apenas libertamos, actualmente, um número proporcionalmente insignificante. No dia em que se souber desintegrar, libertar todas as partículas da matéria, estaremos de posse de uma força incalculável.

Mas, tais progressos, nos dizem os espíritos, são medidos pelo valor moral da Humanidade. Deus não permite que certas revelações ou descobertas se realizem antes que o homem tenha atingido uma consciência mais completa de seus deveres e de suas responsabilidades. Vimos, na recente guerra, o uso que os alemães fizeram dos progressos da Química. Que farão eles, em uma outra guerra, das energias formidáveis que adormecem no íntimo da matéria.

Ao menos, a Ciência chegou a reconhecer a harmonia que liga as teorias da electricidade à lei universal da gravidade. Essa não regula somente a marcha dos corpos celestes, sobre seus dois aspectos, atracção e repulsão; ela regula todos os movimentos da matéria, desde as suas mais ínfimas partículas até aos astros gigantescos do Espaço. Todas as moléculas químicas, todas as parcelas da força eléctrica, como os iões e electrões, representam sistemas completos, análogos aos sistemas estelares. As mesmas radiações as penetram e as mesmas correntes as animam. A Natureza vibra, do infinitamente pequeno ao infinitamente grande.

A formação de um astro, diz Max Frank, é idêntica, sob o ponto de vista do mecanismo das forças activas, à formação de uma molécula simples. Pode-se constatar, desde agora, por escalonamento das forças conhecidas, que o abismo intransponível, que outrora parecia separar a matéria do espírito, acha-se ultrapassado. A cadeia de vida se desenvolve grandiosamente, sem solução de continuidade, desde o átomo até ao astro, do homem, em todos os graus da hierarquia espiritual, até Deus.
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Léon Denis, O Espiritismo e as Forças Radiantes, Capítulo I, 2 de 3, 2º fragmento da obra.
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)

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