Capítulo I
Desde Galvani, a atenção
do homem se encaminhou para a electricidade, mas é somente a partir dos trabalhos de William Crookes sobre os estados subtis da matéria
que começamos a perceber a extensão, a calcular a potência das forças
invisíveis.
Sabe-se que as experiências desse ilustre sábio, com os médiuns
Home e Florence Cook, foram o ponto inicial de grandes descobertas que se sucederam e revolucionaram a Física.
Certamente, antes dele, Allan kardec e a
Escola Espírita tinham estabelecido a existência do mundo dos fluidos, mas foi
Crookes o primeiro que conseguiu captar as forças radioactivas e armazená-las,
de modo a torná-las úteis para a Ciência humana.
As suas análises subtis da
força psíquica estão descritas no seu livro Recherches
sur le Spiritualisme (Pesquisas dos Fenómenos Espíritas).
Talvez observem que não se deve confundir as radiações do
Espaço com o fluido humano. Mas sabemos que uma relação íntima os religa e que
todas as forças terrestres, celestes e humanas se relacionam a um princípio
comum.
A matéria, sob seus diversos aspectos, constitui um imenso
reservatório de energia. Na realidade, ela é apenas força condensada: os
sólidos se transformam em líquidos, os líquidos em gases, os gases em fluidos,
e estes, à medida que se tornam mais subtis, mais quintessenciados, recuperam
as suas propriedades primitivas e parecem se impregnar de inteligência. Pelo
menos é o que parece resultar de certas manifestações do raio. Num grau
superior, a força parece se identificar com o espírito e se torna um de seus
atributos.
Toda matéria concreta é apenas, portanto, a energia
capturada. O químico Fabre calculou que um quilo de carvão concentra 23 biliões
de calorias, que libertadas, bastariam, diz ele, para accionar uma rede de
linhas de caminhos-de-ferro, durante dois anos. Ora, apenas libertamos, actualmente,
um número proporcionalmente insignificante. No dia em que se souber
desintegrar, libertar todas as partículas da matéria, estaremos de posse de uma
força incalculável.
Mas, tais progressos, nos dizem os espíritos, são medidos
pelo valor moral da Humanidade. Deus não permite que certas revelações ou
descobertas se realizem antes que o homem tenha atingido uma consciência mais
completa de seus deveres e de suas responsabilidades. Vimos, na recente guerra,
o uso que os alemães fizeram dos progressos da Química. Que farão eles, em uma
outra guerra, das energias formidáveis que adormecem no íntimo da matéria.
Ao menos, a Ciência chegou a reconhecer a harmonia que liga
as teorias da electricidade à lei universal da gravidade. Essa não regula
somente a marcha dos corpos celestes, sobre seus dois aspectos, atracção e
repulsão; ela regula todos os movimentos da matéria, desde as suas mais ínfimas
partículas até aos astros gigantescos do Espaço. Todas as moléculas químicas,
todas as parcelas da força eléctrica, como os iões e electrões, representam
sistemas completos, análogos aos sistemas estelares. As mesmas radiações as
penetram e as mesmas correntes as animam. A Natureza vibra, do infinitamente pequeno
ao infinitamente grande.
A formação de um astro, diz Max Frank, é idêntica, sob o
ponto de vista do mecanismo das forças activas, à formação de uma molécula
simples. Pode-se constatar, desde agora, por escalonamento das forças
conhecidas, que o abismo intransponível, que outrora parecia separar a matéria
do espírito, acha-se ultrapassado. A cadeia de vida se desenvolve
grandiosamente, sem solução de continuidade, desde o átomo até ao astro, do
homem, em todos os graus da hierarquia espiritual, até Deus.
/…
Léon Denis, O
Espiritismo e as Forças Radiantes, Capítulo I, 2 de 3, 2º fragmento da obra.
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)
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