Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Inquietações Primaveris~


|Os Vivos e os Mortos|
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Se no plano espiritual a posição assumida pelos espíritos fosse a mesma dos homens, seríamos considerados como espíritos mortos.

Porque o espírito que se encarna na Terra, afastando-se da realidade viva do espírito, é praticamente sepultado na carne.

Nos planos inferiores do mundo espiritual, apegados à crosta terrena, os espíritos inferiores que o habitam se consideram como mortos na carne, pois perderam as prerrogativas do espírito livre.

Mas os espíritos que atingiram planos superiores compreendem essa inversão de posições e os encaram como companheiros temporariamente afastados do seu convívio, para fins de desenvolvimento de suas potencialidades nas lutas terrenas.

Dessa maneira, mortos e vivos somos todos.

Revezamo-nos na Terra e no Espaço porque a lei de evolução exige o nosso aprimoramento contínuo. Se no plano espiritual os limites de nossas possibilidades de aprendizado se esgotam, por falta de desenvolvimento dos potenciais anímicos, retornamos às duras experiências terrenas.

A reencarnação é uma exigência do nosso atraso evolutivo, como a semeadura da semente na terra é a exigência básica da sua germinação e do seu crescimento. Assim, nascimento e morte são fenómenos naturais da vida, que não devemos confundir com desgraça ou castigo.

Só os homens matam para vingar-se ou cobrar dívidas afectivas. Deus não mata, cria. Ao semear as mónadas nos planetas habitáveis, não o faz para matar-nos, mas para podermos germinar e crescer como a relva dos campos. A mónada é a centelha de pensamento divino que encerra em si, como a semente do vegetal, todo o esquema da vida e da forma humana que dela nascerá no seio dos elementos vitais da carne.

Os materialistas acreditam que o esperma e o óvulo ocultam em si mesmos todas as energias criadoras do homem. Mas os progressos actuais da genética animal e da genética humana os despertaram para a compreensão da existência de um mecanismo oculto no sémen, do qual depende a própria fecundidade deste.

Podemos dizer que Deus não trabalha com coisas, mas com leis. As pesquisas parapsicológicas revelaram que o pensamento é a energia mais poderosa de que podemos dispor. Essa energia não se desgasta no tempo e no espaço, não está sujeita às leis físicas, nem respeita as barreiras físicas. É ele a única energia conhecida que pode operar as distâncias ilimitadas do Cosmos. Se podemos verificar isso nas experiências telepáticas, de transmissão de pensamentos entre as distâncias espaciais e temporais que todas as demais energias não conseguem vencer, devemos pensar no poder infinito do pensamento criador de Deus.

Mas o orgulho humano se alimenta da sua própria ignorância e prefere colocar-se acima da própria Divindade. Por isso o cientista soviético Vassiliev * não aceitou a teoria de Rhine – a natureza extrafísica do pensamento – e procedeu a uma experiência na Universidade de Leningrado para demonstrar o contrário. Mas não obteve as provas que desejava e limitou-se a contestar Rhine com argumentos, declarando simplesmente que o pensamento se constitui de uma energia física desconhecida. Até agora, nem mesmo do Além, para onde a morte o transferiu, à sua revelia, não conseguiu a refutação desejada. Esse é um episódio típico da luta dos negativistas contra a inegável realidade da natureza espiritual do homem. É inútil disputar com eles, que mesmo quando cientistas, se apegam rigidamente às suas convicções, de maneira opiniática.

Outro exemplo importante foi o do filósofo Bertrand Russell, que ante o avanço científico actual, declarou: “Até agora as leis físicas não foram afectadas.” Como não foram, se toda a concepção física do mundo se transformou no contrário do que era, revelando a inconsistência da matéria, a sua permeabilidade, a existência da antimatéria e a possibilidade cientificamente provada da comunicação dos mortos? Bastaria isso para mostrar que a Física envelhecida de meio século atrás levou Einstein a exclamar: “O materialismo morreu asfixiado por falta de matéria”. O famoso físico americano, pousando um braço sobre uma mesa, disse: “Meu braço sobre esta mesa é apenas uma sombra sobre outra sombra."

Essa atitude opiniática de materialistas ilustres decorre da alergia ao futuro de que falou Remy Chauvin, director de laboratório do Instituto de Altos Estudos de Paris. Por outro lado, temos de considerar a influência da tradição no próprio meio científico e as posições dogmáticas das correntes opostas do religiosismo igrejeiro e das ideologias materialistas, como as do Positivismo, do Pragmatismo e particularmente do Marxismo. A prova científica da existência do perispírito, o corpo espiritual da tradição cristã, chamado pelos investigadores soviéticos da Universidade de Kirov, a mais importante da URSS, de corpo bioplásmico, foi simplesmente asfixiada pelo poder estatal. Nos Estados Unidos não se tentou repetir a façanha de Kirov porque a descoberta do corpo bioplásmico fere os interesses teológicos das igrejas cristãs. O religiosismo fideísta das igrejas, agora reforçado com o religiosismo político e estatal do materialismo, formam hoje a dupla que, agindo em forma de pinça, impede novamente o desenvolvimento da Ciência.

Nos Estados Unidos chegou-se ao extremo da divulgação científica de um documento lançado por instituições científicas, declarando que as descobertas produzidas pelas câmaras Kirlian, de fotografias paranormais, não passam do conhecido efeito corona. E Rhine, o grande confirmador da Ciência Espírita, foi posto à margem dos meios científicos oficiais, apesar de seu sucesso em todas as Universidades do mundo.
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* Leonid Leonidovitch Vassiliev 1891–1966


Herculano Pires, José  Educação para a Morte, 3 Os Vivos e os Mortos 2 de 2, 5º fragmento da obra.
(imagem: O caranguejo, pintura de William-Adolphe Bouguereau)

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