Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Espiritismo na Arte~


Parte II

Quarta lição, de O Esteta

– Inspiração nos tempos modernos – Inspiração científica e inspiração idealista – Inspiração, forma que concretiza a arte
(5 de Dezembro de 1921)

“Vamos falar da inspiração nos tempos modernos. Vós ides compreender que há três grandes etapas: iniciação, trabalho e progressão. O desabrochar, parcial sobre os mundos, é completo no espaço. Vimos nossos artistas fazerem sua iniciação na Antiguidade, seja na Grécia, no Egipto ou em Roma. De volta ao espaço, esses seres amadureceram e aproveitaram as qualidades adquiridas em uma ambiência material; retornando à Terra, em uma outra encarnação, eles trouxeram seu ideal da época da Renascença; depois esse ideal se expandiu, um século mais tarde, nas letras, nas artes e na arquitectura. Eu quero falar do século de Luís XIV. Tendo esses espíritos retornado ao espaço, durante um tempo bastante longo, a inspiração em geral foi apenas medíocre no século XVIII e latente no XIX.

Em que consiste a inspiração em nossa época?

Os Espíritos, imbuídos das belas obras rebuscadas sobre a Terra e no espaço, e que estão actualmente desencarnados, retornarão no momento em que a arte e o espírito, divinizados, deverão reflorir de uma forma mais intensa. Paralelamente, outros espíritos, que anteriormente trabalharam para a evolução material, impregnaram-se de positivismo e, aqui na Terra, na hora presente, sua inspiração, que está classificada como inspiração pessoal, encaminha-se para as coisas científicas. Mas o grupo de artistas idealistas que fica no espaço busca iluminar com uma luz divina esses seres que têm belas qualidades, sob o ponto de vista do trabalho, e que devem fazer surgir a centelha da ciência.

Eis por que, nesse momento, observais uma luta entre a ciência pura e a procura dos destinos humanos, sua formação e a do Cosmos.

Vós ireis me dizer: Como concebeis a arte no espaço? A arte brota da inspiração, assim sendo era necessário vos mostrar como a arte se desenvolve e cresce numa evolução constante, para que pudésseis perceber a marcha ascendente da espiritualidade. Somente quando compreenderdes bem como a centelha artística, a centelha divina, se libera do espírito é que podereis compreender e também idealizar os quadros que se passam no espaço, mais grandiosos e mais completos que aqueles que vedes sobre a Terra e que deles são apenas um pálido reflexo.

Os espíritos positivos terrestres, provindos de uma centelha criadora, procuraram, pela inspiração científica que lhes é própria e por aquela que recebem dos seres desencarnados, descobrir o mistério da vida e do Universo.

Todas as forças se entrecruzam, do mundo visível ao mundo invisível. Do alto, os espíritos idealistas buscam animar, com um ardor que os espiritualize, os seres que trabalharam em períodos diversos e que, desse facto, adquiriram uma inspiração pessoal, mas rígida e fria.

Os cientistas da vossa época não viveram no mesmo tempo que os idealistas que conceberam tão belas obras, e é por isso que, do espaço, esses idealistas procuram estimular os cientistas. A inspiração pessoal destes últimos se confinou a um domínio que diz respeito à matéria. A centelha criadora atinge apenas o cérebro e não a alma, portanto era necessário que grandes espíritos iniciadores viessem do espaço dar aos vossos contemporâneos a insuflação inspiradora que os conduza, muito suavemente, pelos exemplos materiais, à revelação de forças desconhecidas.

As ondas hertzianas são uma das formas concretas de correntes fluídicas, criadas por Deus e transmitidas pelos espíritos. O primeiro homem que, sob a forma de uma inspiração, constatou-lhes a existência, foi conduzido a esse facto, pouco a pouco, por invisíveis que queriam revelar aos terrestres o poder das correntes que eles desconheciam. Porém, da inspiração científica à inspiração idealista há uma distância. As dificuldades existem em razão dos meios de acção, mas, nos séculos futuros, será preciso que todos os seres vibrem em uníssono e, no momento actual, o núcleo de pesquisadores científicos tem necessidade de sentir uma inspiração em que se misturem a ciência e a forma espiritualizada da obra divina em toda a sua grandeza e sua beleza. Já que as ondas de seres vivos que passam pela Terra não têm todas o mesmo grau de evolução, a inspiração que anima cada onda não pode ser da mesma natureza.

Para preparar o trabalho progressivo das gerações há, na inspiração científica, uma mistura de desconhecido, de surpresa que, algumas vezes, produz um cepticismo que não é durável.

Fatalmente, no ciclo que se prepara, vossos sábios deverão aceitar e ensinar à humanidade as novas forças que brotam continuamente do espaço celeste. No dia em que vossos cientistas descobrirem, pela intuição e pela inspiração, a fonte das correntes que animam o Universo, o ideal divino estará pronto para reflorir sobre a vossa Terra e nós poderemos afirmar, convosco, que a evolução terrestre terá dado um grande passo.

A evolução científica prossegue em todos os domínios, desde a preciosa descoberta material até a aplicação de princípios novos e positivos nas artes. Actualmente vossas artes, salvo a literatura, procedem desse género um pouco impulsivo de impressão e de inspiração. Se, durante a Renascença, as composições pareciam por vezes um pouco ingénuas, em vossos dias, a cor, a forma, o poder da inspiração não faltam, mas será preciso adquirir, nos séculos futuros, a noção de ideal que servirá de elo a todas as obras do pensamento. Deus vos dá, por aí, o sentido real e profundo da sua obra universal.

Nesse estudo, vimos o cérebro do artista organizado em todos os domínios. A inspiração, quer venha da personalidade ou do ideal divino, é a forma que concretiza a arte. Os seres carnais a adquirem na Terra, seu espírito a completa no espaço.

Mais tarde, passaremos em revista as belas concepções que podem brotar de uma alma ardente no trabalho e plena de admiração pelo Criador.”
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LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte II – Quarta lição (de O Esteta) Inspiração nos tempos modernos, Inspiração científica e inspiração idealista, Inspiração, forma que concretiza a arte. 9º fragmento da obra
(imagem: Mona Lisa 1503-1507 – Louvre, pintura de Leonardo da Vinci)

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