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terça-feira, 19 de junho de 2012

pensamento crítico ~


Posição do mate-rialismo dialéctico

Não resta dúvida que o materialismo dialéctico é o mais avançado passo da filosofia materialista, graças ao aproveitamento da tríade básica da mais antiga filosofia espiritualista, que podemos encontrar desde o taoísmo chinês ao druidismo gaulês, do antigo bramanismo à filosofia jónica, de Sócrates e Platão ao Evangelho de Cristo.

Diante da sua concepção do mundo e do seu método de análise histórica, o materialismo fixista do século XVIII e o próprio mecanicismo parecem conjecturas infantis. Na Dialéctica da NaturezaEngels observa, a propósito: “A ciência natural da primeira metade do século XVIII estava muito acima da antiguidade grega no tocante ao conhecimento e à classificação dos materiais, mas ao mesmo tempo abaixo dela, no domínio ideal desse material, na concepção da natureza.”

O mesmo podemos hoje dizer, no tocante à posição do materialismo dialéctico em face à filosofia idealista alemã do século XVIII, e particularmente à escola hegeliana. Repete-se, nesse caso, o que se verificara com Feuerbach diante de Hegel, no terreno da análise das relações sociais. A dialéctica marxista se nos apresenta, por isso mesmo, como um pássaro de asa quebrada, que, apesar de bater com energia a asa que lhe sobrou intacta, não consegue elevar-se além da poeira da terra. Falta-lhe a visão tão-somente de metade da realidade objectiva, dessa realidade que ele tanto defende e a que tanto se apega. Marx e Engels preferiram ignorar essa metade, que Hegel lhes oferecera, com os seus olhos de condor, para se reduzirem à miopia de Feuerbach. E cometeram assim o maior equívoco da moderna história da filosofia; tomando, como o fizera Proudhon, a exclusão pela síntese.
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José Herculano Pires, Espiritismo Dialéctico – Posição do materialismo dialéctico, 2º fragmento da obra.
(imagem: Diógenes, pormenor d'A escola de Atenas de Rafael Sanzio, 1509)

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