Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sábado, 20 de agosto de 2011

Reminiscências, intuições, aptidões

Recordemos aqui os pontos essenciais da teoria do “eu”, com a qual têm conexão todos os problemas da memória e da consciência.

Os dois factores que constituem a permanência e mantêm a identidade, a personalidade do “eu”, são a memória e a consciência. As reminiscências, as intuições e as aptidões determinam a sensação de haver vivido. Existe na inteligência uma continuidade, uma sucessão de causas e efeitos que é preciso reconstituir na sua totalidade para possuir o conhecimento integral do “eu”. É isso, como vimos, impossível na vida material, pois que a incorporação produz uma extinção temporária dos estados de consciência que formam esse todo contínuo. Assim como a vida física está sujeita às alternativas da noite e do dia, assim também se produz um fenómeno análogo na vida do Espírito. A nossa memória e a nossa consciência atravessam alternadamente períodos de eclipse ou de esplendor, de sombra ou de luz, no estado celeste ou terrestre e, até, neste último plano, durante a vigília ou nos diferentes estados do sono. E, assim como há gradações no eclipse, há também graus de luz.

Muitos sonhos, à semelhança das impressões recebidas durante o sono do sonambulismo, não deixam vestígios ao despertar. O esquecimento, todos os magnetizadores o sabem, é um fenómeno constante nos sonâmbulos; mas, desde que o Espírito do sujet, imerso em novo sono, torna a encontrar-se nas condições dinâmicas que permitem a renovação das recordações, estas se reavivam logo. O sujet recorda-se do que fez, disse, viu, exprimiu em todas as épocas da existência.

Por isso compreenderemos facilmente o esquecimento momentâneo das vidas anteriores. O movimento vibratório do invólucro perispiritual, amortecido pela matéria no decurso da vida actual, é excessivamente fraco para que o grau de intensidade e a duração necessária à renovação dessas recordações possam ser obtidos durante a vigília.


LÉON DENIS, O Problema do ser, do destino e da dor, Segunda Parte/O Problema do Destino, XIV – As vidas sucessivas. Provas experimentais. Renovação da memória. (3 de 4)

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