Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

domingo, 7 de agosto de 2011

Onde o ária fiel viverá de eterna vida

“  Verifica-se, com efeito, que os homens da época pré-histórica, a que se deu o nome de megalítica, sepultavam os mortos, colocando-lhes nos túmulos armas e adornos. É, pois, de se supor que essas populações primitivas tinham a intuição de uma segunda existência, sucessiva à existência terrena. Ora, se há uma concepção oposta ao testemunho dos sentidos, é precisamente a de uma vida futura. Quando se vê o corpo físico tornado insensível, inerte, malgrado a todos os estímulos que se empreguem; quando se observa que ele esfria, depois se decompõe, torna-se difícil imaginar que alguma coisa sobreviva a essa desagregação total. Não obstante, se apesar dessa destruição, se observa o reaparecimento completo do mesmo ser, se ele demonstra, por actos e palavras, que continua a viver, então, mesmo aos seres mais malogrados se impõe, com grande autoridade, a conclusão de que o homem não morreu de todo. Só, provavelmente, após múltiplas observações desse género, foi que se estabeleceram o culto prestado aos despojos mortais e a crença numa outra vida em continuação da vida terrestre.

A Índia

   Ainda nos dias actuais, as tribos mais selvagens crêem numa certa imortalidade do ser pensante e as narrativas dos viajantes são concordes em atestar que, em todas as partes do globo, a sobrevivência é unanimemente afirmada. Remontando aos mais antigos testemunhos que possuímos, isto é, aos hinos do Rigveda, vemos que os homens que viviam nas faldas do Himalaia, no Sapta Sindhu (país dos sete rios), tinham intuições claras sobre o além da morte.

   Baseando-se provavelmente nas aparições naturais e nas visões em sonho, foi que os sacerdotes, ao cabo de muitos séculos, lograram codificar a vida futura. Como será essa vida? Um poeta ária esboça assim, vigorosamente, o céu védico:

   “Morada definitiva dos deuses imortais, sede da luz eterna, origem e base de tudo o que é, mansão de constante alegria, de prazeres infindos, onde os desejos se realizam mal surjam, onde o ária fiel viverá de eterna vida.” “


GABRIEL DELANNE in A Alma é Imortal, Primeira parte A observação, Capítulo I Golpe de vista histórico – As crenças antigas (2 de 5)

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