Primeira lição de o Esteta
– A essência da arte, seus domínios. – Criação artística no plano espiritual
|15 de Novembro de 1921|
“Estou feliz por vos falar de uma arte que foi minha preocupação constante. Tendes cem vezes razão em defender a causa da arte e colocá-la em paralelo na Terra e no espaço. A arte é de essência divina, é uma manifestação do pensamento de Deus, uma radiação do cérebro e do coração de Deus transmitida sob a forma artística.
No entanto, muitas coisas do plano divino não podem ser transmitidas aos homens. A arte, sob forma de inspiração, faz parte desse todo maravilhoso que compõe o Universo.
É o relâmpago, ou antes, é a centelha que estabelece a relação entre Deus e suas criaturas.
Vós podeis vos perguntar quais são os reflexos que guardamos da arte após haver passado séries de existências em diferentes mundos. Eu vou tentar vos dizer.
Quando esse artista realizou uma vida de trabalho, ele retorna ao espaço. Lá se libertará do seu ser uma quantidade imensa de pensamentos que ele deseja concretizar. Nesse meio fluídico, ele terá todos os materiais necessários para reconstituir o que seu pensamento aprisionado na carne não pôde realizar em uma só existência.
O espírito não possui órgão visual, mas o pensamento reúne todos os sentidos. Primeiro, ele recebe em sua memória as mais belas coisas que sensibilizaram o seu cérebro na existência precedente. Se ele viveu em um meio elevado, graças às directrizes adquiridas, os quadros que passarão em seu pensamento serão verdadeiramente inspirados pelo culto do belo. Portanto, nosso ser espiritual, em nome do seu trabalho, será, em pouco tempo, transferido a um meio fluídico suficientemente puro, livre de parcelas materiais, e de lá poderá receber, pela lembrança, o reflexo artístico de suas vidas anteriores. Por um simples querer, tudo se concretizará com a ajuda dos fluidos ambientes. Esse espírito era pintor? Seu pensamento reflectirá os quadros dos mestres que ele conheceu e amou. Era escultor? As formas antigas ou clássicas, ou aquelas da sua época aparecerão sobre a tela do seu pensamento. Depois, com o tempo, outros espíritos, não-atraídos pela arte, mas desejosos de se elevarem em direcção a um plano superior, se agruparão em torno dos seres que, por seu trabalho e seu adiantamento, planam em regiões fluídicas mais puras. Esses seres, que se aproximam do artista, receberão mais facilmente o pensamento deste último; por um trabalho prolongado, se estabelecerá uma fusão entre o espírito do profano e o espírito do artista. Pouco a pouco, o profano receberá em seu pensamento os quadros e as cenas artísticas do seu mestre espiritual e poderá, então, experimentar alegrias estéticas muito grandes e se tornar, ele mesmo, artista em uma futura existência, porquanto terá recebido os primeiros elementos da arte no contacto com um ser mais avançado do que ele.
É assim que, geralmente, os meios artísticos se perpetuam da Terra ao espaço, do espaço à Terra, e nos outros mundos, visto que existem aqueles em que os meios de criação artística são mais ricos do que em vosso globo.
Devo acrescentar que os espíritos, por trocas de pensamentos, podem criar formas com a ajuda da sucessão de cores que é infinita no espaço: quanto mais os planos são elevados, mais a sucessão de cores é desenvolvida.
Na atmosfera terrestre não podemos exteriorizar o nosso pensamento de uma forma clara e precisa. É como se vós quisésseis projectar o vosso pensamento sobre uma tela cinzenta em lugar de uma tela branca.
Às vezes os espíritos se reúnem, através de seus pensamentos, trocam formas, criam quadros variados. Se um espírito que viveu em um mundo superior se encontra no meio deles, ele faz seus irmãos menos privilegiados aproveitarem os recursos artísticos que ele pôde adquirir. O criador dessas cenas tem o poder de destruir imediatamente o que o seu pensamento criou. Portanto, essas cenas são passageiras e pessoais ao espírito; mas aqueles que têm o desejo de se elevar podem aproveitar essa projecção artística, constituída pela combinação de moléculas fluídicas emanadas do meio ambiente.”
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LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte I – A essência da arte, seus domínios. Criação artística no plano espiritual. 4º fragmento da obra.
(imagem: Mona Lisa 1503-1507 – Louvre, pintura de Leonardo da Vinci)
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