Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 20 de março de 2012

O Espiritismo na Arte~


Segunda lição de o Esteta

– Composição virtual de obras artísticas. – A eclosão da inspiração

|22 de Novembro de 1921|

“Após ter-vos dado a descrição das cenas artísticas que registamos no espaço, para vós será interessante saber como agrupamos os elementos dessas cenas para compor virtualmente esses quadros.

Tentarei vos fazer compreender como reunimos as moléculas necessárias para que a nossa


vontade possa projectar os fluidos capazes de se transformarem em obras que simbolizem a beleza sob todas as formas. Essas obras serão sentidas e percebidas por outros seres fluídicos que não são criadores.

Os seres imateriais que flutuam nas regiões fluídicas, infinitamente ricas e subtis, só as alcançaram por uma longa e progressiva evolução pela qual adquiriram conhecimentos e aptidões suficientes para eles mesmos poderem criar, no mundo onde vivem, entre suas existências humanas.

Vejamos um exemplo. Um grande escultor, um grande pintor ou um grande artista parte da Terra. Ele ainda está sob a impressão dos trabalhos que executou durante sua existência anterior; chegado ao espaço, não estando mais o seu espírito limitado pela matéria, ele revê o caminho percorrido desde o dia em que recebeu a essência criadora divina e adquire a certeza de que poderá, nas novas existências, desenvolver e completar o que vós podeis chamar de parcela genial.

Ele vai ver, no espaço, desenrolarem-se todos os factos proeminentes que presidiram a eclosão da sua inspiração.

Se ele era arquitecto ou escultor, imediatamente, de acordo com sua vontade, sua memória voltará a traçar os monumentos ou as obras de arte que ele criou.

Admitimos que ele plane nesse meio do qual acabamos de falar; após um apelo a Deus, seu pensamento encontrará, por suas radiações, fluidos suficientes para reconstituir todas as suas obras. Se elas têm um carácter verdadeiro de beleza, se a inspiração é pura, se o ideal é elevado, os outros seres que rodeiam o artista sentirão despertar em si mesmos um desejo de imitação e, pouco a pouco, o véu material sendo levantado, seu pensamento pessoal será fecundado pelo do artista.

Assim, um grande mestre-escultor fará reviver esses belos monumentos nos quais a glória do Altíssimo foi cantada durante séculos. Então, imensas catedrais serão reedificadas; mas o artista não se limita sempre à obra que criou, sua visão à distância também reencontra as obras dos seus discípulos, e algumas vezes sua inspiração continua no espaço para formar de novo obras que tomam a diversos autores as partes mais bem-sucedidas de suas concepções. Se vós penetrásseis no espaço, no plano elevado a que me refiro, poderíeis perceber que monumentos, que não são semelhantes àqueles erigidos no vosso mundo, são reconstituídos pelo pensamento fluídico de seres inspirados por Deus.

O Criador supremo dá a cada um de seus filhos uma parcela animadora que se exterioriza quando o culto do belo e do ideal desperta neles. Vossos monumentos religiosos são as imagens vivas desse facto. Esses telhados arrojados, lançando-se em direcção ao céu, não são uma imagem fiel do pensamento do ser humano elevando-se em uma prece derradeira a esse Deus que nos criou? Quer seja uma catedral ou um templo da Antiguidade, quer seja na Grécia, em Roma, em Florença ou em vosso país, procurai e sempre encontrareis a confirmação de que o pensamento superior preside a eclosão das obras arquitectónicas.

Faço uma pequena comparação, talvez me afastando do meu assunto: se considerardes a história da Arquitectura na Alemanha nestes tempos modernos, constatareis que a elevação em direcção ao céu é ausente, que formas maciças e quadradas substituem a cúpula ou a ogiva; o pensamento estende-se sobre a Terra e não se eleva mais em direcção ao divino.

Em pintura, estudai a escola florentina na época da Renascença; verificareis que quando as obras têm um cunho místico, os traços se divinizam e as cenas tomam características de real beleza e de verdadeira grandeza.

Ocorre o mesmo em todas as artes. A música sacra, por exemplo, tem um carácter que toca de mais perto o divino, enquanto que a música profana, quando se aproxima da matéria, reveste a característica de um realismo baixo e grosseiro.”
/…


LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte I – Composição virtual de obras artísticas, A eclosão da inspiração. 5º fragmento da obra.
(imagem: Mona Lisa 1503-1507 – Louvre, pintura de Leonardo da Vinci)

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