“Há sensações que têm origem no próprio estado de nossos órgãos; ora, as necessidades inerentes ao nosso corpo não podem existir desde que esteja destruído o nosso invólucro carnal. O Espírito não experimenta, pois, nem a fadiga, nem a necessidade de repouso, nem a da nutrição, porque não há nenhum dispêndio a reparar; as enfermidades não o afligem. Se, algumas vezes, os médiuns vêem Espíritos corcundas ou coxos, é porque eles tomam essa forma para melhor se fazerem reconhecidos pelas pessoas com quem se relacionam na Terra.
As necessidades do corpo acarretam deveres sociais que não têm razão de ser para os Espíritos; assim, as preocupações dos negócios, as mil inquietações a que nos expõe a necessidade de ganhar a vida, a procura das quimeras que nos lisonjeiam a vaidade, os tormentos que criamos por superfluidades, já não existem para eles. Sorriem de pena, vendo o trabalho a que nos entregamos, para adquirir riquezas vãs ou ridículas frioleiras.
É preciso, porém, certo grau de elevação para contemplar as coisas dessa altura. Os Espíritos vulgares interessam-se, principalmente, em nossas lutas materiais e nelas tomam parte, como podem e, incitam-nos para o bem ou para o mal, conforme a sua natureza boa ou perversa.
Os Espíritos inferiores sofrem, mas as angústias não deixam de ser menos dolorosas, por nada terem de físicas. Eles têm todas as paixões, todos os desejos que os atenazavam em vida e, é seu castigo o não poder satisfazê-los. É para eles uma verdadeira tortura, que acreditam perpétua, porque a própria inferioridade não lhes permite ver-lhe o termo, o que é ainda um castigo.”
DELANNE, GABRIEL in “O Espiritismo Perante a Ciência” 4ª parte, Capítulo III, O perispírito durante a desencarnação – A sua composição – A vida do Espírito
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