Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Alma em flor

“Sombras nocturnas que flutuais pela encosta das montanhas, perfumes que baixais das florestas, flores pendidas que cerrais os lábios, surdos rumores oceânicos que nunca vos calais, calmarias profundas de noites estreladas, tendes-me falado de Deus, certo, com eloquência mais íntima e mais empolgante que todos os livros humanos! Em vós encontrei ternuras maternais, blandícias de inocência, e sempre que me deixava adormecer no vosso regaço despertava alegre e venturoso. Coloridos de esplêndidos crepúsculos, deslumbramentos de clarores moribundos, visões de sítios ermos, que deliciosos momentos de ebriedade não concedeis aos que vos amam! O lírio desabrocha e bebe, em êxtase, a luz que derrama dos céus! Nessas horas contemplativas, a alma transforma-se em flor, aspirando, ávida, as irradiações celestes.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V - DEUS

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