Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Mundo Invisível e a Guerra~


II
Cenas do Espaço.
Visões Reais da Guerra e da Epopeia

|Janeiro de 1915|
…/


   Acima de nossas linhas, inúmeras assembleias se realizam e aqueles que as compõem são nomes ilustres que, reunidos, resumem toda a glória dos séculos e toda história da França. Ali está Henrique IV junto a Napoleão; Vercingétorix encontra-se com os capitães de Carlos VII, os generais de Luís XIV e os da Revolução: todos os heróis de nossas lutas do passado e os libertadores da pátria.

   Ali também vemos vários chefes ingleses, pois toda a inimizade se extinguiu, existindo em todos esses espíritos um só pensamento e um sentimento único.

   Todos têm, por Joana, igual respeito e ninguém lhe toma a dianteira, discutindo-se gravemente os meios de ataque e os procedimentos necessários para essa guerra de trincheiras.

   Sobre essa assembleia paira o pensamento de Deus e quando o nobre espírito que a preside abre a sessão, invocando o nome do Pai, todos se inclinam respeitosamente.

   Se, para muitos, a França se tornou descrente, ímpia e entregue a todas as correntes do materialismo e da sensualidade, pelo menos no meio desse supremo conselho, onde se acham reunidos seus mentores invisíveis, impera uma fé ardente. Talvez seja por essa razão que diminuem, até certo ponto, as provações e os horríveis castigos que ela mereceu.

   As resoluções que nessa assembleia sejam tomadas serão transmitidas, por intuição e inspiração, aos generais que tenham a missão de executá-las. Para esse fim, cada um dos espíritos presentes a esses conselhos escolherá, dentre nossos comandantes, aqueles cuja natureza psíquica melhor se harmonize com a sua própria e, por meio de uma vontade persistente, os inspirará no sentido do que ficou resolvido.

   Sobre os soldados a influência dos espíritos se exercerá de modo diverso: eles terão por mira, principalmente, acrescentar ao ardor e à veemência, que são qualidades naturais da raça, a perseverança e a tenacidade na luta, tão necessárias no momento actual e que, às vezes, nos faltaram.

   Por tudo isso se demonstra que as almas dos mortos não são entidades vagas, indefinidas, como alguns acreditam, pois, atingindo as altas camadas da hierarquia espiritual, elas se convertem em poderes notáveis, em centros de actividades e de vida capazes de exercer sua acção sobre a humanidade terrestre.

   Pela sugestão magnética, podem influir sobre aquele que escolheram, fazendo nele germinar a ideia matriz e incitá-lo ao acto decisivo que vai coroar sua obra.

   É dessa forma que os invisíveis se envolvem nos actos dos vivos, para a concretização do bem e o cumprimento da justiça eterna.
/…


LÉON DENIS, O Mundo Invisível e a Guerra, II – Cenas do Espaço, Visões Reais da Guerra e da Epopeia, fragmento 2 de 3.
(imagem: Tanque de guerra britânico capturado pelos Alemães, durante a Primeira Guerra Mundial)

Sem comentários: