Capítulo I
É sobretudo em nós mesmos que é preciso estudar a união íntima da força e do espírito; cada alma é um centro de força e vida, cujas radiações variam ao infinito, conforme o
valor moral e o estado de evolução do ser.
É sobretudo em nós mesmos que é preciso estudar a união íntima da força e do espírito; cada alma é um centro de força e vida, cujas radiações variam ao infinito, conforme o
valor moral e o estado de evolução do ser.
Essas radiações criam, em torno de nós, uma espécie de atmosfera fluídica,
cuja análise poderia dar a medida exacta de nosso valor psíquico, de nossa
saúde do corpo e do espírito, a indicação precisa de nossa situação, com
respeito à escala dos seres; em uma palavra, sobre nosso grau de evolução.
É pelo aspecto dessas radiações que os espíritos se
reconhecem e se julgam na vida do Além. O seu brilho e a sua intensidade
aumentam ou diminuem pela determinação do pensamento e da vontade. Elas escapam
aos nossos sentidos, no seu estado normal, mas certos médiuns as percebem, as
descrevem e pode-se provar a sua existência por meio de chapas fotográficas.
Colocando-se a ponta dos dedos sobre uma chapa fotográfica,
no banho revelador, ao fim de certo tempo de exposição, vê-se emitir, de cada
um dos dedos, como de tantos outros focos, eflúvios que se estendem na forma de
espirais, com mais ou menos intensidade, conforme as pessoas. Em geral, o
resultado é fraco. Mas, fazendo intervir a vontade, com a força do pensamento
sob um impulso da alma, de um apelo ou de uma prece, as radiações aumentam e se
transformam numa forte corrente que cobre toda a placa e toma uma direcção rectilínea.
Tenho muitos exemplares e muitas reproduções desse género
que são bastante demonstrativos. Podem-se obter os mesmos resultados
colocando-se as placas a uma distância próxima da fronte. As experiências dos
doutores Joire e Baraduc e os cuidados minuciosos de que se cercaram, provaram,
de modo exaustivo, que não se pode atribuí-los ao calor dos dedos, nem a
qualquer outra causa, a não ser às radiações psíquicas.
Essas constatações têm uma grande importância e é necessário
nisso insistir, a fim de se compreender o que ocorre nas reuniões espíritas e o
papel que têm os nossos pensamentos e as nossas radiações na produção dos fenómenos.
Sabe-se que, nas reuniões em que intervêm os espíritos, estes só podem agir
conforme os recursos que lhes são fornecidos pelos assistentes: as forças
psíquicas e as faculdades mediúnicas.
Os resultados dependem, então, em grande parte, do ambiente
criado pelos próprios experimentadores. A primeira condição é que suas
radiações concordem e se harmonizem entre si, com as dos médiuns e as dos
espíritos. A protecção de uma entidade elevada é indispensável para se obter
belos fenómenos intelectuais e, até mesmo, para dirigir e manter os espíritos
produtores de fenómenos físicos que, geralmente, pertencem a uma ordem mais
inferior.
Sem essa protecção, as reuniões se acham sujeitas a
influências más, contraditórias, às vezes cheias de mistificações. Quanto mais
o espírito for superior, mais o andamento da sessão será digno, sério e
expressivo, os conselhos e os ensinos serão mais elevados, os factos
convincentes, mais claros e precisos, assim como as provas de identidade.
Ora, para tornar essa protecção possível é preciso
apresentar, ao espírito presente, condições que facilitem a sua acção, isto é,
fluidos e sentimentos que reflictam a sua própria natureza e o fim moralizador
a que se propõe.
A prática do Espiritismo não deve somente nos proporcionar
as lições do Além, a solução dos graves problemas da vida e da morte; ela pode
também nos ensinar a pôr as nossas próprias radiações em harmonia com a
vibração eterna e divina, a dirigi-las e a discipliná-las. Não esqueçamos de
que é por um exercício psíquico gradual, por uma aplicação metódica de nossas
forças, de nossos fluidos, de nossos pensamentos e de nossas aspirações que
preparamos nosso papel e nosso futuro no mundo invisível; a actuação e o porvir
que serão maiores e melhores à medida que conseguirmos fazer de nossa alma um
foco mais radiante de forças, de sabedoria e de amor.
Inicialmente, é preciso vencer o mal em si, para tornar-se
apto a combatê-lo e a vencê-lo na ordem universal. É preciso tornar-se um
espírito radiante e puro, para assimilar as forças superiores e aprender a
utilizá-las.
É somente nessas condições que o ser se eleva, de degrau em
degrau, até as alturas espirituais onde resplandece a glória divina, onde o
ritmo da vida embala, nas suas ondas poderosas, a obra eterna e infinita.
/…
Léon Denis, O
Espiritismo e as Forças Radiantes, Capítulo I, 3 de 3, 3º fragmento da obra.
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)
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