Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Seres Radiantes do espaço ~


Capítulo I

É sobretudo em nós mesmos que é preciso estudar a união íntima da força e do espírito; cada alma é um centro de força e vida, cujas radiações variam ao infinito, conforme o


valor moral e o estado de evolução do ser. 

Essas radiações criam, em torno de nós, uma espécie de atmosfera fluídica, cuja análise poderia dar a medida exacta de nosso valor psíquico, de nossa saúde do corpo e do espírito, a indicação precisa de nossa situação, com respeito à escala dos seres; em uma palavra, sobre nosso grau de evolução.

É pelo aspecto dessas radiações que os espíritos se reconhecem e se julgam na vida do Além. O seu brilho e a sua intensidade aumentam ou diminuem pela determinação do pensamento e da vontade. Elas escapam aos nossos sentidos, no seu estado normal, mas certos médiuns as percebem, as descrevem e pode-se provar a sua existência por meio de chapas fotográficas.

Colocando-se a ponta dos dedos sobre uma chapa fotográfica, no banho revelador, ao fim de certo tempo de exposição, vê-se emitir, de cada um dos dedos, como de tantos outros focos, eflúvios que se estendem na forma de espirais, com mais ou menos intensidade, conforme as pessoas. Em geral, o resultado é fraco. Mas, fazendo intervir a vontade, com a força do pensamento sob um impulso da alma, de um apelo ou de uma prece, as radiações aumentam e se transformam numa forte corrente que cobre toda a placa e toma uma direcção rectilínea.

Tenho muitos exemplares e muitas reproduções desse género que são bastante demonstrativos. Podem-se obter os mesmos resultados colocando-se as placas a uma distância próxima da fronte. As experiências dos doutores Joire e Baraduc e os cuidados minuciosos de que se cercaram, provaram, de modo exaustivo, que não se pode atribuí-los ao calor dos dedos, nem a qualquer outra causa, a não ser às radiações psíquicas.

Essas constatações têm uma grande importância e é necessário nisso insistir, a fim de se compreender o que ocorre nas reuniões espíritas e o papel que têm os nossos pensamentos e as nossas radiações na produção dos fenómenos. Sabe-se que, nas reuniões em que intervêm os espíritos, estes só podem agir conforme os recursos que lhes são fornecidos pelos assistentes: as forças psíquicas e as faculdades mediúnicas.

Os resultados dependem, então, em grande parte, do ambiente criado pelos próprios experimentadores. A primeira condição é que suas radiações concordem e se harmonizem entre si, com as dos médiuns e as dos espíritos. A protecção de uma entidade elevada é indispensável para se obter belos fenómenos intelectuais e, até mesmo, para dirigir e manter os espíritos produtores de fenómenos físicos que, geralmente, pertencem a uma ordem mais inferior.

Sem essa protecção, as reuniões se acham sujeitas a influências más, contraditórias, às vezes cheias de mistificações. Quanto mais o espírito for superior, mais o andamento da sessão será digno, sério e expressivo, os conselhos e os ensinos serão mais elevados, os factos convincentes, mais claros e precisos, assim como as provas de identidade.

Ora, para tornar essa protecção possível é preciso apresentar, ao espírito presente, condições que facilitem a sua acção, isto é, fluidos e sentimentos que reflictam a sua própria natureza e o fim moralizador a que se propõe.

A prática do Espiritismo não deve somente nos proporcionar as lições do Além, a solução dos graves problemas da vida e da morte; ela pode também nos ensinar a pôr as nossas próprias radiações em harmonia com a vibração eterna e divina, a dirigi-las e a discipliná-las. Não esqueçamos de que é por um exercício psíquico gradual, por uma aplicação metódica de nossas forças, de nossos fluidos, de nossos pensamentos e de nossas aspirações que preparamos nosso papel e nosso futuro no mundo invisível; a actuação e o porvir que serão maiores e melhores à medida que conseguirmos fazer de nossa alma um foco mais radiante de forças, de sabedoria e de amor.

Inicialmente, é preciso vencer o mal em si, para tornar-se apto a combatê-lo e a vencê-lo na ordem universal. É preciso tornar-se um espírito radiante e puro, para assimilar as forças superiores e aprender a utilizá-las.

É somente nessas condições que o ser se eleva, de degrau em degrau, até as alturas espirituais onde resplandece a glória divina, onde o ritmo da vida embala, nas suas ondas poderosas, a obra eterna e infinita.
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Léon Denis, O Espiritismo e as Forças Radiantes, Capítulo I, 3 de 3, 3º fragmento da obra.
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)

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