Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 7 de junho de 2011

A Natureza subordinada a um plano racional


“No mínimo, há no Universo a razão espiritual dos que se elevaram à descoberta das leis que o regem e estas, por sua vez, existem, realmente. Se assim não fora, todo o edifício da razão humana ruiria pela base. Os processos de indução, que nos levam da análise à síntese, devem ter, com efeito, objectivos reais de aplicação, sem o que só podemos raciocinar no vácuo. Generalizar uma lei parcialmente observada, acreditar simplesmente que o Sol se levantará amanhã porque se levantou ontem; ou que o trigo semeado neste outono germinará antes do inverno e será colhido no próximo verão; traduzir os factos naturais em fórmulas matemáticas, é supor que a Natureza subordina-se a uma ordem racional e que o relógio marcará a hora acorde com a construção do relojoeiro.
O próprio processo de indução científica é um silogismo transportado dos domínios humanos aos da Natureza, reduz-se a este tipo fundamental; o mundo é regido por uma ordem racional; ora, a sucessão ou generalização de uns tantos factos observados torna a entrar na ordem racional e, portanto, essa sucessão ou generalização existe.
Se o homem às vezes se engana nas aplicações desse processo, é que ele não se limita às aplicações imediatas, ou não tem uma base suficiente de observações directas. Todas as ciências e sínteses indutivas do homem repousam na convicção de que a Natureza está subordinada a um plano racional.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V – DEUS, (5 de 7)

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