Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Da origem do pensamento

“Depois de haver visualizado a ordem universal, chegamos a confessar, levados por uma evidência irresistível, que, para uma criatura racional, é o cúmulo do contra-senso supor que exista a razão. Parece-nos absurdo integral a crença de que o espírito pudesse surgir no cérebro humano e manifestar-se nas leis do Universo, se não existisse de toda a eternidade. Nem sempre há que desdenhar os teólogos e neste lanço o pregador da Notre-Dame de Paris parece-nos aplicar o seu talento na defesa da verdade. A força cega, diz o Padre Félix, produzindo a harmonia cósmica e levando-a aos últimos desdobros, até o aparecimento do ser pensante... Mas, santo Deus! – que vamos fazer da nossa razão se doravante nos forçam a admitir uma tal reviravolta de idéias e perversão de linguagem? Como admitir uma força ininteligente dando o que não tem, nem pode ter, isto é – inteligência? Como poderiam tais forças, ininteligentes e cegas, arrastando-se umas por outras, entrosando-se num mecanismo incompreensível, chegar a produzir, ao termo de elaborações espontâneas, o pensamento, tal como a flor que desabrocha e se balança na ponta do hastil?”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V – DEUS, (3 de 7)

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