“Todas as propriedades instintivas ou intelectuais que os nossos adversários não podem deixar de atribuir à matéria para explicar a acção desta, sua tendência progressiva, seu método selectivo, desde a formação do vegetal humilde à formação de um cérebro humano, são atributos que eles extraem do ignoto que nós denominamos Deus e que eles homenageiam chamando-lhe matéria. Mas, em abstraírem do mundo a idéia de ordem, verdade, beleza, perfeição, harmonia espiritual e corporal, eles arrebatam ao mundo a sua alma e a sua vida. Nós, porém, não vemos a vantagem de substituir um ser vivo por um cadáver. Seu Universo assemelha-se aos enforcados, com os quais fizemos experiências eléctricas, há algum tempo. Eles como que ressuscitavam, aparentemente, graças à aplicação da electricidade ao sistema nervoso, que lhes movimentava todo o corpo.
Gesticulavam, agitavam braços e pernas, como quem acordasse; abriam os olhos e a boca num perfeito simulacro de vida... Ora, fazendo circular no organismo universal as forças pelas quais substituem a genuína vida, os ateus hodiernos oferecem-nos um simulacro, no qual estão obrigados a simular a vida que abstraem. Sob este aspecto, é uma questão de palavras. Para nós, um cadáver é sempre cadáver, mesmo que esteja electrizado. Emprestando à matéria atributos só cabíveis à força suprema, eles reduzem o Universo a um estado lastimoso. Se Deus deixasse de existir um momento, toda a vida universal ficaria suspensa. Seria curioso ver como esses bravos materialistas ressuscitariam e fariam circular uma vida factícia no corpo colossal de que somos, eles e nós, ínfimos parasitas.”
FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V – DEUS, (2 de 7)
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