Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Do Ateísmo

“De resto, a que se reduz a negação materialista? Buscando o âmago das coisas, percebemos logo que essas negações não podem ser tão absolutamente negativas quanto o pretendem. O insensato não o será jamais impunemente e não é tão fácil, quanto possa parecer, uma convicção profunda no ateísmo. Na maioria dos casos, o que ocorre é o deslocamento da questão e nada mais. Em vez de chamar Deus à direcção das forças que regem o mundo, os convencidos de ateísmo deixam de o nomear e, em vez de atribuir a um ser inteligente a inteligência dessas forças, outorgam-na à própria matéria. Removem, assim, mas não resolvem, o problema, pois os factos continuam irrevogáveis. Negam a Deus, mas não podem negar a força. Apenas, em lugar de proclamarem a soberania dessa força, consideram-na escrava da matéria inerte. Nisto reside todo o nó da questão, nó que ainda não foi desatado pelos materialistas nem pelos espiritualistas, visto que a observação directa da retina humana não vai até lá. A diferença principal que os divide no discrime está em que os primeiros não explicam a criação, nem o plano, nem a conservação da Natureza, enquanto que os segundos o fazem plausivelmente. Consideradas como duas hipóteses, as duas doutrinas contrárias não se equivalem e todo o homem sincero há de inclinar-se sempre para a que admite um Criador. Porque esta é, não só mais completa, como mais franca.”

FLAMMARION, CAMILLE in “Deus na Natureza” Tomo V – DEUS, (1 de 7)

Sem comentários: