Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Espiritismo na Arte~


Parte I

(Objectivo da arte.
Objectivo da evolução.
Necessidade das vidas sucessivas.
Apresentação de o Esteta)

   Dissemos que o objectivo essencial da arte é a procura e a realização da beleza;
é, ao mesmo tempo, a procura de Deus, pois que Deus é a fonte primeira e a realização perfeita da beleza física e moral.

   Quanto mais a inteligência se apura, se aperfeiçoa e se eleva, mais se impregna
da ideia do belo.


O objectivo essencial da evolução, portanto, será a procura e a conquista da beleza, a fim de realizá-la no ser e nas suas obras. Tal é a norma da alma na sua ascensão infinita.

   Nisso já se impõe a necessidade das vidas sucessivas como meio de adquirir, por esforços contínuos e graduados, um sentido sempre mais preciso do bem e do belo. Os inícios são modestos aqui na Terra, a alma se prepara primeiro nas tarefas humildes, obscuras, apagadas, depois, pouco a pouco, por novas etapas, o espírito adquire a dignidade de artista. Mais elevado ainda, ele se abrirá às concepções vastas e profundas, que são o privilégio do génio, e se tornará capaz de realizar a lei suprema da beleza ideal.

   Em nossa Terra, os artistas não se inspiram todos nesse ideal superior. A maior parte limita-se a imitar o que eles chamam “a natureza”, sem perceber que ela não é mais que um dos aspectos da obra divina. No espaço, porém, a arte reveste formas ao mesmo tempo mais subtis e mais grandiosas e se ilumina com um reflexo divino.

   Eis por que, neste estudo, tivemos que consultar principalmente os nossos espíritos-guias, recolher e resumir seus ensinamentos. No âmbito em que vivem, as fontes de inspiração são mais abundantes, o campo de acção se alarga; o pensamento, a vontade, o poder supremo se afirmam e irradiam com mais intensidade.

   Nossos protectores invisíveis nos enviaram primeiro o Espírito Massenet*, que veio nos ditar cinco lições sobre a música celeste, procedendo como o fazia sobre a Terra, nos seus cursos do Conservatório. Mas isso não podia ser suficiente para nós; precisávamos de dados mais gerais, de uma visão global sobre a forma como a arte é sentida e praticada no Além.

   Observa-se muitas vezes, nas obras inspiradas por espíritos, principalmente nos livros anglo-saxões, a descrição de lugares, de monumentos, de moradas criadas com a ajuda de fluidos, pela vontade dos habitantes do espaço. Temos necessidade de esclarecimentos sobre esse assunto tão controverso e sobre o qual, até hoje, faltaram indicações preciosas.

   De acordo com nossos pedidos reiterados, e a fim de nos ensinarem, os guias nos anunciaram uma entidade que se apresenta sob este nome: o Esteta, cuja personalidade verdadeira só nos será revelada ao final deste estudo. Imediatamente tivemos a impressão de que nos encontrávamos em presença de um espírito de alto valor.

   O fenómeno produziu-se sob a forma de incorporações. Desde o momento em que a entidade toma posse do médium em transe, os traços deste, que é um rapaz cego, tomam uma expressão de calma, de serenidade quase angélica e, que contrasta com a maneira de ser dos outros espíritos. A palavra é suave, penetrante, e, quando a sessão termina, os assistentes se encontram sob uma impressão de serena paz, de profunda quietude. O médium, ao despertar, ignora completamente o que foi dito por sua boca durante o transe e declara encontrar-se como mergulhado em um “banho de radiações”. Ele experimenta uma sensação de bem-estar inexprimível.

   O Esteta tomou a arquitectura como tema das duas primeiras lições estenografadas, que reproduzimos mais adiante. Escolheu como modelo a catedral, porque ela serve de moldura a todas as outras artes. Mais tarde ele nos falará de escultura, de pintura, de eloquência e, por fim, o estudo da música e as lições de Massenet virão completar esta exposição.
/…

* Massenet (Jules): compositor francês (Montaud, Saint-Étienne, 1842 – Paris, 1912). Sua arte encantadora, sensível, possuía o dom da invenção melódica e o senso real do teatro. Autor de Manon, Herodíade, Taís, Werther, O Jogral de Notre-Dame, Dom Quichote, etc. (N.T., segundo o Dicionário Koogan Larousse.)


LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte I – Objectivo da arte – Objectivo da evolução – Necessidade das vidas sucessivas – Apresentação de o Esteta. 2º Fragmento da obra.
(imagem: Mona Lisa 1503-1507 – Louvre, pintura de Leonardo da Vinci)

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