Capítulo II
Nas sessões
espíritas onde não existe nem o recolhimento, nem união de pensamentos ou união
de forças, criam-se correntes diversas e fre-quentemente opostas que formam como
uma tempestade de fluidos, na qual as entidades elevadas sentem um real
desconforto e até um sofrimento que paralisa a sua ação. Por outro lado, os
espíritos inferiores, de vibrações baixas, aí se comprazem e agem tanto mais
facilmente, conforme são mais grosseiros, mais próximos da matéria. Mas a sua
influência é prejudicial para os médiuns, que eles desgastam e desequilibram
com o correr do tempo. Isso não é menos temível para os próprios pesquisadores,
como se pode verificar pelas experiências do Dr. Gibier |* e em muitos outros
casos, por experimentadores negligentes ou ignorantes das condições e leis que
regem o mundo invisível.
Se os
resultados obtidos na Inglaterra, nos meios científicos, são mais desenvolvidos
do que na França, é porque os sábios que declaram publicamente os fenómenos e
as provas de identidade que obtiveram, como Crookes, Myers, Lodge, etc., eram,
ou são espiritualistas, enquanto que o ceticismo e o materialismo ainda dominam
a maioria dos nossos sábios.
Todos os
que, pelo estudo do mundo invisível, nos seus contactos com o Além, procuram as
certezas que fortificam e consolam, as grandes verdades que iluminam a vida,
traçam o caminho a seguir, fixam o objetivo da evolução; todos os que procuram
adquirir as forças espirituais que sustentam na luta e na prova, que nos preservam das tentações de um mundo material e enganador, devem unir os seus
pensamentos, orações e vontades, devem fazer jorrar de suas almas essas correntes
poderosas e fluídicas que atraem as entidades protetoras e os amigos
falecidos. Se souberem perseverar nos seus pedidos, em suas pesquisas, em seus
desejos, elas se aproximarão; essas almas, e seus conselhos, ensinos e ajudas
se derramarão sobre eles como um orvalho benfeitor. Nessa comunhão crescente
com o invisível, gozarão uma vida nova e se sentirão reconfortados, regenerados.
E se, pela
sua assiduidade e fé, obtiverem belos fenómenos e notáveis faculdades
psíquicas, não se tornem vaidosos, e os aceitem com reconhecimento, humildade e façam-nos servir para o seu aperfeiçoamento moral. Lembrem-se de que a
presunção é como uma muralha que se interpõe entre nós e as influências do
Alto, assim como disse Bernardin de Saint-Pierre: |** “Para se achar a
verdade, é preciso procurá-la com o coração puro”. E ainda acrescentarei essas
palavras das Escrituras: “Deus deu para os pequenos e humildes o que negou, às
vezes, aos poderosos e aos sábios”.
|* Ver Espiritismo ou
Faquirismo Ocidental, pelo Dr. Paul Gibier (há edição FEB). Ver também
“Caso Trágico” publicado pela revista Luce
e Ombra, número de junho, 1921, reproduzido pela Revista Espírita.
|** Escritor francês (1737-1814), autor de Paulo e Virgínio.
/…
Léon Denis, O Espiritismo e as Forças Radiantes,
Capítulo II, 2 de 3, 5º fragmento da obra.
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)
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