Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sábado, 15 de outubro de 2011

O antigo Egipto


IV - A Civilização Egípcia

Os egípcios

    Dentre os Espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacavam na prática do Bem e no culto da Verdade.

   Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Em razão dos seus elevados patrimónios morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante.

   Um único desejo os animava, que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates resplandecentes.

   Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas.

   Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente desenvolvido. Em todos os corações morava a ansiedade de voltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afectos. Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo Egipto desapareceram do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas Pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os espíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral.

A ciência secreta

   Em virtude das circunstâncias mencionadas, os egípcios traziam consigo uma ciência que a evolução da época não comportava.

   Aqueles grandes mestres da antiguidade foram, então, compelidos a recolher o acervo de suas tradições e de suas lembranças no ambiente reservado dos tempos, mediante os mais terríveis compromissos dos iniciados nos seus mistérios. Os conhecimentos profundos ficaram circunscritos ao círculo dos mais graduados sacerdotes da época, observando-se o máximo cuidado no problema da iniciação.

   A própria Grécia, que aí buscou a alma de suas concepções cheias de poesia e de beleza, através da iniciativa dos seus filhos mais eminentes, no passado longínquo, não recebeu toda a verdade das ciências misteriosas. Tanto é assim, que as iniciações no Egipto se revestiam de experiências terríveis para o candidato à ciência da vida e da morte – factos esses que, entre os gregos, eram motivo de festas inesquecíveis.

   Os sábios egípcios conheciam perfeitamente a inoportunidade das grandes revelações espirituais naquela fase do progresso terrestre; chegando de um mundo de cujas lutas, na oficina do aperfeiçoamento, haviam guardado as mais vivas recordações, os sacerdotes mais eminentes conheciam o roteiro que a humanidade terrestre teria de realizar. Aí residiam os mistérios iniciáticos e a essencial importância que lhes era atribuída no ambiente dos sábios daquele tempo.

O politeísmo simbólico

   Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus único e absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude das suas experiências pregressas.

   Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então a ideia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do Homem e da Natureza.

   As massas requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião.

   Já os sacerdotes da época conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressões exotéricas de suas lições sublimadas.

   Dessa ideia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenómenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contacto permanente com a Natureza.

O culto da morte e a metempsicose

   Um dos traços essenciais desse grande povo foi a preocupação insistente e constante com a morte. A sua vida era apenas um esforço para bem morrer. Seus papiros e frescos estão cheios dos consoladores mistérios do além-túmulo.

   Era natural. O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação, que na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose era o fruto da sua amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre.

   Inventou-se, desse modo, uma série de rituais e cerimónias para solenizar o regresso dos seus irmãos à pátria espiritual.

   Os mistérios de Ísis e Osíris mais não eram que símbolos das forças espirituais que presidem aos fenómenos da morte.

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ESPÍRITO EMMANUEL, A Caminho da Luz, IV - A Civilização Egípcia, (fragmento 1 de 2) texto mediúnico ditado em 1938 a FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
(imagem: Ísis com os atributos de Hathor – pintura mural)

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