Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A vontade de Deus


   Temos constan-
temente debaixo dos olhos um exemplo que nos pode dar uma ideia da maneira como a vontade de Deus se pode exercer sobre as partes mais íntimas de todos os seres e, consequentemente, como as impressões mais subtis da nossa alma chegam até ele. Foi retirado duma instrução dada por um Espírito a este respeito.

   «O homem é um pequeno mundo cujo dirigente é o Espírito e o corpo o principio dirigido. Neste Universo, o corpo representará uma criação em que o espírito será Deus (percebereis que não se pode tratar aqui mais que de uma analogia e não de uma identidade). Os membros deste corpo, os diferentes órgãos que o compõem, os seus músculos, os seus nervos, as suas articulações são outras tantas individualidades materiais, se assim podemos dizer, localizadas num sítio especial do corpo; apesar de o número das suas partes constituintes, de natureza tão variada e tão diferente, ser considerável, não oferece no entanto dúvidas a ninguém que não pode produzir movimentos, que uma qualquer impressão não pode dar-se num sítio particular sem que o Espírito tenha disso consciência. Há sensações diversas em vários sítios simultaneamente? O Espírito sente-as todas, percebe-as, analisa-as, atribui a cada uma a sua causa e o seu lugar de acção por intermédio do fluido do perespírito.

   »Um fenómeno análogo dá-se entre a Criação e Deus. Deus está em todo o lado na natureza, tal como o Espírito está em todo o corpo; todos os elementos da Criação estão em contacto constante com ele, tal como todas as células do corpo humano estão em contacto imediato com o ser espiritual; não há portanto razão nenhuma para que os fenómenos da mesma ordem não se produzam da mesma maneira, num e noutro caso.

   »Um membro agita-se: o Espírito sente; uma criatura pensa: Deus sabe-o. Todos os membros estão em movimento, os diferentes órgãos são postos em movimento: o Espírito sente cada manifestação, distingue-a e localiza-a. As diferentes criações agitam-se, pensam, agem de forma diversa e Deus sabe tudo o que se passa, atribuindo a cada uma o que lhe é particular.

   »Podemos deduzir daqui igualmente a solidariedade da matéria e da inteligência, a solidariedade entre os seres de um mundo e, enfim, entre as criações e o Criador.»

Quinemant, Sociedade Espírita de Paris, 1867


ALLAN KARDEC in A GÉNESE, Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo – Capítulo II, DEUS, A Providência 26 e 27.
(imagem: Winding the Skein – 1878, pintura de Frederic Leighton)

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