Oitava lição
(Transmissão da arte na Terra, Os dons inatos)
(Transmissão da arte na Terra, Os dons inatos)
|3 de Fevereiro de 1922|
“Falaremos hoje sobre a transmissão da arte no planeta
Terra, a fim de mostrarmos a participação que têm, nas composições artísticas,
os espíritos que continuam uma obra cujos elementos se obtêm das fontes
fluídicas e se propagam nos meios materiais. Vimos de que maneira, no espaço,
um ser evoluído podia, por reflexos, reproduzir por meio de suas qualidades
artísticas, temas retirados do domínio da arquitectura, da pintura, da
escultura ou do pensamento.
Vós vos lembrais que é graças à faculdade que cada ser fluídico
possui, de poder constituir os elementos e os quadros de suas vidas sucessivas,
que ele aprende e retém todas as coisas que formam a universalidade divina.
Agora eu desejo, deixando de lado o problema da intuição, falar-vos do espírito
reencarnado que na Terra, por exemplo, quando o desenvolvimento corporal for
suficiente, poderá sentir vibrar em si as moléculas fluídicas impregnadas
de radiações resultantes de várias vidas no espaço, radiações estas que se
podem traduzir, na Terra, por supostos dons inatos que levarão a criatura a uma
situação de destaque na categoria dos artistas e dos pensadores.
Tomemos a arquitectura: após ter reunido os elementos do desenho
que enriquecerão o seu cérebro de materiais capazes de concentrar as radiações,
estas, intuitivamente, levarão o ser humano a criar formas ideais,
inspirando-se, sem o saber, em imagens, em quadros, que poderão ser
reconstituídos pelas radiações ligadas aos seus átomos cerebrais.
Segundo o número de vidas percorridas, segundo a vontade de
estudar, de compreender, os átomos serão mais ou menos animados de uma vida
própria e, também de acordo com a flexibilidade de harmonia das linhas que lhe
servirão de condutor, a obra criada será mais ou menos rica e elevada.
De um lado, trabalho exterior, aquele que é ensinado durante
a vida tangível do ser; de outro lado, fixação de moléculas radiantes,
impregnadas das aquisições anteriores. Sobre essas linhas mais ou menos flexíveis,
maleáveis, realiza-se uma produção, uma criação do objectivo. O arquitecto, na
sua mesa de trabalho, de repente vê aparecerem as linhas, as abóbadas e,
segundo a sua vontade, um monumento se edifica; são as moléculas que, de acordo
com os conhecimentos geométricos adquiridos, agem por extensão sobre os lobos
cerebrais do artista e concretizam imagens idealizadas pelo abstracto.
Servi-me do arquitecto como exemplo porque a arte arquitectural
é, sob o vosso ponto de vista, a arte mais tangível. No espaço, o espírito
percorre mundos infinitos; a arte da linha é para ele a primeira letra desse
alfabeto grandioso que nós chamaremos gama das formas, dos sons e das cores. O
ser vai obter no espaço e nos mundos essas formas necessárias, que serão
reproduzidas pela escultura. Para um espírito mais subtil, que ocupa um escalão
mais elevado da arte, a pintura será a preferida porque o relevo na pintura é
unicamente fluídico e deve ser reproduzido pelo pincel.
O terceiro escalão será o que dará acesso aos pensadores, aos
filósofos, aos escritores. Os trabalhos geométricos, dos quais falamos, ali se
tornam quase fictícios; sendo a geometria do pensamento simplesmente uma
análise cada vez mais subtil dos seres e das coisas.
Na nossa próxima conversa abordaremos a música e eu me
esforçarei por vos demonstrar como as inflexões musicais devem e podem
sintetizar todas as artes, porquanto elas são o veículo da inspiração que tudo
cria e anima.
Na minha vida terrestre, sensibilizei-me por todas as artes: a pintura, a escultura, a música; agora, Deus permite que eu viva nas esferas onde tudo é
vibração e eu desejo dar-vos um resumo desta vida celeste.”
/…
LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte IV
– Oitava lição / Transmissão
da arte na Terra, Os dons inatos, 19º fragmento da obra.
(imagem de ilustração: Mona Lisa 1503-1507
– Louvre, pintura de Leonardo da Vinci)
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