Deus | e o Universo (V)
É a ti, ó Potência Suprema! Qualquer que seja o nome que te
dêem e por mais imperfeitamente que sejas compreendida; é a ti, fonte eterna da
vida, da beleza, da harmonia, que se elevam nossas aspirações, nossa confiança,
nosso amor.
Onde estás, em que céus profundos, misteriosos, tu te
escondes? Quantas Almas acreditaram que bastaria, para te encontrar, o deixar a
Terra! Mas tu te conservas invisível no mundo espiritual, quanto no mundo
terrestre, invisível para aqueles que não adquiriram ainda a pureza suficiente
para reflectir teus divinos raios.
Tudo revela e manifesta, no entanto, tua presença. Tudo
quanto na Natureza e na Humanidade canta e celebra o amor, a beleza, a
perfeição, tudo que vive e respira é mensagem de Deus. As forças grandiosas que
animam o Universo proclamam a realidade da Inteligência divina; ao lado delas,
a majestade de Deus se manifesta na História, pela acção das grandes Almas que,
semelhantes a vagas imensas, trazem às plagas terrestres todas as potências da
obra de sabedoria e de amor.
E Deus está, assim, em cada um de nós, no templo vivo da
consciência. É aquele o lugar sagrado, o santuário em que se encontra a divina
centelha.
Homens! Aprendei a imergir em vós mesmos, a esquadrinhar os
mais íntimos recônditos do vosso ser; interrogai-vos no silêncio e no retiro. E
aprendereis a reconhecer-vos, a conhecer o poder escondido em vós. É ele que
leva e faz resplandecer no fundo de vossas consciências as santas imagens do
bem, da verdade, da justiça, e é honrando essas imagens divinas, rendendo-lhes
um culto diário, que essa consciência, ainda obscura, se purifica e se ilumina.
Pouco a pouco, a luz se engrandece dentro de nós. De igual
modo que gradualmente, de maneira insensível, as sombras dão lugar à luz do
dia, assim a Alma se ilumina das irradiações desse foco que reside nela e faz
desabrochar, em nosso pensamento e em nosso coração, formas sempre novas,
sempre inesgotáveis de verdade e de beleza. E essa luz é também
harmonia penetrante, voz que canta na alma do poeta, do escritor, do profeta, e
os inspira e lhes dita as grandes e fortes obras, nas quais eles trabalham para
elevação da Humanidade. Mas, sentem essas coisas apenas aqueles que,
tendo dominado a matéria, se tornaram dignos dessa comunhão sublime, por
esforços seculares, aqueles cujo senso íntimo se abriu às impressões profundas
e conhece o sopro potente que atiça os clarões do génio,
sopro que passa pelas frontes pensativas e faz estremecer os envoltórios
humanos.
/...
Léon Denis, O Grande Enigma, Primeira parte Deus
e o Universo, I O grande Enigma 5 de 5, 8º fragmento da obra.
(imagem: As majestosas e violentas palavras dos poemas, pintura em acrílico de Costa Brites)
(imagem: As majestosas e violentas palavras dos poemas, pintura em acrílico de Costa Brites)
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