Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sábado, 8 de dezembro de 2012

pensamento crítico~


A sobrevi-vência contra a evolução

   Mas não fica nisso o desprezo dos autores pela dialética. Depois desse gigantesco retrocesso histórico, afirmam eles, como se dissessem uma novidade: “a morte do indivíduo é um dos métodos da vida” (que dúvida!). E continuam: “Cada indivíduo é uma experiência biológica. Cada espécie progride pela seleção, rejeição ou multiplicação dos indivíduos. Biologicamente, a vida deixaria de continuar para diante, se os indivíduos não tivessem um fim e não fossem substituídos por outros. A ideia da imortalidade individual é absolutamente contrária à ideia da evolução contínua”.

   E logo mais, numa dessas tiradas que se repetem de boca em boca e de livro em livro, enquanto alguém não pede, como Sócrates, a definição do seu verdadeiro sentido: “São os moços, e não os velhos, os que desejam a imortalidade pessoal.”

   É pena que não mencionem a fonte desse espantoso dado estatístico, pois gostaríamos de confrontá-lo com o número de mocidades espíritas, católicas, protestantes, teosofistas, e dos muitos outros jovens espiritualistas não filiados a nenhuma seita, por que estranho motivo não deixam o terreno exclusivamente aos velhos, monopolizadores modernos da velha aspiração humana da sobrevivência.

   Dizer, além disso, que a imortalidade individual é contrária à evolução contínua, é “fazer de conta” que essa imortalidade seja biológica. Ora, absurdo dessa monta ninguém poderia aceitar. Como, pois, interpretar-se a atitude desses homens habituados a lidar com as coisas do pensamento, a acompanhar e divulgar os conhecimentos científicos, senão pelo desprezo à dialética?
/…


José Herculano Pires, Espiritismo Dialéctico, A sobrevivência contra a evolução, 7º fragmento da obra.
(imagem: Diógenes, pormenor d'A escola de Atenas de Rafael Sanzio, 1509)

Sem comentários: