Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Seres Radiantes do espaço ~


Capítulo II

Como foi exposto no artigo precedente, tudo se encadeia e se harmoniza na imensa escala das forças. Cada vibração sonora desperta, na matéria, uma repercussão corres-pondente. É conhecido o fenómeno dos diapasões que vibram, em uníssono, quando se afinam e quando um só deles foi posto em movimento. Numa ordem mais subtil, a mesma lei se aplica às ondas eléctricas, que transmitem o pensamento a enormes distâncias e constituem a telegrafia sem fio; basta, para isso, que dois postos tenham seus “comprimentos de ondas” em relação de mesma identidade.

É assim que a Natureza nos mostra, em todos os graus e em todas as coisas, a lei harmónica que imprime o seu ritmo à vida universal. Encontramos os efeitos dessa lei, em um grau superior, em todas as relações que unem os mundos visível e invisível, e em todas as relações que podem se estabelecer entre os homens e os espíritos.

Nós já dissemos que o pensamento é a força por excelência que comanda as outras forças e as impregna com suas qualidades ou com seus defeitos. O magnetizador, o terapeuta cedem a seus fluidos um poder curativo, o feiticeiro lhes imprime as propriedades maléficas. O pensamento puro e generoso é uma luz. Dos espíritos superiores desprende-se uma claridade radiante que ofusca e afasta os espíritos do abismo. É por isso que a presença de um espírito protector, nas sessões, constitui uma salvaguarda, uma protecção contra as fraudes e as obsessões.

Quem poderá negar a força do pensamento? Não é ela que dirige a Humanidade na sua caminhada áspera e dolorosa? Não é ela que inspira o génio e prepara as revoluções? Ora, o papel preponderante que essa força desempenha na História do mundo, nós o reencontramos, num plano mais modesto, nas reuniões espíritas.

O pensamento do Alto ultrapassa, em energia, todas as forças da Terra, porém, para se comunicar com os humanos, é preciso oferecer-lhe condições favoráveis. Assim como os postos de T.S.F. devem ajustar as suas ondas para receber as mensagens transmitidas, é preciso que as almas dos assistentes tenham os seus pensamentos e irradiações em harmonia, para perceber o pensamento superior. Fora dessas condições, a actuação do espírito superior será difícil, precária, muitas vezes impossível, e o ambiente ficará aberto aos espíritos levianos e a todas as más influências do Além.

Através de que procedimento pode-se dar aos pensamentos, às radiações fluídicas dos membros de um mesmo grupo dessa assembleia, esse carácter elevado, essa espécie de sincronismo que cria um ambiente puro e que permite ao espírito superior manifestar-se?

Respondemos sem hesitar: pela oração! Não, certamente, como a prece praticada nas igrejas, essa recitação monótona, murmurada pelos lábios e sem efeito sobre as vibrações da alma. Nós chamamos de prece o grito do coração, o apelo ardente, a improvisação calorosa que comunica uma impulsão irresistível às nossas energias ocultas. Como já vimos mais acima, pelas experiências da placa sensível, essas energias profundas vibram com intensidade e se impregnam das qualidades de nossa oração. Desde então, elas facilitam a intervenção dos espíritos guias, a dos amigos, e afastam os espíritos das trevas. A música, também, pelo seu ritmo, contribui para unificar os pensamentos e os fluidos.

Enfocados sob esses aspectos, a prece perde o pretenso carácter místico que certos cépticos lhe atribuem, para tornar-se um meio prático e positivo, quase científico, de unificar as forças activas e nos apresentar fenómenos de alto valor. A prece é a expressão máxima do pensamento e da vontade. É nesse sentido que Allan Kardec a recomendava a seus discípulos. A prece é, para as religiões, uma fonte preciosa para elevar e melhorar o ser humano, mas a prática torna-se banal, se ela deixa de ser esse impulso espontâneo da alma, que lhe faz vibrar as cordas profundas.
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Léon Denis, O Espiritismo e as Forças Radiantes, Capítulo II, 1 de 3, 4º fragmento da obra.
(imagem: Ascensão de Cristo, pintura de Salvador Dali, 1958)

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