Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

domingo, 18 de setembro de 2011

~~Em torno da humildade~~

“Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do Alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.”
 – Tiago

(Tiago, 1:17.)

   Afinal, que possuímos que não devemos a Deus? A própria vida de que dispomos se reveste de tanta grandeza e de tanta complexidade, que só a loucura ou a ignorância não reconhecem a Divina Sabedoria em seus fundamentos.

   Para a consideração disso, basta que o homem reflicta no usufruto inegável de que se vale na mobilização dos bens que o felicitam no mundo.

   O corpo que lhe serve de transitória morada é uma doação dos Poderes Superiores, por intermédio do santuário genético das criaturas.

   Os familiares se lhe erigem como sendo apoios de empréstimo.

   A inteligência se lhe condiciona a determinados factores de expressão.

   O ar que respira é património de todos.

   As conquistas da ciência, sobre as quais baseia o progresso, são realizações correctas, mas provisórias, porquanto se ampliam consideravelmente, de século para século.

   Os seus elementos de trabalho são alteráveis de tempo a tempo.

   A saúde física é uma dádiva em regime de comodato.

   A fortuna é um depósito a título precário.

   A autoridade é uma delegação de competência, obviamente transferível.

   Os amigos são mutáveis, na troca incessante de posições, pela qual são frequentemente chamados a prestação de serviço, segundo os ditames que os princípios de aperfeiçoamento ou de evolução lhes indiquem.

   Os próprios adversários, a quem devemos preciosos avisos, são substituídos periodicamente.

   Os mais queridos objectos de uso pessoal passam de mão em mão.

   Em qualquer plano ou condição de existência, estamos subordinados à lei da renovação. À vista disso, sempre que nos vejamos inclinados a envaidecer-nos por alguma coisa, recordemos que nos achamos inelutavelmente ligados à Vida de Deus que, a benefício de nossa própria vida, ainda hoje tudo pode rearticular, refundir, refazer ou modificar.


ESPÍRITO EMMANUEL, Ceifa de Luz – Em torno da humildade, psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
(imagem: The Bird's Nest - 1860, pintura de Charles Joshua Chaplin)

1 comentário:

palavra luz disse...

Na circunstância que fui alcançando ao longo da vida, a importância da humildade tem vindo a ocupar lugar central nas minhas principais concepções, percepções e actividades.

Continuando a respeitar o valor de certas individualidades - expoentes de grandes qualidades humanas - acho cada vez mais importante a atitude abnegada e simples das pessoas mais humildes, como modelo principal de vida.

A minha querida avó, pilar afectivo e símbolo das mais íntegras qualidades, reinará em mim para todo o sempre como heroína de dedicação generosa, de rigor sem limites e de carinho inesgotável, sem qualquer pretensão de honrarias ou recompensas.

Como instrumentos de afirmação de vida teve unicamente o seu permanente sentido do dever, o sentido humílimo de vervir aqueles que amava - e era quase toda a gente - sem ter possuído nada de seu que não fosse a raiz essencial do lar, de seu marido, filhas, netos e amigos. E a enorme e luminosa fé com que orava todos os dias da sua vida.

Em todas as minhas orações é ainda o eco da sua voz que oiço dentro de mim, e tenho a certeza certa de que está comigo, que me protege e acompanha.

Quanto ao entendimento do "...usufruto inegável ... dos bens que ... felicitam (o homem) neste mundo..." a que alude o belíssimo texto acima, essa será não apenas uma atitude intelectual de humildade, mas uma demonstração - para mim inevitável - da mais elementar lógica de bom senso.

Todos os elementos de categorização da vida que são enumerados de seguida:
o corpo, a família, a inteligência, a saúde, a fortuna, a autoridade, etc. estão ali lucidamente reduzidos à sua real condição de acessórios do precário trânsito dos vivos por este mundo.

O homem simples irá passar pelos portais do Além com a mesma serenidade de alma das grandes figuras do talento e do poder, com a vantagem suplementar de não ter de se envergonhar de si mesmo pelo mau uso do orgulho, da autosuficiência, dos hábitos da fortuna, do poder e da arbitrária autoridade.

Grande abraço fraterno a lugar@zul e seu generoso autor, e bem assim a todos os amigos visitantes