Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

As Trevas

“- Que devemos entender por trevas em que se encontram mergulhadas certas almas sofredoras? Serão as trevas tantas vezes referidas na Escritura?
«Sim, efectivamente, são as trevas designadas por Jesus e pelos profectas em referência ao castigo dos maus. Mas isso não passa de uma alegoria destinada a ferir os sentidos materializados dos seus contemporâneos, os quais nunca poderiam compreender a punição de uma maneira espiritual. Certos Espíritos estão emersos em trevas, mas deve-se concluir daí uma verdadeira noite da alma comparável à obscuridade intelectual do idiota. Não é uma loucura da alma, mas sim uma inconsciência de si própria e do que a rodeia que se produz quer na presença, quer na ausência da luz material. É, principalmente, a punição dos que duvidaram do seu destino. Acreditaram no nada e as aparências desse nada fazem o seu suplício, até que a alma, caindo em si, quebre energicamente as malhas de enervamento moral que a envolveu; tal como um homem oprimido por um sonho penoso, luta num dado momento, com todo o vigor das suas faculdades, contra os terrores que de começo o dominam.
»Esta redução momentânia da alma a um nada fictício e consciente da sua existência é um sentimento mais cruel do que se pode imaginar, em razão da aparência de repouso que a acomete; é esse repouso forçado, essa nulidade de ser, essa incerteza que lhe fazem o suplício. O aborrecimento que a invade é o mais terrível dos castigos, porque não sente coisa alguma à sua volta, nem coisas, nem seres; são para ela verdadeiras trevas.»
S. Luís”

ALLAN KARDEC, O Céu e o Inferno, Parte II Exemplos, Capítulo IV - Espíritos sofredores, Estudo sobre as comunicações de Claire

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