Capítulo III (IV)
Para concluir, afirmamos que é por desconhecerem o papel das
forças radiantes nos fenómenos e o modo de dirigi-las que os pesquisadores
oficiais registaram tamanho insucesso. Nas pesquisas psíquicas, a
homogeneidade do ambiente, a harmonia dos fluidos e dos pensamentos são
factores indispensáveis para o seu sucesso. Quanto mais forem empregados
os procedimentos materialistas usados pela Ciência, menos a assistência do Alto
será favorecida. Nos ambientes em que as entidades superiores querem intervir,
se encontrarem influências contrárias, para elas, torna-se impossível agir ou
mesmo transmitir os seus pensamentos; as divergências de pontos de vista formam
uma barreira e os fluidos delas não podem mais penetrar o médium e, através
deste, atingir o espírito e o coração dos assistentes.
É somente na homogeneidade perfeita, na fusão de
fluidos e sentimentos que o espírito, ao ler os nossos pensamentos, pode
responder com exactidão às perguntas íntimas e resolver os problemas mais
delicados da vida e da morte.
Os nossos sábios oficiais pouco se preocupam em preencher
essas condições e, por isso, ocorrem os repetidos fracassos. Eles não tratam os
médiuns com a imparcialidade necessária. Esperamos encontrar médiuns muito
eficientes, bem-dotados para apresentar aos sábios provas incontestáveis da
sobrevivência, mas para que um médium transmita fielmente o pensamento ou
reproduza a forma de um desencarnado, é preciso ter um grau adequado de
sensibilidade. Ora, se tomarmos um médium muito sensível e o colocarmos
num meio onde os fluidos produzidos pelos assistentes não sejam da mesma
natureza e com velocidade de vibração diferente, daí resultará, então, que a
sua sensibilidade será enfraquecida e, até mesmo, anulada. O seu estado mental
será influenciado por alguém do ambiente e, vendo que a experiência falha, ele
procurará, talvez, por meios fraudulentos, dar a impressão dos fenómenos
esperados.
Citemos um exemplo: Os espíritas de Paris ainda se lembram
de um médium exótico que, em 1909, após ter obtido aparições autênticas,
fenómenos de real valor, abusou das suas faculdades e se abandonou à prática de
repetidas fraudes, em locais heterogéneos e na presença de várias testemunhas.
Foi preciso denunciá-lo publicamente, e até mesmo, incriminá-lo moralmente,
denuncia publicada na Revue Spirite, (Revue
Spirite, 1909, pp. 79, 217 e 222 e Annales des Sciences Psychiches de
1909) para impedir a série de fraudes e deter o seu exercício. Sem esta medida,
esses nossos adversários que se comprazem em investigações falsas, em vez de
procurarem, longe, temas de escândalo, não teriam deixado de explorar a
lembrança dessas cenas que, mesmo em Paris, tiveram tantos espectadores e
testemunhos ainda vivos.
Resumindo, os espíritas podem, com razão, pretender,
não somente, ter possuído, bem antes dos sábios oficiais, o conhecimento do
mundo dos fluidos e das forças radiantes – e isso é uma objecção capital
para todos os que acusam o Espiritismo de nada ter fornecido à Ciência – mas
também saber tomar, quando as circunstâncias o exigem, as resoluções
necessárias para proteger a dignidade da sua causa.
/…
Léon Denis, O Espiritismo e as Forças Radiantes, Capítulo III 4 de 4, 10º fragmento da obra.
(imagem de ilustração: Anos e Anos de Viagem Sideral,
pintura em acrílico de Costa
Brites)
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