Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

terça-feira, 9 de abril de 2013

Seres Radiantes do espaço ~


Capítulo III

A Natureza, nos seus diversos aspectos, nos oferece um eterno encanto. Nossa vista, órgão ao mesmo tempo delicado e grosseiro, não percebe as formas de conjunto. Mas se, munidos de um microscópio, estudarmos a estrutura íntima dos corpos, o que acontecerá? Seremos obrigados a reconhecer que esses corpos são todos compostos de uma quantidade quase incalculável de partículas de uma subtileza prodigiosa, animadas de movimento constante e que se entrechocam, continuamente, num vertiginoso turbilhão. (I)

Por exemplo, quando a Ciência descobrir a causa da desintegração molecular das partículas do rádio, os cientistas conhecerão as forças profundas da natureza universal, forças misteriosas que, do centro da Terra até à mais distante estrela, interligam todos os mundos numa formidável unidade.

As desintegrações de átomos geram enormes quantidades de energia, maiores do que todas as reacções químicas. Por exemplo, a desintegração de um átomo de urânio libera 400.000 vezes mais energia do que a combustão de um átomo de carbono, segundo os químicos. Os raios catódicos, dizem eles, são produzidos por uma espécie de “bombardeio” contínuo de partículas infinitesimais a que chamamos electrões. Ao se fazer um vácuo suficiente em ampolas de vidro, como provou William Crookes, devolvem-se essas partículas ao estado de liberdade e de actividade, tanto mais acentuado quanto maior for a rarefacção. Com vácuo maior, sob a influência de uma corrente eléctrica, essas radiações apresentam cores delicadas, carmins e violetas e produzem-se, então, fluorescências que atingem o prodígio.

Esses fenómenos luminosos vêm confirmar o que nos dizem os espíritos sobre as propriedades da matéria subtil e os efeitos de luz, o uso das cores que desempenham tão grande papel em todas as situações da vida do Espaço.

Aumentando-se mais a rarefacção, obtêm-se radiações mais poderosas. Os raios catódicos, ao chocar as paredes de vidro, aumentam de intensidade e tomam o nome de raios X. (II) O seu poder de penetração ultrapassa tudo o que se conhecia antes deles; eles atravessam a madeira, os tecidos, os metais e mesmo as paredes; e verificou-se que sua acção se fazia sentir até 50 metros do ponto de emissão. O seu uso necessita de cuidados minuciosos, pois, se contribuíram para tratar de várias doenças, causaram também, às vezes, doenças mortais.

Todas essas descobertas nos revelam a existência de forças evidenciadas pela dissociação da matéria e que os espíritos utilizavam, desde muito tempo, nos fenómenos familiares aos estudantes do mundo invisível.

Não é demais insistir no facto de que os corpos ditos sólidos têm apenas uma densidade aparente, que resulta da imperfeição de nossos sentidos, e que, na realidade, eles se compõem de moléculas separadas umas das outras, por intervalos mais ou menos grandes, conforme a natureza desses corpos. Isso nos explica a sua penetrabilidade por radiações da matéria subtil e dos fluidos, em particular. O fenómeno de transporte, de materialização de espíritos e todos os factos dessa ordem encontram, aí, a sua explicação e todos aqueles que estudam, com atenção, essa Ciência do invisível, chegam a compreender e a admirar a harmonia das leis que unem o mundo sensível às forças e às manifestações do Além.
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(I) A análise da matéria, seja sólida, líquida ou gasosa, apresenta resultados inesperados. Foi assim que um físico calculou que um litro de ar (respirável) contém milhares de triliões de moléculas de oxigénio. Essas partículas, elas próprias, seriam apenas grupos de partículas ainda mais subtis; é assim que se chega à unidade da matéria reconhecida, agora, pela Ciência e que, segundo os alquimistas, justificam as esperanças no que se refere à transmutação dos corpos.

(II) Descobertos por W. Roentgen (1845-1923), físico alemão.



Léon Denis, O Espiritismo e as Forças Radiantes, Capítulo III, 1 de 4, 7º fragmento da obra.
(imagem: Anos e Anos de Viagem Sideral, pintura em acrílico de Costa Brites)

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