Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

domingo, 12 de maio de 2019

Hippolyte Léon Denisard Rivail

Revue Spirite |

Notas Bibliográficas

A RAZÃO DO ESPIRITISMO (*)

POR MICHEL BONNAMY

Juiz de instrução; membro dos congressos científicos de França; antigo membro do conselho geral de Tarn-et-Garonne.

Quando apareceu o romance Mirette, os Espíritos disseram estas palavras notáveis na Sociedade de Paris:

“O ano de 1866 apresenta a filosofia nova sob todas as formas; mas ainda é a haste verde que contém a espiga de trigo e, para a mostrar, espera que o calor da primavera a tenha amadurecido e feito desabrochar. 1866 preparou, 1867 amadurecerá e realizará. O ano vai abrir sob os auspícios de "Mirette" e não se esvairá sem ver aparecerem novas publicações do mesmo género e mais sérias ainda, no sentido em que o romance há de tornar-se filosofia e a filosofia se fará história.” (Revista de Fevereiro de 1867).

Anteriormente eles já haviam dito que se preparavam diversas obras sérias sobre a filosofia do Espiritismo, nas quais o nome da doutrina não seria timidamente dissimulado, mas confessado e proclamado em voz alta por homens cujo nome e posição social dariam peso à sua opinião e; acrescentáram que o primeiro apareceria provavelmente no fim do presente ano.

A obra que anunciamos realiza completamente esta previsão. É a primeira publicação deste género na qual a questão é encarada em todas as suas partes e em toda a sua grandeza. Pode, pois, dizer-se que inaugura uma das fases da existência do Espiritismo. O que a caracteriza é que não é uma adesão banal aos princípios da doutrina, uma simples profissão de fé, mas uma demonstração rigorosa, onde os próprios adeptos encontrarão novas ideias. Lendo esta argumentação cerrada, levada, a bem dizer, até a minúcia e, por um encadeamento lógico das ideias, perguntar-se-á, certamente, por que singular extensão do vocábulo se poderia aplicar ao autor o epíteto de louco. Se é um louco que assim discute, poder-se-á dizer que às vezes os loucos tapam a boca de gente que se diz sensata. É uma defesa exemplar, onde se reconhece o advogado que quer reduzir a réplica aos seus últimos limites; mas aí se reconhece, também, aquele que estudou a causa seriamente e a perscrutou nos seus mais minuciosos detalhes. O autor não se limita a emitir a sua opinião: ele a motiva e dá a razão de ser de cada coisa. É por isso que, com toda a justiça, intitulou o seu livro de A Razão do Espiritismo.

Ao publicar esta obra, sem esconder a sua personalidade nem com o mais pequeno véu, o autor prova que tem a verdadeira coragem da sua opinião e, o exemplo que dá é um título ao reconhecimento de todos os espíritas. O ponto de vista em que se colocou é principalmente o das consequências filosóficas, morais e religiosas, as que constituem o objectivo essencial do Espiritismo e dele faz uma obra humanitária.

Aliás, eis como ele se expressa no prefácio.

“Está nas vicissitudes das coisas humanas, ou, melhor dizendo, parece fatalmente reservado a toda a ideia nova ser mal acolhida no seu aparecimento. Como, a maior parte das vezes, tem por missão derrubar ideias que a precederam, encontra muito grande resistência da parte do entendimento humano.

“O homem que viveu com preconceitos não acolhe senão com desconfiança a recém-chegada, que tende a modificar, a destruir mesmo combinações e ideias fixas no seu espírito, a forçá-lo, numa palavra, a meter mãos à obra, para correr atrás da verdade. Aliás, sente-se humilhado no seu orgulho, por ter vivido no erro.

“A repulsa que inspira a ideia nova é muito mais acentuada ainda quando traz consigo obrigações, deveres; quando impõe uma linha de conduta mais severa.

“Ela encontra enfim ataques sistemáticos, ardentes, obstinados, quando ameaça posições conquistadas e, sobretudo quando se defronta com o fanatismo ou com opiniões profundamente arraigadas na tradição dos séculos.

“As doutrinas novas, pois, têm sempre numerosos detractores; muitas vezes elas têm mesmo que sofrer perseguição, o que levou Fontenelle a dizer: ‘Que se tivesse todas as verdades na mão, teria o cuidado de não a abrir.’

“Tais eram o desfavor e os perigos que esperavam o Espiritismo aquando do seu aparecimento no mundo das ideias. Os insultos, a zombaria, a calúnia não lhe foram poupados e; talvez, também venha o dia da perseguição. Os adeptos do Espiritismo foram tratados por iluminados, alucinados, patetas e loucos e, a essa enxurrada de epítetos que, todavia, pareciam contradizer-se e excluir-se, acrescentaram os de impostores, charlatães e, finalmente, de partidários de Satã.

“A qualificação de louco é a que parece mais especialmente reservada a todo o promotor ou propagador de ideias novas. É assim que trataram de louco o primeiro que se atreveu a dizer que a Terra girava em volta do Sol.

“Também era louco o célebre navegador que descobriu um novo mundo. Ainda era louco, para o areópago (i) da Ciência, o que descobriu a força do vapor. E a douta assembleia acolheu, com sorriso desdenhoso, a sábia dissertação de Franklin sobre as propriedades da electricidade e a teoria do pára-raios.

“Ele também, o divino regenerador da Humanidade, o reformador autorizado da lei de Moisés, não foi tratado de louco? Não expiou por um suplício ignominioso a propagação dos benefícios da moral divina na Terra?

Galileu não expiou como herético, num sequestro cruel e em amargas perseguições morais, a glória de ter sido o primeiro a ter a iniciativa do sistema planetário cujas leis Newton haveria de promulgar?

“São João Baptista (i), o precursor do Cristo, também tinha sido sacrificado à vingança dos culpados, cujos crimes condenara.

“Os apóstolos, depositários dos ensinamentos do divino Messias, tiveram que selar com sangue a santidade de sua missão. E a religião reformada por sua vez não foi perseguida e, depois dos massacres de São Bartolomeu, não teve que sofrer as dragonadas?

"Enfim, remontando até ao ostracismo inspirado por outras paixões, vemos Aristides exilado e Sócrates condenado a beber cicuta.

“Sem dúvida, graças aos costumes suaves que caracterizam o nosso século, sob o império das nossas instituições e das luzes que põem um freio à intolerância fanática; as fogueiras já não se erguerão para purificar com as suas chamas as doutrinas espíritas, cuja paternidade pretendem fazer remontar a Satã. Mas elas também devem esperar um levante dos mais hostis e o ataque de ardentes adversários.

“Entretanto, este estado militante não poderia debilitar a coragem dos que estão animados de uma convicção profunda, dos que têm a certeza de ter nas mãos uma dessas verdades fecundas, que constituem, nos seus desdobramentos, um grande benefício para a Humanidade.

“Mas, seja como for o antagonismo das ideias ou das doutrinas que o Espiritismo suscitar; sejam quais forem os perigos que devam abrir-se debaixo dos pés dos adeptos, o espírita não poderia deixar esta luz debaixo do alqueire e recusar-se a dar-lhe todo o brilho que ela comporta, o apoio das suas convicções e o testemunho sincero de sua consciência.

“O Espiritismo, revelando ao homem a economia da sua organização, iniciando-o no conhecimento dos seus destinos, abre um campo imenso às suas meditações. Assim o filósofo espírita, chamado a levar as suas investigações a esses novos e esplêndidos horizontes só tem por limites o infinito. Assiste, de certo modo, ao conselho supremo do Criador. Mas o entusiasmo é o escolho que deve evitar, sobretudo quando lança as suas vistas sobre o homem, tornado tão grande e que, no entanto, por orgulho se faz tão pequeno. Não é senão quando esclarecido pelas luzes de uma prudente razão e, tomando por guia a fria e severa lógica, que deve dirigir as suas peregrinações no domínio da ciência divina, cujo véu foi erguido pelos Espíritos.

“Este livro é o resultado dos nossos próprios estudos e das nossas meditações sobre este assunto que, desde o início, nos pareceu de importância capital e ter consequências da mais alta gravidade. Reconhecemos que estas ideias têm raízes profundas e nelas entrevimos a aurora de uma nova era para a sociedade. A rapidez com que se propagam é um indício de sua próxima admissão no número das crenças aceites. Na razão da sua importância, não nos contentámos com afirmações e argumentos da doutrina; não só nos assegurámos da realidade dos factos, mas perscrutámos com minuciosa atenção os princípios deles decorrentes; buscámos a sua razão com fria imparcialidade, sem negligenciar o estudo não menos consciencioso das objecções que os antagonistas opõem; como um juiz que escuta as duas partes contrárias, pesámos maduramente os prós e os contras. Só depois de haver adquirido a convicção de que as alegações contrárias nada destroem; que a doutrina repousa sobre bases sérias, numa lógica rigorosa e, não em devaneios quiméricos; que contém o gérmen de uma renovação salutar do estado social, minado secretamente pela incredulidade; que é, enfim, uma poderosa barreira contra a invasão do materialismo e da desmoralização é, que julgámos dever dar a nossa apreciação pessoal e, as deduções que tirámos de um estudo atento.

“Assim, tendo encontrado uma razão de ser nos princípios desta nova ciência, que tem lugar reservado entre os conhecimentos humanos, intitulámos o nosso livro A Razão do Espiritismo. Este título é justificado pelo ponto de vista sob o qual encaramos o assunto e, os que nos lerem reconhecerão sem dificuldade que este trabalho não é produto de um entusiasmo leviano, mas de um exame maduro e friamente reflexivo.

“Estamos convictos de que, quem quer que, sem partido preconcebido de oposição sistemática, fizer, como nós fizemos, um estudo consciencioso da Doutrina Espírita, a considerará como uma das coisas que interessam no mais alto grau ao futuro da Humanidade.

“Dando a nossa adesão a esta doutrina, usamos do direito de liberdade de consciência, que a ninguém pode ser contestado, seja qual for a sua crença. Com mais forte razão esta liberdade deve ser respeitada, quando tem por objectivo princípios da mais alta moralidade, que conduzem os homens à prática dos ensinamentos do Cristo e, por isso mesmo, são a salvaguarda da ordem social.

“O escritor que consagra a sua pena a traçar as impressões que tais ensinamentos deixaram no santuário da sua consciência, deve guardar-se bem de confundir as elucubrações brotadas no seu horizonte terrestre com os raios luminosos partidos do céu. Se ele se limitar aos pontos obscuros ou ocultos às suas explicações, pontos que ainda não lhe é dado conhecer é, que, aos olhos da sabedoria divina, ficam reservados para um grau superior na escala ascendente de sua depuração progressiva e de sua perfectibilidade.

“Todavia, apressemo-nos a dizê-lo, todo o homem convicto e consciencioso, consagrando as suas meditações à difusão de uma verdade fecunda para a felicidade da Humanidade, mergulha a sua pena na atmosfera celeste, onde o nosso globo está imerso e, recebe incontestavelmente a centelha da inspiração.”

A indicação do título dos capítulos dará a conhecer o quadro abarcado pelo autor.

1. Definição do Espiritismo. – 2. Princípio do bem e do mal. – 3. União da alma com o corpo. – 4. Reencarnação. – 5. Frenologia. (i) – 6. Pecado original. – 7. O inferno. – 8. Missão do Cristo. – 9. O purgatório. – 10. O céu. – 11. Pluralidade dos globos habitados. – 12. – A caridade. – 13. – Deveres do homem. – 14. Perispírito. (i) – 15. Necessidade da revelação. – 16. Oportunidade da revelação. – 17. Os anjos e os demónios. – 18. Os tempos preditos. – 19. A prece. – 20. A fé. – 21. Resposta aos insultadores. – 22. Resposta aos incrédulos, ateus ou materialistas. – 23. Apelo ao clero.

Lamentamos que a falta de espaço não nos permita reproduzir tantas passagens quanto desejaríamos. Limitar-nos-emos a algumas citações.

Cap. III, pág. 41. – “A utilidade recíproca e indispensável da alma e do corpo para a sua cooperação respectiva constitui, pois, a razão de ser de sua união. Ela constitui, a mais, para o Espírito, as condições militantes na via do progresso, onde é chamado a conquistar a sua personalidade intelectual e moral.

“Como é que esses dois princípios realizam normalmente, no homem, o fim de sua destinação? Quando o Espírito é fiel às suas aspirações divinas, restringe os instintos animais e sensuais do corpo e os reduz à sua acção providencial na obra do Criador; desenvolve-se, cresce. É a perfeição da obra que se realiza. Chega à felicidade, cujo último termo é inerente ao grau supremo da perfectibilidade.

“Se, ao contrário, abdicando da soberania que é chamado a exercer no corpo, cede ao arrastamento dos sentidos e, se aceita as suas condições de prazeres terrestres como único objectivo de suas aspirações, falseia a razão de ser de sua existência e, longe de realizar os seus destinos, fica estacionário; ligado a esta vida terrestre que, entretanto, não deveria ter sido para ele senão uma condição acessória, pois não poderia ser o seu fim, o Espírito, de chefe que era, torna-se subordinado; como insensato, aceita a felicidade terrena que os sentidos lhe fazem experimentar e que lhe propõem satisfazer, assim abafando nele a intuição da verdadeira felicidade que lhe está reservada. Eis a sua primeira punição.”

No capítulo XII, do inferno, pág. 99, encontramos esta notável apreciação da morte e dos flagelos destruidores:

“Seria enumerando os flagelos que espalham sobre a Terra o terror e o pânico, o sofrimento e a morte, que acreditariam poder dar a prova das manifestações da cólera divina?

“Sabei, pois, temerários evocadores das vinganças celestes, que os cataclismos que assinalais, longe de terem o carácter exclusivo de um castigo infligido à Humanidade, são, ao contrário, um acto da misericórdia divina, que fecha a esta o abismo onde a precipitavam as suas desordens e, lhe abre as vias do progresso, que a levarão ao caminho que deve seguir para assegurar a sua regeneração.

“Que são esses cataclismos, senão uma nova fase na existência do homem, uma era feliz, marcando para os povos e a Humanidade inteira o ponto providencial do seu adiantamento?

“Sabei, pois, que a morte não é um mal. Farol da existência do Espírito, ela é sempre, quando vem de Deus o, sinal de sua misericórdia e de sua assistência benfazeja. A morte é apenas o fim do corpo, o termo de uma encarnação e, nas mãos de Deus é, o aniquilamento de um meio corruptor e vicioso, a interrupção de uma corrente funesta, à qual, num momento solene, a Providência arranca o homem e os povos.

“A morte não é senão uma interrupção na prova terrestre. Longe de prejudicar o homem, ou antes, o Espírito, ela o chama a recolher-se no mundo invisível, seja para reconhecer as suas faltas e as lamentar, seja para se esclarecer e se preparar, por firmes e salutares resoluções, para retomar as provas da vida terrestre.

“A morte só gela o homem de pavor porque, muito identificado com a Terra, não tem fé no seu augusto destino, do qual este globo não passa de dolorosa oficina, na qual se deve realizar a sua depuração.

“Cessai, pois, de crer que a morte seja um instrumento de cólera e de vingança nas mãos de Deus; sabei, ao contrário, que ela é ao mesmo tempo a expressão de sua misericórdia e de sua justiça, seja detendo o mau na vida da iniquidade, seja abreviando o tempo de provas ou de exílio do justo sobre a Terra.

“E vós, ministros do Cristo, que do alto do púlpito da verdade proclamais a cólera e a vingança de Deus e, pareceis, por vossas eloquentes descrições da fantástica fornalha, atiçar as chamas inextinguíveis para devorar o infeliz pecador; vós que, dos vossos lábios tão autorizados, deixais cair esta aterradora epígrafe: ‘Jamais! – Sempre!’ então esquecestes as instruções de vosso divino Mestre?

Ainda citaremos as seguintes passagens, extraídas do capítulo sobre o pecado original.

“Em vez de criar a alma perfeita, quis Deus que não fosse senão por longos e constantes esforços que ela chegaria a desprender-se deste estado de inferioridade nativa e gravitar para os seus augustos destinos.

“Para chegar a esses fins, deve ela, pois, romper os laços que a prendem à matéria, resistir ao arrastamento dos sentidos, com a alternativa de sua supremacia sobre o corpo, ou da obsessão exercida sobre ela pelos instintos animais.

“É destes laços terrestres que lhe importa libertar-se e que nela constituem, eles mesmo, as condições de sua inferioridade; eles não são outros senão o suposto pecado original, o alvéolo que cobre a sua essência divina. O pecado original constitui, assim, o ascendente primitivo que os instintos animais devem ter exercido, inicialmente, sobre as aspirações da alma. Tal é o estado do homem que o Génesis quis representar sob a figura simples da árvore da ciência do bem e do mal. A intervenção da serpente tentadora não é outra coisa senão os desejos da carne e a solicitação dos sentidos; o Cristianismo consagrou esta alegoria como um facto real, ligando-se à existência do primeiro homem; e, é sobre este facto que baseou o dogma da redenção.

“Colocado deste ponto de vista, é preciso reconhecê-lo, o pecado original deve ter sido, com efeito e, realmente foi, o de toda a posteridade do primeiro homem e, assim o será durante uma longa sucessão de séculos, até à libertação completa do Espírito das opressões da matéria, libertação que, sem dúvida, tende a realizar-se, mas que ainda não se fez nos nossos dias.

“Numa palavra, o pecado original constitui as condições da natureza humana trazendo os primeiros elementos de sua existência, com todos os vícios que ela gerou.

“O pecado original é o egoísmo, é o orgulho que presidem a todos os actos da vida do homem;

“É o demónio da inveja e do ciúme que roem o seu coração;

“É a ambição que perturba o seu sono;

“É a cupidez, que não pode saciar a avidez do lucro;

“É o amor e a sede de ouro, este elemento indispensável para dar satisfação a todas as exigências do luxo, do conforto e do bem-estar, que persegue o século com tanto ardor.

“Eis o pecado original proclamado pelo Génesis e, que o homem sempre ocultou em si; ele só será apagado no dia em que, compenetrado dos seus altos destinos, o homem abandonar, conforme a lição do bom La Fontaine, a sombra pela presa; o dia em que renunciar à miragem da felicidade terrena, para voltar todas as suas aspirações para a felicidade real, que lhe está reservada.

“Que o homem aprenda, pois, a tornar-se digno do seu título de chefe entre todos os seres criados e, da essência etérea emanada do próprio seio do seu Criador e de que está repleto. Que seja forte para lutar contra as tendências do seu envoltório terrestre, cujos instintos são estranhos às suas aspirações divinas e não poderiam constituir a sua personalidade espiritual; que o seu único objectivo seja sempre gravitar para a perfeição do seu fim último e, o pecado original já não existirá para ele.”

Sr. Bonnamy já é conhecido dos nossos leitores, que puderam apreciar a firmeza, a independência do seu carácter e a elevação dos seus sentimentos, pela notável carta que publicámos na Revista de Março de 1866, no artigo intitulado: O Espiritismo e a Magistratura. Ele vem hoje, por um trabalho de alto alcance, emprestar resolutamente o apoio e a autoridade do seu nome a uma causa que, na sua consciência, considera como a da Humanidade.

Entre os adeptos já numerosos que o Espiritismo conta na magistratura, o Sr. Jaubert, vice-presidente do tribunal de Carcassonne e, o Sr. Bonnamy, juiz de instrução em Villeneuve-sur-Lot, são os primeiros que abertamente arvoraram a bandeira. E o fizeram, não no dia seguinte à vitória, mas no momento da luta, quando a doutrina é alvo dos ataques dos seus adversários e, quando os seus aderentes ainda estão sob o golpe da perseguição. Os espíritas actuais e os do futuro saberão apreciá-lo e não o esquecerão. Quando uma doutrina recebe os sufrágios de homens tão justamente considerados é, a melhor resposta às diatribes (i) de que ela possa ser objecto.

A obra do Sr. Bonnamy marcará os anais do Espiritismo, não só como a primeira à data no seu género, mas, sobretudo, pela sua importância filosófica. O autor aí examina a doutrina em si mesma, discute os seus princípios, dos quais tira a quintessência (i), fazendo abstracção completa de todo o personalismo o, que exclui qualquer pensamento corporativista.


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"Aceder ao original francês (i). Nota desta plublicação.

Nota desta publicação: "Julgamos, estas duas notícias terem interesse actualmente. Foram publicadas na Revue, de Novembro de 1867. Através delas – viajamos na sustentação das ideias emancipadoras coligidas por Kardec – aquando, também, de levar ao prelo a sua obra A Génese. No que contou, na primeira notícia, com a colaboração de uma figura maior a, do providencial Sr. Bonnamy (**), que aqui nos concedeu o seu vivo testemunho e muitas palavras honrosas de gratidão ao Espiritismo e, que realizou uma obra notável de índole espírita; da qual a primeira notícia é exemplo e nela nos deixou exímios recados concernentes às boas práticas de orientação no estudo e na divulgação da doutrina e, um rol inumerável de alertas (muito sérios!) aos párias em redenção no planeta Terra.


Allan Kardec (i), aliás, Hippolyte Léon Denisard Rivail, A RAZÃO DO ESPIRITISMO, POR MICHEL BONNAMY (**) / Juiz de instrução; membro dos congressos científicos de França; antigo membro do conselho geral de Tarn-et-Garonne, No Prelo... | Jornal de Estudos Psicológicos de Novembro de 1867, Publicação sob a direcção de Allan Kardec, 5º fragmento da Revista objecto do presente titulo desta publicação.
(imagem de contextualização: Dança rebelde, 1965 – Óleo sobre tela, de Noêmia Guerra)

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