Nona lição de O Esteta
– A música e a transmissão do pensamento artístico
– Perispírito, receptor das ondas musicais
– A música e a transmissão do pensamento artístico
– Perispírito, receptor das ondas musicais
|10 de Fevereiro de 1922|
“Hoje falaremos sobre a música do espaço, considerada como
meio de transmissão do pensamento artístico. Sei que um outro espírito, mais
perto de vós (i), já tentou fazer-vos
compreender a forma como as ondas, que chamais de musicais, são criadas e
depois transmitidas através do espaço, para chegarem aos diferentes mundos. Já
vos disseram que o que chamais de sonoridades para nós é comparável às cores
que, transportadas em moléculas fluídicas, percorrem os campos vibratórios e
vão comunicar aos seres impressões semelhantes àquelas que os vossos ouvidos
percebem quando ouvis uma gama de sons harmonizados neste ou naquele grau de
vibrações.
(i) Trata-se do Espírito Massenet, do qual publicaremos as lições mais adiante, nos tópicos especialmente dedicados à música (Nota do Autor; as suas notas sequentes conterão apenas as iniciais N.A.)
Na Terra, quando uma nota é tocada, se ela provém do tom
maior, essa nota transmite-vos uma sensação de alegria plena e irrestrita. Se
ela é em tom menor, ao contrário, o vosso cérebro receberá uma sensação de
profundidade, algumas vezes de tristeza ou de grande dor, de acordo com a
modulação dos acordes e o número de notas tocadas.
Portanto, a esses dois grandes princípios, maior e menor, correspondem
duas sensações: a alegria e a dor. Entre essas notas, tendes uma infinidade de
combinações que, por isso mesmo, formarão imagens. Assim como o escultor forma
uma imagem virtual, o grupo de notas, os acordes, conforme sejam moduladas em tom
maior ou menor, formarão pelo seu estilo uma série de pensamentos, que se
tornam mais ou menos compreensíveis, segundo a evolução dos modos (ii) da música. Eis aqui um ponto
estabelecido: as artes plásticas formam imagens e a arte das ondas musicais
forma, igualmente, imagem, mas uma imagem mais subtil, da qual o teor é mais
frágil e a compreensão mais delicada. Segundo o grau de evolução dos seres,
essa compreensão será mais ou menos profunda. É por isso que muitas vezes, na
vossa Terra, um ser de uma cultura média será impressionado, enquanto que o seu
cérebro ficará refractário quando ele quiser servir-se do alfabeto para exprimir
os seus pensamentos por meio de ondas que qualificais de musicais.
(ii) Modo: (em música) maneira como se dispõem os intervalos de tom e meio-tom numa escala; padrão rítmico constante numa composição (N.T.)
No espaço, como sabeis, não temos instrumentos, são os
nossos perispíritos que recebem as ondas transmissoras do pensamento musical.
Também será preciso impregnar directamente os seres que devem receber ondas
dessa natureza. Como os outros artistas, o espírito evoluído no sentido
musical, e que pode experimentar sensações infinitamente suaves e subtis,
também pode transmiti-las com a ajuda dos vossos instrumentos e por intermédio
do cérebro de um dos vossos executantes.
A matéria, para ser posta em movimento pelas ondas fluídicas,
necessita de um intermediário, que será o vosso cérebro, o qual, em
decorrência, age como um pólo atractivo e uma placa sensível, de onde partem
todas as irradiações que emanam dos fluidos.
Os vossos grandes músicos podem, como os outros artistas, receber
a inspiração, seja do espaço, seja como resultado de trabalhos anteriores. É
exactamente o mesmo fenómeno que se produz com os outros artistas.
No espaço os nossos meios são muito mais rápidos que os vossos;
não temos necessidade de instrumentos para trocar pensamentos, e a nossa música é
toda de impressões, agindo directamente sobre a parte mais sensível do nosso
ser fluídico, aquela que contém, em diversos graus, a centelha divina e que,
entre vós, é representada pelo órgão do coração.
As outras artes reflectem-se por imagens esculturais ou
pictóricas, que são as formas de transmissão de pensamento e, para nós,
substituem a palavra. A música é uma impressão especial que invade todo o nosso
ser fluídico, lança-o no êxtase, na beatitude, faz com que ele sinta sensações
de alegria, de quietude, de angústia, de desgosto, de dor, de pena, de
remorsos. Tal é, mais ou menos, a gama de todas as sensações ascendentes e
descendentes, que vão do rosa ao preto; o preto representando o nada.
Compreendeis, por conseguinte, sob o ponto de vista puramente
artístico, que sensações infinitas podem agir sobre um espírito já evoluído.
Agora podeis, na Terra, preparar-vos para receber essas sensações no Além,
afastando de vós qualquer satisfação material e sensual. Procurai as atracções
artísticas, por mais pobres que sejam; enriquecei o vosso pensamento, dai aos
vossos nervos um alimento de fortes vibrações; enchei o vosso cérebro de
sensações que, no vosso mundo, se traduzem por estudos analíticos das vossas
vidas terrestres. Tudo isso, um dia, repercutirá no espaço, ao cêntuplo,
porquanto as vibrações armazenadas no vosso ser carnal despertarão e atrairão,
como uma lira com mil asas (iii),
todas as sensações atractivas que podem gerar os sentimentos mais harmoniosos,
os mais elevados, que circulam nas correntes que emanam directamente da esfera
divina.
(iii) Observe-se o profundo sentido desta frase: “como uma lira com mil asas”. A lira, símbolo da poesia, da expressão poética, teria mil asas, mil formas de agasalhar todas as sensações geradoras de sentimentos harmoniosos (N.T.)
É o mais alto grau da arte, uma sensação artística infinita.
As vossas pobres criaturas não podem experimentar as
alegrias inefáveis que sentimos quando essas sensações vêm tocar os nossos
espíritos extasiados.
Quais são essas sensações? Tentarei, como conclusão,
dizer-vos, com a permissão de Deus, o que elas podem ser. Isso não será fácil,
porque seria como o vos abrir uma visão directa sobre a obra divina. Os vossos guias
vão orar. Espero poder dar-vos, em algumas palavras, uma ideia dessa grande
obra de beleza, de luz e de harmonia.”
LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte V – Nona lição de O Esteta – A música e a
transmissão do pensamento artístico – Perispírito, receptor das ondas musicais (3
de 4) 22º fragmento da obra.
(imagem de contextualização: Mona Lisa 1503-1507
– Louvre, pintura de Leonardo da Vinci)
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