Capítulo III (III)
Vamos examinar, agora, a questão das forças radiantes sob o
ponto de vista da experiência espírita e da intervenção dos espíritos;
resumimos, aqui, as instruções dos guias:
Os experimentadores chamados psiquistas nem sempre são
imparciais no seu controle e atraem para si forças nocivas. Ainda não
chegou para eles o momento de novas revelações; ele virá quando estes se
aperceberem das novas ondas que trazem uma corrente de ideias mais elevada.
Receber-se-ão as orientações sobre o modo de captar as ondas desconhecidas através
dos médiuns.
É preciso que os espíritos sérios e convictos, contando com
médiuns sensíveis, trabalhem para que estes constatem a existência das ondas
desconhecidas e, assim, poderem dar a fórmula aos seus cientistas.
Não basta que os médiuns recebam essas ondas, como acontece
nas manifestações, é preciso que eles percebam a forma e
forneçam os meios de vulgarizá-las.
Até agora os espíritas não estão suficientemente orientados
nesse sentido. Esforcem-se para dirigir a visão psíquica na direcção desses
feixes radiantes, para que a Ciência aprenda a conhecê-los e a utilizá-los.
Os fenómenos meramente visuais não são suficientes. Seria
melhor descobrir a causa, antes de constatar o efeito. As materializações
poderiam dar elementos sobre isso, sob certas condições. Seria preciso
determinar as leis que dirigem o andamento e a aplicação das forças radiantes.
Há cinquenta anos, os espíritos procuram levar os sábios em
direcção àqueles em quem encontram disposições favoráveis para reconhecer, directamente,
e analisar as correntes do Espaço. Mas esses sábios somente captaram uma
ínfima parte dos elementos que compõem as radiações e nos servem para
transmitir o nosso pensamento.
Excepcionalmente, Pierre Curie |* quase
chegou a descobrir o princípio das forças universais e o seu
génio ultrapassaria os limites fixados, mas nesse caminho, convém ir por etapas
sucessivas e graduadas. A vossa evolução não é suficiente para, de um
único salto, atingir o objectivo. Se, a partir de agora, a Ciência descobrisse
o fio condutor que religa todos os seres e todos os mundos, resultaria numa
grande perturbação para o espírito humano. O poder adquirido seria, sobretudo,
usado para o mal. O orgulho e o espírito de revolta se utilizariam desse mal
para subverter ou destruir uma obra de séculos.
Necessário seria, então, que o Sr. Curie desaparecesse do
campo terrestre, |** mas, no Além, Deus permite que ele prossiga os seus
trabalhos e que inspire os seus antigos colaboradores.
O materialismo retirou à Ciência o carácter de
grandeza e de elevação moral que a tornaria digna de receber a revelação
suprema, de recolher o depósito sagrado. O espírito materialista,
ensoberbecido de uma tal conquista, se ergueria contra Deus. Mas no dia em que,
impregnado de um espírito novo, o sábio tiver assimilado essas radiações
superiores que sintetizam toda a vida universal, ele reverenciará a obra
Divina.
Então, o Espiritismo, unido à Ciência, transformará a Terra
num mundo evoluído. Enquanto esperam, os espíritas, em vez de se interessarem
por esses fenómenos exteriores e materiais que absorvem actualmente a atenção
dos cientistas, devem orientar os seus trabalhos, com a ajuda de médiuns
bem-educados, para a visão das correntes fluídicas que lhes revelarão a
existência dessas ondas radiantes de que a electricidade é apenas uma
partícula elementar. |***
Não será nas grandes cidades que se vão encontrar médiuns semelhantes,
porque os feixes fluídicos se chocam com as emanações mórbidas, fazendo
diminuir a condutividade. São necessários médiuns de natureza
simples e pura, eu diria, quase ingénuos, em ambientes pacíficos e
acolhedores, onde a comunhão se possa estabelecer mais facilmente com as
entidades protectoras e os génios do Além.
Com o auxílio de médiuns dessa classe, os espíritos guias
chegariam até a produzir ondas condensáveis em gotas de água nas próprias mãos
do sensitivo. As pessoas presentes poderiam constatar-lhe a existência, seja
pelo contacto nos dedos do médium, ou ainda por meio de chapas fotográficas que
fixam as correntes fluídicas produtoras desses efeitos.
/…
|* Físico e químico francês (1859-1906), descobriu, com a
esposa Marie, o
rádio, elemento químico.
|** Morreu aos 46 anos, por atropelamento, em Paris.
Participou em sessões espíritas!
|*** O electrão.
Léon Denis, O Espiritismo e as Forças Radiantes,
Capítulo III, 3 de 4, 9º fragmento da obra.
(imagem de ilustração: Anos e Anos de Viagem Sideral,
pintura em acrílico de Costa
Brites)
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