O espaço e o tempo ~
| Galileu, Espírito
(Études Uranographiques) (VI)
Os satélites 🌈
Antes das massas planetárias terem atingido um grau
de arrefecimento suficiente para lhes operar a solidificação, massas mais
pequenas, verdadeiros glóbulos líquidos, destacaram-se de algumas no plano
equatorial, plano onde a força centrifuga (i) é
maior e que por virtude das mesmas leis adquiriram um movimento de
translação (i) à
volta do seu planeta gerador, tal como aconteceu com eles à volta do seu astro
gerador.
Foi assim que a Terra deu nascimento à Lua,
cuja massa, menos considerável, deve ter sofrido um arrefecimento mais rápido.
Ora as leis e as forças que presidiram à sua separação do equador terrestre e o
seu movimento de translação neste mesmo plano agiram de tal modo, que este
mundo em vez de revestir a forma esferóide tomou a de globo ovóide, isto é,
tendo a forma alongada de um ovo cujo centro de gravidade estaria fixado à
parte inferior.
As condições em que se efectuou a
desagregação da Lua mal lhe permitiram afastar-se da Terra e constrangeram-na
a permanecer perpetuamente
suspensa no seu céu como uma figura ovóide, cujas partes mais pesadas formaram
a força inferior virada para a Terra e cujas partes menos densas ocuparam o
topo, se designarmos com esta palavra o lado voltado para o lado oposto da
Terra e elevando-se para o céu. É o que faz com que este astro nos apresente
continuamente a mesma face. Pode ser comparado, para melhor se
entender o seu estado geológico, a um globo de cortiça, em que a base virada
para a Terra seria feita de chumbo.
Daí a existência de duas naturezas essencialmente
diferentes na superfície do mundo lunar: uma, sem qualquer analogia possível
com a nossa, pois os corpos fluidos e etéreos são-lhe desconhecidos; a outra,
leve em relação à Terra, dado que todas as substâncias menos densas se
transportaram para este hemisfério. A primeira, perpetuamente voltada para a
Terra, sem água e sem atmosfera, a não ser por vezes nos limites deste hemisfério
subterrestre, a outra, rica em fluidos,
perpetuamente oposta ao nosso mundo (**).
O número e o estado dos satélites de cada planeta
variam consoante as condições especiais nas quais se formam. Alguns não deram
origem a nenhum astro secundário, tais como Mercúrio, Vénus e
Marte, enquanto outros formaram um ou vários, como a Terra, Júpiter, Saturno,
etc.
Para além dos seus satélites ou luas, o planeta
Saturno apresenta o fenómeno especial do anel que, visto de
longe, parece envolvê-lo como que com uma branca auréola. Esta formação é para
nós uma nova prova da universalidade das leis da natureza. Este
anel é com efeito o resultado de uma separação que se operou nos tempos primitivos
no equador de Saturno, tal como uma zona equatorial se escapou da Terra para
formar o seu satélite. A diferença consiste em que o anel de Saturno se
encontrava formado, em todas as suas partes, de moléculas homogéneas,
provavelmente já num certo estado de condensação e, pode, desta maneira,
continuar o seu movimento de rotação no
mesmo sentido e num tempo mais ou menos igual ao que anima o planeta. Se
um dos pontos deste anel tivesse sido mais denso do que
outro, uma ou várias aglomerações de substância ter-se-iam subitamente operado
e Saturno teria contado com vários satélites mais. Desde o tempo da
sua formação, este anel solidificou-se assim como os outros corpos planetários.
Espírito Galileu
/…
(*) Este capítulo foi textualmente extraído de
uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e
1863, sob o título de Études Uranographiques e assinado, Galileu;
médium M. C. F. (N. do A.)
(**) Esta teoria da Lua, inteiramente nova,
explica através da lei de atracção,
a razão pela qual este astro apresenta sempre a mesma face à Terra.
Encontrando-se o seu centro de gravidade, em vez de estar no centro da esfera,
num dos pontos da sua superfície e por consequência atraído para a Terra por
uma força maior do que as partes mais ligeiras, a Lua produz o efeito das
figuras chamadas sempre em pé, que se mantêm constantemente
direitas sobre a base, enquanto os planetas, cujo centro de gravidade se
encontra a igual distância da superfície, giram regularmente sobre o eixo.
Os fluidos vivificadores,
gasosos ou líquidos, devido à sua leveza específica, encontrar-se-iam
acumulados no hemisfério superior constantemente oposto à Terra; o hemisfério
inferior, o único que vemos, não os possuiria, sendo por consequência impróprio
para a vida, enquanto esta reinaria no outro. Se, portanto, o hemisfério
superior é habitado, os seus habitantes nunca viram a Terra, a não ser que
fizessem incursões ao outro hemisfério, o que lhes seria impossível, não
havendo ali as condições necessárias de vitalidade.
Por muito racional e científica que esta teoria seja, como
não pode ainda ser confirmada por qualquer observação directa, não pode ser
aceite a não ser a título de hipótese e como ideia a poder servir à ciência;
mas não podemos negar que seja a única, até agora, que dá uma explicação
satisfatória das particularidades que este globo apresenta. (N. do A.)
ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias Segundo o
Espiritismo, Capítulo VI, Uranografia Geral, O espaço e o tempo – Os
satélites (de 24 a 27), 28º fragmento desta obra. Tradução portuguesa
de Maria Manuel Tinoco, Editores Livros de Vida.
(imagem de contextualização: Diógenes e
os pássaros de pedra, pintura em acrílico de Costa Brites).
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