O espaço e o tempo ~
| Galileu, Espírito
(Études Uranographiques) (V)
~ Os sóis e os planetas 🌈
Ora, aconteceu que num ponto do Universo, perdido
entre as miríades (i) de mundos, a matéria cósmica se condensou sob a
forma de uma imensa nebulosa. Esta nebulosa estava animada com as leis
universais que regem a matéria; devido a estas leis e sobretudo à força
molecular de atracção, tomou a forma de uma massa de matéria isolada no espaço.
O movimento circular produzido pela gravitação
rigorosamente igual de todas as zonas moleculares em direcção ao centro, em
breve transformou a esfera primitiva para a conduzir, de movimento em
movimento, até à forma lenticular – falamos do conjunto da nebulosa.
Novas formas surgiram como consequência deste
movimento de rotação: a força centrípeta e a força centrífuga; a primeira
tendendo a reunir todas as forças no centro, a segunda tendendo a afastá-las.
Ora, acelerando-se o movimento à medida que a nebulosa se condensa e o seu raio
aumentando à medida que se aproxima da forma lenticular, a força centrífuga,
constantemente desenvolvida por estes dois motivos, em breve predominou sobre a
atracção central.
Tal como um movimento demasiado rápido da funda lhe
quebra a corda e deixa fugir o projéctil para longe, assim o predomínio da
força centrífuga separou o círculo equatorial da nebulosa e
com esse anel formou uma nova massa isolada da primeira mas mesmo assim
submetida ao seu império. Esta massa conservou o seu movimento equatorial que,
passou a ser o seu movimento de translação à volta do astro solar. Além disso,
o seu novo estado dá-lhe um movimento de rotação à volta do seu próprio centro.
A nebulosa geradora que deu nascimento a este
novo mundo condensou-se e retomou a forma esférica; mas o
calor primitivo, desenvolvido pelos seus diversos movimentos, enfraquecendo com
extrema lentidão, fez com que o fenómeno que acabamos de descrever se reproduza
frequentemente e durante um longo período, enquanto esta nebulosa não
se tiver tornado demasiado densa, demasiado sólida para opor uma
resistência eficaz às alterações de forma que o seu movimento de rotação lhe
imprime sucessivamente.
Não terá então dado vida a um único astro, mas a
centenas de mundos destacados da morada central, provenientes dela através do
modo de formação referido acima. Ora, cada um desses mundos, revestido tal como
o mundo primitivo com forças naturais que presidem à criação dos
Universos, engendrará a seguir novos globos gravitando a partir daí à
sua volta, como gravita conjuntamente com os seus irmãos à volta do
domicílio da sua existência e da sua vida. Cada um destes mundos será um sol,
centro de um turbilhão de planetas sucessivamente fugidos
do seu equador. Estes planetas receberão uma vida especial, particular, embora
dependente do seu astro gerador.
Os planetas são assim formados por massas de matéria
condensada, mas ainda não solidificada, destacadas da massa central pela acção
da força centrífuga e tomando, devido às leis do movimento, uma forma esferóide
mais ou menos elíptica, consoante o grau de fluidez que conservam. Um
destes planetas será a Terra que antes de
esfriar e ficar revestida com uma crosta sólida, dará nascimento à Lua através
do mesmo modo de formação astral a que deve a sua própria existência; a Terra,
a partir de então inscrita no livro da vida, berço de criaturas cuja fraqueza
está protegida com a ajuda da divina Providência, nova corda
na harpa infinita que deve vibrar no seu lugar no concerto universal
dos mundos.
Espírito Galileu
/…
(*) Este capítulo foi textualmente extraído de
uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e
1863, sob o título de Études Uranographiques e assinado, Galileu;
médium M. C. F. (N. do A.)
ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias Segundo o
Espiritismo, Capítulo VI, Uranografia Geral, O espaço e o tempo – Os
sóis e os planetas (de 20 a 23), 27º fragmento desta obra. Tradução
portuguesa de Maria Manuel Tinoco, Editores Livros de Vida.
(imagem de contextualização: Diógenes e
os pássaros de pedra, pintura em acrílico de Costa Brites).
Sem comentários:
Enviar um comentário