Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Da sombra do dogma à luz da razão ~


~ Uranografia Geral (*)  
O espaço e o tempo ~ 

| Galileu, Espírito 
(Études Uranographiques) (V) 

~ Os sóis e os planetas 🌈 

  Ora, aconteceu que num ponto do Universo, perdido entre as miríades (i) de mundos, a matéria cósmica se condensou sob a forma de uma imensa nebulosa. Esta nebulosa estava animada com as leis universais que regem a matéria; devido a estas leis e sobretudo à força molecular de atracção, tomou a forma de uma massa de matéria isolada no espaço. 

  O movimento circular produzido pela gravitação rigorosamente igual de todas as zonas moleculares em direcção ao centro, em breve transformou a esfera primitiva para a conduzir, de movimento em movimento, até à forma lenticular – falamos do conjunto da nebulosa. 

  Novas formas surgiram como consequência deste movimento de rotação: a força centrípeta e a força centrífuga; a primeira tendendo a reunir todas as forças no centro, a segunda tendendo a afastá-las. Ora, acelerando-se o movimento à medida que a nebulosa se condensa e o seu raio aumentando à medida que se aproxima da forma lenticular, a força centrífuga, constantemente desenvolvida por estes dois motivos, em breve predominou sobre a atracção central. 

  Tal como um movimento demasiado rápido da funda lhe quebra a corda e deixa fugir o projéctil para longe, assim o predomínio da força centrífuga separou o círculo equatorial da nebulosa e com esse anel formou uma nova massa isolada da primeira mas mesmo assim submetida ao seu império. Esta massa conservou o seu movimento equatorial que, passou a ser o seu movimento de translação à volta do astro solar. Além disso, o seu novo estado dá-lhe um movimento de rotação à volta do seu próprio centro. 

  A nebulosa geradora que deu nascimento a este novo mundo condensou-se e retomou a forma esférica; mas o calor primitivo, desenvolvido pelos seus diversos movimentos, enfraquecendo com extrema lentidão, fez com que o fenómeno que acabamos de descrever se reproduza frequentemente e durante um longo período, enquanto esta nebulosa não se tiver tornado demasiado densa, demasiado sólida para opor uma resistência eficaz às alterações de forma que o seu movimento de rotação lhe imprime sucessivamente. 

  Não terá então dado vida a um único astro, mas a centenas de mundos destacados da morada central, provenientes dela através do modo de formação referido acima. Ora, cada um desses mundos, revestido tal como o mundo primitivo com forças naturais que presidem à criação dos Universos, engendrará a seguir novos globos gravitando a partir daí à sua volta, como gravita conjuntamente com os seus irmãos à volta do domicílio da sua existência e da sua vida. Cada um destes mundos será um sol, centro de um turbilhão de planetas sucessivamente fugidos do seu equador. Estes planetas receberão uma vida especial, particular, embora dependente do seu astro gerador. 

  Os planetas são assim formados por massas de matéria condensada, mas ainda não solidificada, destacadas da massa central pela acção da força centrífuga e tomando, devido às leis do movimento, uma forma esferóide mais ou menos elíptica, consoante o grau de fluidez que conservam. Um destes planetas será a Terra que antes de esfriar e ficar revestida com uma crosta sólida, dará nascimento à Lua através do mesmo modo de formação astral a que deve a sua própria existência; a Terra, a partir de então inscrita no livro da vida, berço de criaturas cuja fraqueza está protegida com a ajuda da divina Providência, nova corda na harpa infinita que deve vibrar no seu lugar no concerto universal dos mundos. 

                                                                                                     Espírito Galileu 

/… 

(*) Este capítulo foi textualmente extraído de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título de Études Uranographiques e assinado, Galileu; médium M. C. F. (N. do A.) 


ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo, Capítulo VI, Uranografia Geral, O espaço e o tempo – Os sóis e os planetas (de 20 a 23), 27º fragmento desta obra. Tradução portuguesa de Maria Manuel Tinoco, Editores Livros de Vida. 
(imagem de contextualização: Diógenes e os pássaros de pedra, pintura em acrílico de Costa Brites).

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