Parte XI
Quinta e última lição
– O espírito e as sensações harmónicas
– As fileiras ou correntes de ondas harmónicas
– A música terrestre e a música do espaço
– O espírito e as sensações harmónicas
– As fileiras ou correntes de ondas harmónicas
– A música terrestre e a música do espaço
(Dezembro de 1922)
“Como forma de conclusão à minha exposição da arte musical
no espaço, vou tentar fazer-vos compreender as sensações harmónicas
sentidas pelos espíritos nas esferas em que vivemos.
Na nossa última conversa, falámos das correntes provocadas
por seres angélicos. Resta-nos falar agora das fileiras de onda (expressão
recolhida no cérebro do médium,
que tem algum conhecimento de transmissão de rádio). Tomamos, então, como
meio de comparação, essa transmissão que vos dá uma primeira ideia dessas
fileiras de ondas harmónicas das quais vou falar.
Vós me interrogáveis ultimamente a respeito da música das
esferas. Eis aqui a explicação: forças dirigidas por vontades superiores
produzem uma corrente fluídica cujo poder vibratório é considerável,
porém uniforme. Essas ondas vão percorrer um espaço imenso e
impressionarão espíritos menos adiantados que aqueles que podem alcançar as
esferas musicais das quais vos falámos; esses espíritos menos adiantados têm,
ao menos pelo seu perispírito,
a faculdade de sentir certas ondulações.
Ao tocarem esses seres, que são em grande número, as ondas,
de acordo com a sua velocidade, produzem uma vibração que se traduz
em todos os perispíritos por uma iluminação repentina. Qualquer espírito ao
encontrar essa corrente no espaço sentirá o seu perispírito colorir-se de uma
tonalidade mais viva, segundo a intensidade da corrente emitida e, por ela,
sentirá uma satisfação adequada à
coloração. Como, geralmente, essas fileiras ou correntes de onda são provocadas
por sentimentos que emanam de seres quase angélicos ou divinos, é fácil
compreender que os podemos comparar a banhos de azul-celeste que apagam, tanto
quanto possível, as paixões que ainda são um vestígio de matéria.
Se a vontade do
espírito que as percebe for suficiente, ele pode beneficiar-se amplamente com
elas, porquanto essas ondas constituem uma espécie de transmissão que os pode
ajudar na sua elevação, uma vez que emanam de regiões divinas.
Essas correntes, frequentemente, giram em volta dos mundos e
purificam-lhes a atmosfera. Quando partem de um ponto diferente,
essas correntes revestem cores distintas que podem confundir-se e determinar
uma dupla sensação. É assim que se explica, aquilo que certos espíritos vos
disseram, que no espaço ‘se escutam vibrar as liras’.
A tonalidade normalmente permanece a mesma, tomando-se a
palavra tonalidade no sentido de cor. Para nós, a cor exprime as
sensações recolhidas pelo pensamento. No entanto, muitos seres, devido ao seu pequeno adiantamento, permanecem insensíveis a essas correntes. Existem aqueles que preferem as sensações produzidas por
antigas paixões carnais e as procuram; outros, tocados por essas correntes,
procuram, através da prece, penetrar nas esferas em que o êxtase é mais
habitual.
Vós sabeis que no espaço os planos são diversos, mas Deus
permitiu que todos os seres tenham consciência dos seus benefícios. Os prazeres
experimentados não são comparáveis àqueles que poderíeis sentir olhando um belo
quadro ou ouvindo um trecho de música: as sensações são muito mais completas e
de forma alguma mecânicas como o são as vossas. A música terrestre é o
resultado do choques mais ou menos violentos sobre um metal, ou da passagem do
ar sobre uma substância sonora, enquanto que a música do espaço se
traduz por sensações cuja gama se escalona em graus coloridos! Cada
cor, cada feixe colorido vindo incidir sobre o perispírito,
transmite-lhe impressões mais ou menos elevadas e puras, de acordo com a
natureza elevada do espírito que as recebe e segundo a intensidade das ondas
fluídicas.
A música terrestre, portanto, não é comparável à música do
espaço. A primeira dá uma satisfação da qual a vossa sensibilidade nervosa se
aproveita; a segunda, que é de essência divina, proporciona alegrias morais,
sensações de bem-estar, êxtases tão mais profundos quanto mais puro seja o
receptáculo, isto é, o ser privado do envoltório carnal.”
Espírito Massenet (i)
O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte incide
com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser,
na escala das existências e dos mundos, em direcção a uma concepção sempre
mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo
as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão
magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo,
nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei
de eterna beleza se amplia.
A alma chega a executar a sua melodia pessoal, sobre as mil
oitavas do imenso teclado do Universo; ela penetra-se da harmonia sublime que sintetiza a acção de
viver e interpreta-a segundo o seu próprio talento, desfruta cada vez mais as
felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que,
desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da
vida celeste está aberto a todos e, todos podem percorrê-lo, por seus esforços
e seus méritos e, conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de
Deus nos reserva.
A lei soberana, o supremo objectivo do Universo é,
por conseguinte, o belo. Todos os problemas do ser e
do destino se resumem em poucas palavras. Cada vida deve ser a consecução, a
realização do belo, o cumprimento da lei.
O ser que alcança uma concepção elevada
dessa lei e, das suas aplicações, deve ajudar todos aqueles que, abaixo dele,
sobem com esforço a escala grandiosa das ascensões. Por sua vez, os seres
inferiores devem trabalhar para assegurar a vida material e, em seguida, tornar
possível a liberdade de
espírito necessária aos pensadores e aos pesquisadores. Assim, se consolida a
imensa solidariedade dos seres, unidos numa acção comum.
Toda a ascensão da vida em direcção aos fastígios eternos,
todo o esplendor das leis universais se resumem em três palavras: beleza,
sabedoria e amor!
/…
LÉON DENIS, O Espiritismo na Arte, Parte XI Quinta e última lição de O Espírito
Massenet; – O espírito e as sensações harmónicas, – As fileiras ou
correntes de ondas harmónicas, – A música terrestre e a música do espaço, –
Comentário Final; 29º fragmento e o último desta obra.
(imagem de contextualização: O Concerto dos Anjos
(1897), óleo sobre tela de Edgard Maxence)
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