Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sábado, 23 de abril de 2016

Diálogos de Kardec ~

§ VI – DOS MÉDIUNS

33. Médiuns são pessoas aptas a sentir a influência dos Espíritos e a transmitir os pensamentos destes.

Toda a pessoa que, num grau qualquer, experimente a influência dos Espíritos é, por esse simples facto, médium. Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuam um rudimento de tal faculdade. Pode, pois, dizer-se que toda a gente, mais ou menos, é médium. Contudo, segundo o uso, esse qualificativo só se aplica àqueles em quem a faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos, de certa intensidade.

34. O fluido perispirítico é o agente de todos os fenómenos espíritas, que só se podem produzir pela acção recíproca dos fluidos que emitem o médium e o Espírito. O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos Espíritos; depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio; não pode, porém, ser adquirida quando o princípio não exista. A predisposição mediúnica independe do sexo, da idade e do temperamento. Há médiuns em todas as categorias de indivíduos, desde a mais tenra idade, até a mais avançada.

35. As relações entre os Espíritos e os médiuns estabelecem-se por meio dos respectivos perispíritos, dependendo a facilidade dessas relações do grau de afinidade existente entre os dois fluidos. Alguns há que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, donde se segue que não basta ser médium para que uma pessoa se comunique indistintamente com todos os Espíritos. Há médiuns que só com certos Espíritos podem comunicar-se ou com Espíritos de certas categorias e, outros que não o podem a não ser pela transmissão do pensamento, sem qualquer manifestação exterior.

36. Por meio da combinação dos fluidos perispiríticos o Espírito, por assim dizer, se identifica com a pessoa que ele deseja influenciar; não só lhe transmite o seu pensamento, como também chega a exercer sobre ela uma influência física, fazê-la agir ou falar à sua vontade, obrigá-la a dizer o que ele queira, servir-se, numa palavra, dos órgãos do médium, como se seus próprios fossem. Pode, enfim, neutralizar a acção do próprio Espírito da pessoa influenciada e paralisar-lhe o livre-arbítrio. Os bons Espíritos se servem dessa influência para o bem, e os maus para o mal.

37. Podem os Espíritos manifestar-se de uma infinidade de maneiras, mas não o podem senão com a condição de encontrarem uma pessoa apta a receber e transmitir impressões deste ou daquele género, segundo as aptidões que possua. Ora, como não há nenhuma que possua no mesmo grau todas as aptidões, resulta que umas obtêm efeitos que a outras são impossíveis. Dessa diversidade de aptidões decorre que há diferentes espécies.

38. Nem sempre é necessária a intervenção da vontade do médiumO Espírito que quer manifestar-se procura o indivíduo apto a receber-lhe a impressão e dele se serve, muitas vezes a seu mau grado. Outras pessoas, ao contrário, conscientes de suas faculdades, podem provocar certas manifestações. Daí duas categorias de médiuns: médiuns inconscientes médiuns facultativos.

No caso dos primeiros, a iniciativa é dos Espíritos; no segundo, é dos médiuns.

39. Os médiuns facultativos só se encontram entre pessoas que têm conhecimento mais ou menos completo dos meios de comunicação com os Espíritos, o que lhes possibilita servir-se, por vontade própria, de suas faculdades; os médiuns inconscientesao contrário, existem entre as que nenhuma ideia fazem do Espiritismo, nem dos Espíritos, até mesmo entre as mais incrédulas e que servem de instrumento, sem o saberem e sem o quererem. Os fenómenos espíritas de todos os géneros podem operar-se por influência destes últimos, que sempre existiram, em todas as épocas e no meio de todos os povos. A ignorância e a credulidade lhes atribuíram um poder sobrenatural e, conforme os tempos e os lugares, fizeram deles santos, feiticeiros, loucos ou visionários. O Espiritismo mostra que com eles apenas se dá a manifestação espontânea de uma faculdade natural.

40. Entre as diferentes espécies de médiuns, distinguem-se principalmente: os de efeitos físicos; os sensitivos ou impressivos; os audientes, falantes, videntes, inspirados, sonambúlicos, curadores, escreventes ou psicógrafos. Aqui unicamente trataremos das espécies essenciais. (i)

(i) Para esclarecimentos completos, consulte-se O Livro dos Médiuns.

41. Médiuns de efeitos físicos – São os mais aptos, especialmente, à produção de fenómenos materiais, como o movimento de corpos inertes, os ruídos, a deslocação, o levantamento e a translação de objectos, etc. Estes fenómenos podem ser espontâneos ou provocados. Em todos os casos, exigem o concurso voluntário ou involuntário de médiuns dotados de faculdades especiais. Em geral, têm por agentes Espíritos de ordem inferior, uma vez que os espíritos elevados só se preocupam com comunicações inteligentes e instrutivas.

42. Médiuns sensitivos ou impressivos – Dá-se esta denominação às pessoas susceptíveis de pressentir a presença dos Espíritos, por impressão vaga, um como ligeiro atrito em todos os membros, facto que não logram explicar. Tal subtileza pode essa faculdade adquirir, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que lhe está ao lado, mas também a sua individualidade, como o cego reconhece instintivamente a aproximação de tal ou tal pessoa. Um Espírito bom causa sempre uma impressão branda e agradável; a de um Espírito mau, ao contrário, é penosa, aflitiva e desagradável: há como que um cheiro de impureza.

43. Médiuns audientes – Esses ouvem os Espíritos; é, algumas vezes, como se escutassem uma voz interna que lhes ressoasse no foro íntimo; doutras vezes é uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva. Os médiuns audientes também podem conversar com os Espíritos. Quando se habituam a comunicar-se com certos Espíritos, eles os reconhecem imediatamente pelo som da voz. Aquele que não é médium audiente pode comunicar-se com um Espírito por via de um médium audiente que lhe transmite as palavras.

44. Médiuns falantes – Os médiuns audientes, que nada mais fazem do que transmitir o que ouvem, não são propriamente médiuns falantes, os quais, as mais das vezes, nada ouvem. Com eles, o Espírito actua sobre os órgãos da palavra, como actuam sobre a mão dos médiuns escreventes. Querendo comunicar-se, o Espírito se serve do órgão que acha mais maleável: de um, utiliza-se da mão, de outro da palavra, de um terceiro da audição. Em geral, o médium falante se exprime sem ter consciência do que diz e diz amiúde coisas inteiramente fora do âmbito de suas ideias habituais, de seus conhecimentos e, até, fora do alcance da sua inteligência. Não é raro verem-se pessoas iletradas e de inteligência vulgar expressar-se, em tais momentos, com verdadeira eloquência e tratar, com incontestável superioridade, de questões sobre as quais seriam incapazes de emitir, no estado ordinário, uma opinião.

Se bem esteja perfeitamente acordado quando exerce a sua faculdade, raro é que o médium falante guarde lembrança do que disse. Nem sempre, porém, é integral a sua passividade. Alguns há que têm intuição do que dizem, no próprio instante em que proferem as palavras.

Estas, no médium falante, são o instrumento de que se serve o Espírito com quem uma pessoa estranha pode entrar em comunicação, do mesmo modo que o pode fazer com o concurso de um médium audiente. Entre o médium falante e o médium audiente, há a diferença de que este fala voluntariamente para repetir o que ouve, ao passo que o outro fala involuntariamente.

45. Médiuns videntes – Dá-se esta qualificação às pessoas que, em estado normal e perfeitamente despertas, gozam da faculdade de ver os Espíritos. A possibilidade de vê-los em sonho resulta, sem contestação, de uma espécie de mediunidade, mas não são médiuns videntes, propriamente ditos. Expusemos a teoria deste fenómeno no capítulo: “Visões e Aparições” de O Livro dos Médiuns.

São muito frequentes as aparições dos Espíritos às pessoas que os amaram, ou os conheceram na Terra. Conquanto os que costumam tê-las possam ser considerados médiuns videntes, esta denominação, em regra, só é dada aos que gozam, de modo mais ou menos permanente, da faculdade de ver quase que todos os Espíritos. Nesse número, há os que apenas vêem os Espíritos que são evocados e que eles conseguem descrever com minuciosa exactidão. Descrevem-lhes os gestos com todos os pormenores, os traços fisionómicos, o vestuário e até os sentimentos de que parecem animados. Há outros em quem essa faculdade revela carácter ainda mais geral: são os que vêem toda a população espírita ambiente a movimentar-se, como se tratasse, poder-se-ia dizer, de seus negócios. Esses médiuns nunca estão sós; cerca-os sempre uma sociedade a cuja escolha podem proceder, livremente, porquanto podem, pela acção da vontade própria, afastar os Espíritos que lhes não convenha ter próximos de si, ou atrair os que lhes são simpáticos.

46. Médiuns sonambúlicos – Pode considerar-se o sonambulismo como uma variedade da faculdade mediúnica ou, antes, são duas ordens de fenómenos que frequentemente se encontram ligados. O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; a sua própria alma é que, em momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos limites dos sentidos. O que ele exprime haure-o de si mesmo; as suas ideias são, em geral, mais justas do que no estado normal, mais extensos os seus conhecimentos, porque livre se lhe encontra a alma. Em suma, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos. médium, ao contrário, é o instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem do seu próprio eu.

Em resumo: o sonâmbulo externa os seus próprios pensamentos e o médium exprime os de outrem. Mas, o Espírito que se comunica com um médium qualquer também pode comunicar-se com um sonambúlico. É até frequente o estado de emancipação da alma, durante o sonambulismo, tornar mais fácil essa comunicação. Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com tanta precisão, como os médiuns videntes; podem conversar com eles e transmitir-nos os seus pensamentos; se o que dizem está fora do âmbito de seus conhecimentos pessoais, é porque outros Espíritos lho sugerem.

47. Médiuns inspirados – Nestes médiuns, muito menos aparentes são do que nos outros os sinais exteriores da mediunidadeé toda intelectual e moral a acção que os Espíritos exercem sobre eles e se revela nas menores circunstâncias da vida, como nas maiores concepções. Sobretudo debaixo desse aspecto é que se pode dizer que todos são médiuns, porquanto ninguém há que não tenha Espíritos protectores e familiares a empregar todos os esforços para lhe sugerir salutares ideias. No inspirado, difícil muitas vezes se torna distinguir as ideias que lhe são próprias do que lhe é sugerido. A espontaneidade é principalmente o que caracteriza esta última.

Nos grandes trabalhos da inteligência é onde mais se evidencia a inspiração. Os homens de génio, de todas as categorias, artistas, sábios, literatos, oradores, são sem dúvida Espíritos adiantados, capazes, por si mesmos, de compreender e conhecer grandes coisas; ora, precisamente porque são considerados capazes, é que os Espíritos que visam à execução de certos trabalhos lhes sugerem as ideias necessárias, de sorte que na maioria dos casos eles são médiuns sem o saberem. Têm, contudo, vaga intuição de uma assistência estranha, porquanto aquele que apela para a inspiração nada mais faz do que uma evocação. Se não esperasse ser atendido, por que exclamaria, como tão amiúde sucede: Meu bom génio, vem em meu auxílio!

48. Médiuns de pressentimentos – Pessoas há que, em dadas circunstâncias, têm uma imprecisa intuição das coisas futuras. Essa intuição pode provir de uma espécie de dupla vista, que faculta se entrevejam as consequências das coisas presentes; mas, doutras vezes, resulta de comunicações ocultas, que fazem de tais pessoas uma variedade dos médiuns inspirados.

49. Médiuns proféticos – É igualmente uma variedade dos médiuns inspirados. Recebem, com a permissão de Deus e com mais precisão do que os médiuns de pressentimentos, a revelação das coisas futuras, de interesse geral, que eles recebem o encargo de tornar conhecidas aos homens, para lhes servir de ensinamento.

De certo modo, o pressentimento é dado à maioria dos homens, para uso pessoal deles; o dom de profecia, ao contrário, é excepcional e implica a ideia de uma missão na Terra.

Todavia, se há verdadeiros profetas, maior é o número dos falsos, que tomam os devaneios da sua imaginação como revelações, quando não são velhacos que por ambição se fazem passar como profetas.

O profeta verdadeiro é um homem de bem, inspirado por Deus; pode ser reconhecido pelas suas palavras e pelas suas acções. Não é possível que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade. (O Livro dos Espíritos, nº 624.)

50. Médiuns escreventes ou psicógrafos – Essa denominação é dada às pessoas que escrevem sob a influência dos Espíritos. Assim como um Espírito pode actuar sobre os órgãos vocais de um médium falante e fazê-lo pronunciar palavras, também pode servir-se da sua mão para fazê-lo escrever. A mediunidade psicográfica apresenta três variedades bem distintas: os médiuns mecânicos, os intuitivos e os semi-mecânicos.

Com o médium mecânico, o Espírito lhe actua directamente sobre a mão, impulsionando-a. O que caracteriza este género de mediunidade é a inconsciência absoluta, por parte do médium, do que a sua mão escreve. O movimento desta independe da vontade do escrevente; movimenta-se sem interrupção, a despeito do médium, enquanto o Espírito tem alguma coisa a dizer e, pára desde que este último haja concluído.

Com o médium intuitivo, a transmissão do pensamento serve de intermediário o Espírito do médiumO outro Espírito, nesse caso, não actua sobre a mão para movê-la, actua sobre a alma, identificando-se com ela e imprimindo-lhe a sua vontade e as suas ideias. A alma recebe o pensamento do Espírito comunicante e o transcreve. Nesta situação, o médium escreve voluntariamente e tem consciência do que escreve, embora não grafe os seus próprios pensamentos.

Torna-se frequentemente difícil distinguir o pensamento do médium do que lhe é sugerido, o que leva muitos médiuns deste género a duvidar da sua faculdadePodem reconhecer-se os pensamentos sugeridos pelo facto de não serem nunca preconcebidos; eles surgem à proporção que o médium vai escrevendo e não raro são opostos à ideia que este previamente concebera. Podem mesmo estar fora dos conhecimentos e da capacidade do médium.

Há grande analogia entre a mediunidade intuitiva e a inspiração; a diferença consiste em que a primeira se restringe quase sempre a questões de actualidade e pode aplicar-se ao que esteja fora das capacidades intelectuais do médium; por intuição pode este último tratar de um assunto que lhe seja completamente estranho. A inspiração estende-se por um campo mais vasto e geralmente vem em auxílio das capacidades e das preocupações do Espírito encarnado. Os traços da mediunidade são, de regra, menos evidentes. O médium semi-mecânico, ou semi-intuitivo participa dos outros dois géneros. No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da sua vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semi-mecânico sente na mão uma impulsão dada mau grado seu, mas ao mesmo tempo tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. Com o primeiro, o pensamento vem depois do acto de escrever; com o segundo, precede-o; com o terceiro, acompanha-o.

51. Não sendo o médium mais do que um instrumento que recebe e transmite o pensamento de um Espírito estranho, que obedece à impulsão mecânica que lhe é dada, nada há que ele não possa fazer fora do campo de seus conhecimentos, se possui a maleabilidade e a aptidão mediúnica necessárias. Assim é que há médiuns desenhadores, pintores, músicos, versejadores, embora estranhos às artes do desenho, da pintura, da música e da poesia; médiuns iletrados, que escrevem sem saber ler, nem escrever; médiuns polígrafos, que reproduzem escritas de diversos géneros e, algumas vezes, com perfeita exactidão, a que o Espírito tinha quando encarnado; médiuns poliglotas, que escrevem ou falam em línguas que lhes são desconhecidas, etc.

52. Médiuns curadores – Consiste a mediunidade desta espécie na faculdade que certas pessoas possuem de curar pelo simples contacto, pela imposição das mãos, pelo olhar, por um gesto, mesmo sem o concurso de qualquer medicamento. Semelhante faculdade incontestavelmente tem o seu princípio na força magnética; difere desta, entretanto, pela energia e instantaneidade da acção ao passo que as curas magnéticas exigem um tratamento metódico, mais ou menos longo. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, se sabem proceder convenientemente; dispõem da ciência que adquiriram. Nos médiuns curadores, a faculdade é espontânea e alguns a possuem sem nunca ter ouvido falar de magnetismo.

A faculdade de curar pela imposição das mãos deriva evidentemente de uma força excepcional de expansão, mas diversas causas concorrem para aumentá-la, entre as quais são de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimentos, o desinteresse, a benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio, a prece fervorosa e a confiança em Deus; numa palavra: todas as qualidades morais. A força magnética é puramente orgânica; pode, como a força muscular, ser partilha de toda gente, mesmo do homem perverso; mas, só o homem de bem se serve dela exclusivamente para o bem, sem ideias ocultas de interesse pessoal, nem de satisfação de orgulho ou de vaidade. Mais depurado, o seu fluido possui propriedades benfazejas e reparadoras, que não pode ter o do homem vicioso ou interesseiro.

Todo o efeito mediúnico, como já foi dito, resulta da combinação dos fluidos que emitem um Espírito e um médium. Pela sua conjugação esses fluidos adquirem propriedades novas, que separadamente não teriam, ou, pelo menos, não teriam no mesmo grau. A prece, que é uma verdadeira evocação, atrai os bons Espíritos sempre solícitos em secundar os esforços do homem bem-intencionado; o fluido benéfico dos primeiros se casa facilmente com o do segundo, ao passo que o do homem vicioso se junta ao dos maus Espíritos que o cercam.

O homem de bem, que não dispusesse da força fluídica, pouca coisa conseguiria fazer por si mesmo, só lhe restando apelar para a assistência dos Espíritos bons, pois quase nula seria a sua acção pessoal; uma grande força fluídica, aliada à maior soma possível de qualidades morais, pode operar, em matéria de curas, verdadeiros prodígios.

53. A acção fluídica, ao demais, é poderosamente secundada pela confiança do doente, e Deus quase sempre lhe recompensa a fé, concedendo-lhe o bom êxito.

54. Somente a superstição pode emprestar qualquer virtude a certas palavras e unicamente Espíritos ignorantes ou mentirosos podem alimentar semelhantes ideias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, para pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso de uma fórmula de prece ou de determinada prática contribua a lhes infundir confiança. Nesse caso, porém, não é na fórmula que está a eficácia e sim na fé que aumentou com a ideia ligada ao emprego da fórmula.

55. Não se devem confundir os médiuns curadores com os médiuns prescreventes, que são simples médiuns escreventes, cuja especialidade consiste em servirem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos para as prescrições médicas; absolutamente mais não fazem que transmitir o pensamento do Espírito, sem exercerem, de si mesmos, nenhuma influência.

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ALLAN KARDEC, Obras Póstumas, Primeira Parte, Manifestações dos Espíritos, VI – DOS MÉDIUNS, 13º fragmento solto da obra.
(imagem de contextualização: Dança rebelde, 1965 – Óleo sobre tela, de Noêmia Guerra)

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