O espaço e o tempo ~
| Galileu, Espírito
(Études Uranographiques) (XII)
A vida universal ~ 🌈
Esta imortalidade das almas, de que o sistema do mundo físico constitui
a base, pareceu
imaginária aos olhos de certos pensadores de sobreaviso; qualificaram-no
ironicamente de imortalidade viajante e não perceberam que só ela era
verdadeira frente ao espectáculo da Criação. No entanto, é fácil fazer entender
toda a sua grandeza, diria quase toda a sua perfeição.
Que as obras de Deus sejam criadas
pelo pensamento e pela inteligência; que os mundos sejam a
residência dos seres que os contemplam e que descobrem sob o seu véu o poder e
a sabedoria do que os formou, foi questão que deixou de ser o
poder duvidosa para nós; mas se as almas que os povoam são solidárias, é o que
importa saber.
A inteligência humana, com efeito, tem dificuldade em reconhecer
esses globos radiosos que cintilam no espaço como simples massas de matéria
inerte e sem vida; tem dificuldade em imaginar que existem, nessas
regiões longínquas, magníficos crepúsculos e noites esplêndidas, sóis fecundos
e dias repletos de luz, vales e montanhas onde as múltiplas criações da
natureza desenvolveram toda a sua pompa luxuriante; tem dificuldade em
imaginar, digo eu, que o espectáculo divino, onde a alma se pode embeber como
se da sua própria vida se tratasse, esteja despojado de existência
e privado de qualquer ser com peso que o pudesse contemplar.
Mas a esta ideia eminentemente justa da Criação é preciso acrescentar a
da humanidade solidária e é nisso que
consiste o mistério da eternidade futura.
Uma mesma família
humana foi criada na universalidade dos mundos e a esses mundos foram dados os
elos de uma fraternidade ainda não apreciada por vós. Se estes
astros que se harmonizam nos seus vastos sistemas são habitados por
inteligências, não é de forma nenhuma por seres desconhecidos uns dos outros,
mas sim por seres marcados na fronte pelo mesmo destino, que têm de se
encontrar momentaneamente consoante as suas funções na vida e reencontrar-se
segundo as suas simpatias mútuas; é a grande família dos
Espíritos que povoam as terras celestes; é o grande esplendor do Espírito
divino que abraça a vastidão dos céus e que permanece como tipo primitivo e
final da perfeição espiritual.
Por que estranha aberração se julgou ser preciso recusar à imortalidade
as vastas regiões do éter, quando a encerravam num limite inadmissível e numa
dualidade absoluta? O verdadeiro sistema do mundo deveria então anteceder a
verdadeira doutrina dogmática e a ciência a teologia? Desviar-se-ia esta
enquanto a sua base assentasse sobre a metafísica? A resposta está dada e
mostra-nos que a nova filosofia se sentará triunfante sobre as ruínas da
antiga, porque a sua base se terá elevado vitoriosa sobre erros antigos.
/…
(*) Este capítulo foi textualmente extraído de
uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e
1863, sob o título de Études Uranographiques e assinado, Galileu; médium M. C.
F. (N. do A.)
ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias Segundo o
Espiritismo, Capítulo VI, Uranografia Geral, O espaço e o tempo – A vida
universal (de 53 a 57), 34º fragmento desta obra. Tradução portuguesa
de Maria Manuel Tinoco, Editores Livros de Vida.
(imagem de contextualização: Diógenes e
os pássaros de pedra, pintura em acrílico de Costa Brites).
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