Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sábado, 11 de setembro de 2021

o sentido da vida ~


Síntese final
(*) 

Podemos, já agora, chegar ao fim do nosso trabalho, tentando elaborar uma síntese final do Espiritismo, nos seguintes princípios gerais: 

1) Deus é a inteligência suprema do Universo, causa primária de todas as coisas e, o homem é a individualização do princípio inteligente universal, reflectindo a imagem do Criador no seio da criação; 

2) O Universo é um processo geral de evolução, em que todas as coisas e todos os seres caminham do menor para o maior, do mal para o bem, das trevas para a luz, do caos para a ordem, do inconsciente para o consciente, através de leis imutáveis, que a tudo presidem e relacionam, tanto no plano material quanto no moral e espiritual; 

3) O homem é a resultante de longa elaboração do princípio inteligente, no seio da matéria através das formas orgânicas, mas ainda não chegou ao seu fim, continuando essa elaboração a processar-se no tempo e no espaço, em direcção a um ideal de perfeição, imanente no próprio Universo; 

4) Há seres inferiores e superiores ao homem, pertencentes à escala humana e, dos quais podemos ver alguns exemplos na própria Terra, entre as raças primitivas e os indivíduos geniais, destacando-se entre eles a figura ímpar do Cristo, como modelo perfeito da mais alta expressão humana conhecida no planeta; 

5) O homem, graças à sua natureza espiritual, pode aceder ao conhecimento do chamado Universo supranormal ou hiperfísico, entrando em relação directa ou indirecta com os seres imateriais, inclusive os próprios homens libertados do organismo físico pelo processo comum da morte. 

Rumo às Estrelas 

Assim, como afirma Dennis Bradley, não estamos parados na Terra, fixados, como dolorosos bonecos movidos por cordões invisíveis, num pequenino ponto do Universo, a face material do planeta em que decorrem as nossas dores e angústias passageiras. Não somos galés da fatalidade, nem simples fogos-de-artifício que se acendem e apagam, ininterruptamente, no breve intervalo entre o berço e o túmulo. Não somos também o absurdo joguete de uma realidade universal “nominalista”, que, através das nossas individualidades múltiplas e sem sentido, procuraria a consciência de si mesma. Além da concepção estratificada dos dogmas de fé e além da suposição incoerentemente transcendental da ciência materialista, o Espiritismo leva-nos à convicção racional de que somos espíritos em evolução através do tempo e do espaço, partículas de um todo que é a Humanidade universal e, caminhamos da Terra em direcção às estrelas. 

“Na casa de meu pai há muitas moradas”, afirmou o Cristo aos seus discípulos. No Universo infinito há inumeráveis mundos habitados. E o destino do homem não é o simples mergulho de uma gota d’água no oceano, mas o encontro consciente de uma realidade superior, de que nos dão notícia os que, como o Buda e o Cristo, atingiram os cumes da consciência liberta da prisão da forma. 

Vinde a mim, todos os que andais em trabalho e vos achais carregados e, eu vos aliviarei, repete o Espiritismo aos homens de hoje. Porque os seus ensinamentos dão segurança ao espírito atribulado, consolam os aflitos e desesperados e, abrem à Humanidade sem rumo da era científica, ameaçada de auto-destruição, as portas largas e luminosas de uma compreensão mais humana da vida e do mundo. 

Que o contradigam os negativistas, os que não crêem nem podem crer nessa nova e mais ampla visão universal. Mas, quando quiserem acusar-nos de visionários, de sonhadores inconsequentes, de amantes do maravilhoso, que verifiquem primeiro as suas próprias convicções, as bases frágeis em que assentam, já não dizemos os seus sonhos, mas os seus pesadelos. E, quando quiserem negar a evidência dos factos, em que baseamos solidamente a nossa crença, que realizem pesquisas e investigações mais profundas, mais sistemáticas, mais constantes, mais sérias, mais científicas do que as realizadas pelos que nos deram a incomparável bagagem da bibliografia metapsíquica e espírita. Não nos podem contentar, já agora, as simples palavras e as suposições dos que se dizem entendidos. Mais alto do que os argumentos falam os factos. E os factos aí estão, na frente de todos, como um desafio permanente. 

/… 


José Herculano Pires, O Sentido da Vida (*) / Síntese Final; Rumo às Estrelas, 18º fragmento e o último desta obra
(imagem de contextualização: Platão e Aristóteles, pormenor d'A escola de Atenas de Rafael Sanzio, 1509)

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