– O sono magnético e o
corpo fluídico ~
2) O corpo fluídico pode modelar-se sob a influência da vontade, assim
como a argila se modifica sob as mãos do escultor
Eis aí um facto habitual entre os ocultistas, ouvi dizer que, numa sessão, há
quarenta anos, com um médium de Paris, célebre por suas materializações, se havia evocado Molière e,
que se viu aparecer, entre as cortinas da cabina, primeiro um fantasma parecido
com o médium e, a seguir, esse fantasma tomou pouco a pouco a aparência e as
vestes da personagem evocada.
Tendo eu lido que em muitas manifestações psíquicas se viam aparecer globos
luminosos, perguntei-me se não seriam corpos fluídicos e, então
realizei com a Sra. Lambert a seguinte experiência:
Exteriorizei o seu corpo fluídico; em seguida ordenei-lhe que se curvasse como
uma bola; apesar de sua resistência, determinei o fenómeno; ela se viu sob essa
forma, o que constatei eu próprio por beliscadas no espaço. Recoloquei-a em
seguida, por sugestão, na sua forma primitiva e pedi-lhe que voltasse dali a
dois dias para nova sessão. No dia marcado, não a vendo, dirigi-me a sua
casa e encontrei-a deitada, o corpo em arco; disse-me ela que não
podia esticar-se e que isso muito a incomodava. Exteriorizei-lhe então
novamente o seu corpo fluídico, endireitando-o por sugestão e, o fiz
voltar ao estado normal; ela estava curada.
Alguns meses mais tarde, fiz voltar ao meu gabinete a Sra. Lambert para mostrar
as suas faculdades à Sra. d’Espérance,
de passagem por Paris. Quando ao seu corpo fluídico foi exteriorizado, ordenei
à Sra. Lambert que lhe desse a minha forma, o que ela fez, não sem
resistência. Ela viu a transformação operar-se sobre o seu corpo
fluídico e sobre a sua imagem reflectida num espelho. A Sra. d’Espérance,
que é vidente, confirmou as palavras da Sra. Lambert, apesar de ignorar o
francês, não compreender a nossa conversa. Aksakof assistiu
à sessão.
Repeti essa experiência, em 23 de novembro de 1903, em Voiron, com o Sr.
Col..., patrão de Joséphine Louise. Eis a passagem do meu diário que se refere
ao facto.
“Louise diz que pode, mesmo acordada, exteriorizar à vontade o seu corpo astral
e dar-lhe a forma que deseje. Pede-se-lhe que, sem que Joséphine o saiba, dê a
minha forma ao seu corpo astral; em seguida ela é levada de volta ao quarto de
Joséphine, a qual é colocada no estado em que consegue perceber os fluidos.
Joséphine vê primeiro o corpo astral de Louise normal, depois nele vê, com
espanto, crescerem bigode e barbicha; enfim diz rindo: “Mas é o coronel!”
“Alguns momentos mais tarde, diz-se a Louise, sempre sem que Joséphine o saiba,
para dar ao seu corpo astral a forma do filho do dono da casa, que ela conhece
e que é alfaiate em Java, há dois anos. Joséphine, que nunca o viu, vê, no
lugar onde Louise diz haver projectado o seu duplo, a imagem de um homem com
bigode; diz já ter visto esse rosto em alguma parte, mas não sabe onde.
Desperto-a depois de lhe ter dado a sugestão de se lembrar do rosto que viu e,
são-lhe apresentadas diante de seus olhos vinte fotografias que ela não
conhece. Quando avista a do filho de Col..., diz: “Este parece-se com
quem eu vi, no entanto, a imagem que vi era bastante vaga.” É necessário
ressaltar que Louise havia modelado o seu corpo astral de acordo com lembranças
bastante longínquas.”
Numa sessão realizada na Escola de Medicina de Grenoble, em 28 de março de
1904, na presença do Dr. Bordier, director da Escola, com Louise e Eugénie como
médiuns, procurei reproduzir essa experiência.
O Dr. Bordier indica apenas a Louise a personagem a
apresentar. Era o Dr. Lépine, ausente da sessão e que Louise conhecia. Esta
exteriorizou-se e, quando disse que havia dado ao seu corpo a forma desejada,
interroguei Eugénie adormecida; respondeu-me que via um homem; procurou
reconhecê-lo, depois disse: “É o homem que me fotografou.” Ora,
isto havia se passado dois dias antes.
Poder-se-ia encontrar nestes fenómenos a explicação de certas aparições
que se produzem diante das jovens no momento da puberdade. Constatou-se,
com efeito, que nesse momento o seu corpo astral se exterioriza
espontaneamente! Elas percebem-no então sob uma forma vagamente humana e
luminosa. Imbuídas de ideias religiosas, imaginam ver a Virgem Santa ou alguma
outra santa cuja imagem as impressionou na sua igreja e dão, pelo
pensamento, essa forma ao seu corpo astral, que chega mesmo a poder ser
percebido por outros sensitivos.
3) O corpo astral é normalmente a reprodução exacta do corpo físico
Numa sessão realizada no dia 1 de abril de 1904, na Escola de Medicina de
Grenoble, com Eugénie, na presença do Dr. Bordier, exteriorizei o corpo
fluídico da sensitiva. Quando o fantasma azul se formou à sua
esquerda, ela o via, mas nós não experimentávamos nenhuma sensação ao
tocá-lo. Eugénie, ao contrário, sentia os contactos, não apenas
sobre a sua pele, como também no interior de seu corpo, quando as nossas mãos
penetravam o seu duplo. O Dr. Bordier, tendo colocado sucessivamente e com
precaução o seu dedo indicador em diferentes pontos do interior do duplo,
perguntou a Eugénie em que ponto ela se sentia tocada. Eugénie, que
tinha os olhos fechados, designou exactamente e, sem hesitação, os órgãos que o
Dr. Bordier tinha a intenção de tocar, baseando-se nas suas posições
respectivas.
Encontrar-se-á no primeiro capítulo da terceira parte uma certa quantidade de
documentos que mostram que a existência do corpo astral foi admitida em
todos os tempos pelos filósofos e iniciados.
/...
Albert de Rochas, As Vidas Sucessivas, Segunda
Parte Experiências magnéticas Capítulo I O sono magnético e o corpo
fluídico; 2) O corpo fluídico pode modelar-se sob a influência da vontade,
assim como a argila se modifica sob as mãos do escultor; 3) O corpo astral é
normalmente a reprodução exacta do corpo físico, 2º fragmento desta obra.
(imagem de contextualização: Albert de Rochas
d'Aiglun (1837-1914), engenheiro militar francês, historiador da
ciência, pesquisador de fenómenos espíritas, escritor, tradutor e administrador
da Escola Politécnica de Paris)