Os três corpos do homem ~
O problema dos
corpos humanos tem longa e confusa tradição, baseada em revelações antigas e
entremeada de superstições populares. Na tradição cristã firmou-se a teoria dos
dois corpos referidos pelo Apóstolo Paulo na 1ª Epistola aos Coríntios: o corpo
animal ou material e o corpo espiritual. Kardec pesquisou o assunto com a
insistência e o rigor que o caracterizavam e chegou a conclusões objectivas de
que o homem é dotado de três corpos, que são:
a) o corpo animal ou material mencionado por Paulo, que é o
corpo orgânico sujeito à destruição pela morte;
b) o corpo espiritual referido por Paulo, que Kardec
verificou ter uma constituição semi-material, com energias espirituais e
materiais em mistura, destinado a ligar a alma ao corpo e a servir à
ressurreição logo após a morte; esse corpo não está sujeito à morte material,
mas à transformação após a morte para servir na ressurreição, e sujeito
à destruição por abusos do espírito no plano espiritual inferior e às
modificações exigidas por futura reencarnação, para se
adaptar a novas formas e a novas determinações genésicas e hereditárias;
c) o corpo espiritual superior, desprovido de matéria,
em que o espírito, livre daquele envoltório, vive a vida eterna de
que falam as religiões; esse corpo é inacessível à nossa percepção, a não ser
como uma centelha etérea, segundo a expressão Kardeciana; é o corpo
natural do espírito no seu estado de pureza espiritual e só pode ser usado
pelas entidades que atingiram a
finalidade das reencarnações, deixando o plano da erraticidade.
A trindade humana, constituída de Espírito, Perispírito e Corpo,
realiza assim a transformação de que trata o Apóstolo Paulo,
atingindo a síntese suprema da evolução nos corpos inferiores. Dessa maneira,
o corpo espiritual superior reflecte na sua estrutura angélica
real e indestrutível:
a) A Trindade Universal de Deus, Espírito e Matéria;
b) A Trindade doutrinária de Ciência, Filosofia e Religião.
São essas as duas Trindades Superiores, referentes à
concepção do Cosmos e à concepção da Doutrina Espírita.
Temos assim a comprovação, no mais alto plano da realidade
espiritual, do princípio doutrinário enunciado em O
Livro dos Espíritos: Tudo se encadeia no Universo.
Por outro lado, essa comprovação da eterna sequência das
coisas e dos seres revela-nos a integração do Espiritismo na
realidade cósmica, na correspondência perfeita da Realidade Total
com a fragmentária realidade parcial das coisas finitas e dos seres perecíveis,
que na verdade não perecem nunca, passando apenas pela lei universal da
metamorfose, que a tudo impulsiona sem cessar nas linhas ascensionais da
transcendência. Ela nos revela, também, a perenidade da Doutrina
Espírita cujas marcas, segundo Kardec, são encontradas em todas as fases
a-históricas e históricas da evolução terrena.
Esta concepção cósmica do Espiritismo, que ressalta
dos textos de Kardec, como vimos, confirma a Doutrina das Ideias, de Platão, que nos apresenta o
mundo fragmentário da matéria como reflexo estilhaçado da Realidade Superior,
una e perfeita na Mente de Deus. Platão é o reflexo do pensamento de Sócrates, e Kardec
considerou a ambos como precursores da Ideia Cristã. Na actualidade temos a
mesma confirmação no rápido e espantoso desenvolvimento da Ciência terrena, que
comprovou no nosso tempo a realidade do Espiritismo com a descoberta dos
fenómenos paranormais, da plenitude do Universo (onde o nada não existe e o
nada não é nada, segundo a expressão de Kardec), a existência das múltiplas
dimensões da Realidade, na natureza subjectiva e portanto espiritual do homem
na existência, a descoberta tecnológica do perispírito (corpo
bioplásmico), a interpenetração dos mundos num mesmo espaço, o poder assombroso
do pensamento, a possibilidade de invasão do Cosmos por naves e astronautas e
assim por diante.
A luta contra a realidade, na defesa de ilusões teológicas e
ideológicas, não cessou e até mesmo se acirrou. Recursos escusos do meio
científico, do campo religioso e de certos Estados, cujas estruturas política e
social repousam em pressupostos do século passado, são mobilizados contra essas
conquistas, num desesperado anseio de diminuir-lhes o alcance e a significação.
Na URSS e sua órbita a questão é de sufocar a qualquer custo todas
as possibilidades científicas que se oponham ao materialismo de Estado. Nos
Estados Unidos e outras potências ocidentais são os interesses políticos e
eleitorais que se mobilizam na defesa dos interesses religiosos de igrejas e
seitas retrógradas, apegadas a princípios arcaicos, envelhecidos de quatro a
seis mil anos, para asfixiar ou minimizar as novas descobertas. Chega-se ao
ponto, em instituições científicas ou para-científicas, de tentar encobrir a
realidade do plasma físico, de que se compõe o corpo bioplásmico, com o frágil
disfarce do efeito
corona. Os valores falhados dos dogmas religiosos e os interesses materiais
imediatos dos clérigos e dos seus rebanhos fanáticos são super-postos à verdade
crua e ardente das pesquisas científicas, para salvaguarda das estruturas simoníacas das
instituições religiosas, em que dormem à tripafórra os devoradores de dízimos
estabelecidos pelos rabinos judeus no Templo de Jerusalém, numa civilização
agrária e pastoril. A estrutura do Estado é também ameaçada pelo fantasma de
matéria radiante do corpo bioplásmico, que afecta poderosos interesses criados,
tradições invioláveis, a glória de messias e profetas que descobriram tábuas de
ouro nas montanhas provando que o Cristo pregou em terras da América, semeando
verdades mirabolantes para os apaches de cara pálida e os fogosos
peles-vermelhas de penachos coloridos.
Este quadro grotesco da realidade mundial no nosso tempo não
precisa de pinceladas à Van Gogh para
torná-lo mais forte e impressionante. Basta a sua realidade nua para mostrar a
rede de mentiras em que caímos no passado, com as falsas culturas religiosas
que, nascida das entranhas do paganismo ingénuo, da idolatria supersticiosa e
do fabulário mitológico, se revigorou nas estruturas sócio-económicas do
profissionalismo religioso.
As mesmas forças que se opuseram, de maneira agressiva e
violenta, ao desenvolvimento das pesquisas científicas no Renascimento,
continuam a agir, agora de maneira mais subtil e por isso mais profunda, mais
penetrante e ameaçadora, contra o avanço e desenvolvimento da Ciência no nosso
tempo. Claro que essa batalha inglória será vencida pela simples
evidência da realidade, que nunca pediu nem pede licença aos homens para
aparecer e impor-se. Mas essas forças retrógradas conseguem
retardar a libertação do homem, num mundo em que a maioria absoluta da
população não tem possibilidade de penetrar nos segredos da Ciência, nem tempo disponível
para tentar essa façanha, permanecendo à margem da cultura do século e por isso
mesmo obrigada a contentar-se com as crenças e superstições de um passado
remoto.
A constituição semi-material do perispírito, segundo
Kardec, foi confirmada pela descoberta russa de que o corpo bioplásmico é
formado de plasma físico. Para os russos, isso seria uma prova favorável à
ideologia do Estado, mas a prova seguinte, de que esse corpo
sobrevive à morte do corpo, escapando às possibilidades tecnológicas de sua
captação visual ou fotográfica, incidiu na condenação materialista, por atentar
contra o dogma do homem-pó. É essa a mais espantosa contradição do
nosso século. A própria potência que enviou à órbita da Terra o primeiro Sputnik e tanto exalta o
poder do homem, negando a existência de Deus, nega ao homem e à sua
personalidade, a sua inteligência criadora, o direito que a Ciência concede a
todas as coisas e seres: o da continuidade de após o acidente
natural da morte. Tudo morre e renasce, menos o homem, a mais complexa e
perfeita organização psico-biológica, com o mais poderoso cérebro e a mais
penetrante das mentes.
A ojeriza (*) materialista é
contra a teoria da sobrevivência individual. Tudo morre e renasce, segundo
eles, revertendo-se ao pó para novas elaborações ocasionais. Os
valores espirituais ficam na dependência exclusiva dos caprichos de algum
alquimista medieval que nunca morreu. Não obstante, sustentam a
teoria da evolução contínua, incessante e criadora, que o homem pode controlar. Há
tantas contradições nas doutrinas religiosas do mundo, quanto nas doutrinas materialistas.
Por isso, onde uma delas domina, os cientistas e pensadores sinceros e
objectivos, que buscam a realidade, experimentam no nosso século as mesmas
discriminações, condenações e expurgos. A realidade da sobrevivência
individual do homem, provada na Universidade de Kirov, deslumbrou os seus
descobridores e revelou as possibilidades inesperadas que pode abrir para a
evolução terrena, mas os comissários do povo, agindo contra a
vontade generalizada de um povo de intensa e profunda tradição espiritual,
rejeitaram a descoberta em nome do povo. Mas a verdade é que a
explosão mediúnica no
mundo não pede licença a comissários, nem a padres, pastores ou cientistas para
continuar a existir.
A luta do homem para vencer a sua esquizofrenia,
restabelecendo a unidade do espírito perante a realidade material do mundo, vem
das selvas aos nossos dias. A razão humana, servida pela experiência, venceu os
conflitos do caos aparente da Natureza e estabeleceu as conexões necessárias
entre não física e a realidade física para dominar o caos. Todas as filosofias
e todas as ciências se desenvolvem nesse sentido, mas o chamado
Materialismo Científico ergueu a sua barreira, juntamente com a barreira
teológica – ambas formadas de dogmáticas exclusivistas – para impedir a ferro e
fogo que o homem alcance o real. Hoje, para que a verdade se
estabeleça na cultura humana, é necessário que o Espiritualismo formalista e o
Materialismo Científico se neguem a si mesmos, revertendo-se na síntese hegeliana de
uma cultura objectiva e aberta.
Ernst
Cassirer, no seu ensaio sobre A Tragédia, da Cultura, cujo
desenvolvimento superou a capacidade humana de dominá-la, esqueceu-se deste
problema fundamental que Kardec já
havia colocado há mais de um século. A grande tragédia cultural do
nosso tempo não é o acúmulo cada vez maior de conhecimentos e a atomização das
especialidades, mas a impossibilidade material de vencer as barreiras
dogmáticas, cada vez mais reforçadas pelos interesses criados nos dois
campos dogmáticos.
Os três corpos do homem têm funções gerais e específicas,
desdobrando-se em planos sucessivos de manifestação, a partir do contexto
humano. Vejamo-los nesse encadeamento em que eles parecem um foguete espacial,
indo da Terra ao Infinito, no abandono sucessivo dos estágios inferiores:
a) o corpo material é o que define, na concepção
terrena, o que geralmente se considera como a condição humana.
Provindo da evolução animal, Paulo teve razão em
chamá-lo corpo animal. Todo o seu sistema psico-biológico é a
resultante do processo evolutivo terreno. Todos os seus instrumentos de
captação da realidade funcionam em ritmo de estímulo e resposta. A sua razão
constitui-se de categorias formadas na experiência. Não obstante, o seu
espírito supera esse condicionamento através de percepções extra-sensoriais, de
intuições imediatas e globais de um conjunto gestáltico que vai arrancando-o do
imediatismo vivencial para lançá-lo no plano existencial consciente. A
organização animal do corpo é mantida e dominada pelo espírito, onde razão e
consciência se desenvolvem paralelamente. A evolução de um homem verifica-se
pelo desenvolvimento da razão e da consciência num plano superior de critério
cada vez mais espiritualizado. O homem se liberta de suas raízes animais e
prepara-se para a transcendência. Frederic Myers,
psicólogo inglês dos fins do século passado, considera que o inconsciente
humano é uma segunda consciência, a que chama de subliminar. Enquanto
a consciência subliminar detém as faculdades necessárias à vida terrena, a
consciência supra-liminar auxilia aquela, através de emersão de ideias,
sensações profundas e intuições, a desenvolver-se no plano extra-sensorial. É
da consciência supra-liminar que provêm as captações extra-sensoriais. É
nela que encontramos a fonte da genialidade e dos fenómenos paranormais. Essa
consciência pertence ao perispírito.
b) O perispírito, corpo
espiritual ou corpo bioplásmico, possui, na sua estrutura extremamente
dinâmica, os centros de força que organizam o corpo material. É o modelo
energético previsto com grande antecedência por Claude Bernard. Os
pesquisadores russos compararam esse corpo, visto através das câmaras Kirlian de
fotografia paranormal, em conjugação com o telescópio electrónico de alta
potência, a um pedaço de céu intensamente estrelado. Esse é o corpo da
ressurreição espiritual do homem, dotado de todos os recursos necessários para
a vida depois da morte. Esse corpo de plasma físico e plasma espiritual vai
perdendo os seus elementos materiais na vida espiritual, na proporção exacta da
evolução do espírito. Nas pesquisas russas verificou-se que, na
produção de fenómenos mediúnicos de
movimentação de objectos sem contacto, levitação e transporte, o elemento
empregado é o plasma, o que confirma as pesquisas de Richet e de Notzing sobre
o ectoplasma. Essa é uma das razões por que esses fenómenos só são
produzidos por Espíritos inferiores, que Kardec comparou a carregadores do
espaço ao serviço de entidades superiores. Os exames de porções de
ectoplasma em laboratório revelam apenas a constituição física do mesmo. O
elemento mais importante e vital do ectoplasma é a energia espiritual, que não
permanece nas porções colhidas pelos pesquisadores. Nesse corpo,
segundo os pesquisadores russos, as condições de doença e saúde e a previsão de
doenças nas plantas, nos animais e no homem são feitas com grande precisão
através das variações de cores do plasma e um sistema de sinais coloridos ainda
em estudo.
c) O corpo espiritual superior destina-se à
vida nos planos mais elevados do Mundo Espiritual. Não se pode considerá-lo
como um instrumento de comunicação, pois constitui-se do próprio espírito na
sua exterioridade natural. Kardec assinala que esses Espíritos Puros não têm
mais nada com a matéria, nem a matéria os afecta. Mas como têm forma e são
criaturas humanas elevadas ao máximo grau da perfeição espiritual que os homens
podem atingir, o seu corpo é de luz. Na verdade, não dispomos de palavras nem
de ideias para imaginá-los ou descrevê-los. No seu plano superior não veríamos
nem sentiríamos nada. No tocante a eles, a pesquisa de Kardec reduziu-se a
diálogos com os seus instrutores. Por outro lado, socorreu-se da lógica, como
sempre fez, para dar as informações que encontramos na Escala Espírita.
Kardec considera esses Espíritos Puros como os Ministros de
Deus, através dos quais a administração de toda a Realidade Cósmica se processa
em todos os sentidos. Quando nos conhecermos a nós mesmos, segundo a
recomendação do Oráculo de Delfos a Sócrates, poderemos imaginar o que são
essas criaturas e como vivem e agem no Inefável, segundo a concepção pitagórica. Antes disso,
é inútil nos esforçarmos para defini-las. Só com o desenvolvimento de toda a
nossa perfectibilidade possível, como queria Kant, conseguiremos obter
os parâmetros capazes de nos dar uma pálida visão dessa vida superior. Kant
referia-se à perfectibilidade possível na vida terrena. Acima
desta existem os planos espirituais progressivos e, depois deles, o plano da
Angelitude, que é precisamente o dos Espíritos Puros.
Não podemos atrever-nos a solucionar esse problema,
cujos dados nos escapam. Há questões que não podem ser tratadas no nosso
estágio evolutivo. Mas já é importante possuirmos algumas
informações provindas de entidades que passaram pelos testes rigorosos de
Kardec. O Espírito Puro é para nós uma abstracção, como abstracção também é a
Matemática, de que nos servimos para medir e pesar o mundo. O que precisamos
evitar, no estudo dos corpos do homem, é o fascínio da imaginação, que costuma
levar-nos além de toda a realidade possível.
Várias instituições espiritualistas do mundo criaram
complicadas teorias sobre os corpos do homem, chegando a dar-lhes o número
atordoante e cabalístico dos véus de Isis. No próprio movimento espírita, que
devia aprofundar o conhecimento da sua própria doutrina, ainda tão mal
conhecida e pior compreendida, pretensos mestres introduziram conceitos
estranhos sobre esse problema. Kardec negou-se a estas fascinações
do maravilhoso, lutou para afastar da mente humana os resíduos mágicos do
passado, dando à Doutrina Espírita a clareza positiva da Ciência, sempre
apoiado na razão e na pesquisa. O seu esquema tríplice dos corpos do homem é
uma síntese luminosa de todos os esforços da Humanidade para compreender essa
questão de importância fundamental. Não podemos deixar-nos levar pela vaidade
ingénua e fátua de aparecer como sábios perante as multidões incultas,
vangloriando-nos como pavões do colorido fictício da nossa plumagem. O
Espiritismo busca a verdade pura, que é sempre simples, pois não necessita de visagens para
impor-se às mentes perquiridoras e sensatas. Deixemos de caudas brilhantes
fascinando os imaturos e tratemos de amadurecer no exame objectivo da realidade
acessível ao nosso conhecimento imediato. Aprendamos a distinguir a pureza
lógica do Espiritismo das fábulas religiosas e espiritualistas que se cevam,
através dos milénios, no gosto do homem pelo maravilhoso. Não há maravilha
maior do que a da Obra de Deus na sua realidade pura. Qual o fabulário
mitológico que pode sobrepor-se ao mistério e à beleza de um só microscópico
sistema solar atómico ou de uma folha verdejante de relva brotando entre as
pedras da calçada? O tempo das figurações simbólicas já passou, para a
Humanidade Terrena, como a dos Contos da Carochinha já passou para as crianças
de hoje. Elas mesmas, as crianças, exigem a verdade das coisas naturais em
substituição às fantasias imaginosas do passado. Os espíritas não têm o direito
de menosprezar as lições do Espírito
de Verdade, ministradas por Kardec, em favor de mentiras ridículas que vão
buscar poeira de civilizações mortas, cujo próprio desaparecimento atesta que
se esgotaram no tempo. Tenhamos a humildade de nos contentar com os nossos três
corpos, ao invés de buscarmos em ruínas milenares os corpos das múmias
faraónicas soterradas na areia. Estudemos o nosso passado de ilusões e
atrocidades para nos corrigirmos no presente, mas não tentemos colocá-lo acima
da realidade límpida e positiva que o Espiritismo nos proporciona.
/…
(*) Sentimento de má vontade, aversão, antipatia gerado
pela intuição, por uma percepção, um ressentimento.
José Herculano Pires, Curso Dinâmico de Espiritismo,
XIV – Os três corpos do homem, 14º fragmento desta obra.
(imagem de contextualização: Somos as aves de fogo
por sobre os campos celestes, acrílico de Costa Brites)
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