Da arte com que trabalharmos o nosso pensamento dependem as nossas misérias ou as nossas glórias...

sábado, 10 de setembro de 2022

Da sombra do dogma à luz da razão ~


~ Uranografia Geral (*) 
O espaço e o tempo ~ 

| Galileu, Espírito 
(Études Uranographiques) (VII) 

Os cometas 🌈 

  Astros errantes, mais ainda que os planetas que mantiveram esta denominação etimológica, os cometas serão os guias (i) que nos ajudarão a ultrapassar os limites do sistema a que a Terra pertence para nos levarem até às regiões longínquas do espaço sideral. 

  Mas antes de explorarmos com ajuda destes viajantes do Universo os domínios celestes, será bom dar a conhecer tanto quanto possível a sua natureza intrínseca e o seu papel na economia planetária. 

  Viram-se muitas vezes nestes astros cabeludos mundos a nascerem, elaborando no seu caos primitivas condições de vida e de existência que são dados em partilha às terras habitadas; outros imaginaram que estes corpos extraordinários eram mundos em fase de destruição e a sua aparência singular foi para muitos tema de apreciações erradas sobre a sua natureza; de tal modo que não foi só a astrologia judicial que fez disso presságios de desgraça enviados por decretos providenciais à Terra espantada e assustada. 

  A lei da variedade é aplicada com uma profusão tão grande nos trabalhos da natureza, que nos questionamos como é que os naturalistas, astrónomos ou filósofos construíram tantas teorias para assimilarem os cometas aos astros planetários e para não verem neles mais do que astros num grau maior ou menor de desenvolvimento ou de caducidade. No entanto, os quadros da natureza deveriam ser amplamente suficientes para afastar do observador a preocupação de procurar relações que não existem e deixar aos cometas o papel modesto mas útil, de astros errantes servindo de exploradores dos impérios solares. Pois os corpos celestes em questão são muito diferentes dos corpos planetários; não têm de maneira nenhuma, como eles, a função de servir de morada às humanidades? Vão sucessivamente de sol em sol, por vezes enriquecendo-se pelo caminho com fragmentos planetários reduzidos ao estado de vapor, colher nos seus domicílios os princípios vivificantes e renovadores que derramam sobre os mundos  terrestres. (Capítulo IX, n.º 12.) 

  Se, quando um destes astros se aproxima do nosso pequeno globo para lhe atravessar a órbita e regressar ao seu apogeu situado a uma distância incomensurável do Sol, nós o seguimos, em pensamento, para visitar com ele as regiões siderais, franquearemos essa vastidão prodigiosa da matéria etérea que separa o Sol das estrelas mais próximas e observando os movimentos combinados deste astro que julgaríamos perdido no deserto do infinito, encontraríamos aí também uma prova eloquente da universalidade das leis da natureza (ique se exercem a distâncias que a imaginação mais fértil mal pode conceber. 

  Aí, a forma elíptica (i) toma a forma parabólica (i) e o andamento abranda ao ponto de só percorrer alguns metros no mesmo tempo em que no seu perigeu percorria vários milhares de léguas. Talvez um sol mais potente, mais importante do que aquele que acaba de abandonar usasse para com este cometa de uma atracção preponderante e o recebesse nas fileiras dos seus próprios súbditos e, então, os filhos espantados da vossa pequena Terra esperariam em vão o regresso que tinham prognosticado através de observações incompletas. Nesse caso, nós, cujo pensamento seguiu o cometa errante a essas regiões desconhecidas, encontraremos então uma nova nação impossível de encontrar pelos olhos terrestre, inimaginável para os Espíritos que habitam a Terra, inconcebível até para a sua mente, pois será teatro de maravilhas inexploradas. 

  Chegámos ao mundo astral nesse mundo deslumbrante dos vastos sóis que brilham no espaço infinito e que são as flores brilhantes do canteiro magnífico da Criação. Aí chegados, saberemos então o que é a Terra. 

                                                                                                            Espírito Galileu  

/… 

(*) Este capítulo foi textualmente extraído de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título de Études Uranographiques e assinado, Galileu; médium M. C. F. (N. do A.) 


ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias Segundo o Espiritismo, Capítulo VI, Uranografia Geral, O espaço e o tempo – Os cometas (de 28 a 31), 29º fragmento desta obra. Tradução portuguesa de Maria Manuel Tinoco, Editores Livros de Vida. 
(imagem de contextualização: Diógenes e os pássaros de pedra, pintura em acrílico de Costa Brites).

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