O espaço e o tempo ~
| Galileu, Espírito
(Études Uranographiques) (VII)
Os cometas 🌈
Astros errantes, mais ainda que os planetas que
mantiveram esta denominação etimológica, os cometas serão os guias (i) que
nos ajudarão a ultrapassar os limites do sistema a que a Terra pertence para
nos levarem até às regiões longínquas do espaço sideral.
Mas antes de explorarmos com ajuda destes
viajantes do Universo os domínios celestes, será bom dar a conhecer tanto quanto
possível a sua natureza intrínseca e o seu papel na economia planetária.
Viram-se muitas vezes nestes astros cabeludos mundos
a nascerem, elaborando no seu caos primitivas condições de vida e de existência
que são dados em partilha às terras habitadas; outros
imaginaram que estes corpos extraordinários eram mundos em fase de destruição e
a sua aparência singular foi para muitos tema de apreciações erradas sobre a
sua natureza; de tal modo que não foi só a astrologia judicial que fez disso
presságios de desgraça enviados por decretos providenciais à Terra espantada e
assustada.
A lei da variedade é aplicada com uma profusão
tão grande nos trabalhos da natureza, que nos questionamos como é que os
naturalistas, astrónomos ou filósofos construíram tantas teorias para
assimilarem os cometas aos astros planetários e para não verem neles mais do
que astros num grau maior ou menor de desenvolvimento ou de caducidade. No
entanto, os quadros da natureza deveriam ser amplamente suficientes para
afastar do observador a preocupação de procurar relações que não existem e
deixar aos cometas o papel modesto mas útil, de astros errantes servindo
de exploradores dos impérios solares. Pois os corpos celestes em
questão são muito diferentes dos corpos planetários; não têm de maneira
nenhuma, como eles, a função de servir de morada às humanidades? Vão
sucessivamente de sol em sol, por vezes enriquecendo-se pelo
caminho com fragmentos planetários reduzidos ao estado de vapor, colher nos
seus domicílios os princípios vivificantes e
renovadores que derramam sobre os mundos terrestres. (Capítulo IX,
n.º 12.)
Se, quando um destes astros se aproxima do nosso
pequeno globo para lhe atravessar a órbita e regressar ao seu apogeu situado a
uma distância incomensurável do Sol, nós o seguimos, em pensamento,
para visitar com ele as regiões siderais, franquearemos essa vastidão
prodigiosa da matéria etérea que separa o Sol das estrelas mais próximas e
observando os movimentos combinados deste astro que julgaríamos perdido no
deserto do infinito, encontraríamos aí também uma prova eloquente da universalidade
das leis da natureza (i) que
se exercem a distâncias que a imaginação mais fértil mal pode conceber.
Aí, a forma elíptica (i) toma
a forma parabólica (i) e
o andamento abranda ao ponto de só percorrer alguns metros no mesmo tempo em
que no seu perigeu percorria vários milhares de léguas. Talvez
um sol mais potente, mais importante do que aquele que acaba de abandonar
usasse para com este cometa de uma atracção preponderante e o recebesse nas
fileiras dos seus próprios súbditos e, então, os filhos espantados da vossa
pequena Terra esperariam em vão o regresso que tinham prognosticado através de
observações incompletas. Nesse caso, nós, cujo pensamento seguiu o cometa errante a essas regiões desconhecidas, encontraremos então uma nova nação
impossível de encontrar pelos olhos terrestre, inimaginável para os Espíritos
que habitam a Terra, inconcebível até para a sua mente, pois será teatro de
maravilhas inexploradas.
Chegámos ao mundo astral nesse mundo deslumbrante dos
vastos sóis que brilham no espaço infinito e que são as flores brilhantes
do canteiro magnífico
da Criação. Aí chegados, saberemos então o que é a Terra.
Espírito Galileu
/…
(*) Este capítulo foi textualmente extraído de
uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e
1863, sob o título de Études Uranographiques e assinado, Galileu;
médium M. C. F. (N. do A.)
ALLAN KARDEC, A GÉNESE – Os Milagres e as Profecias Segundo o
Espiritismo, Capítulo VI, Uranografia Geral, O espaço e o tempo – Os
cometas (de 28 a 31), 29º fragmento desta obra. Tradução portuguesa
de Maria Manuel Tinoco, Editores Livros de Vida.
(imagem de contextualização: Diógenes e
os pássaros de pedra, pintura em acrílico de Costa Brites).
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