(Pelo Dr. Gelpke)
Devemos à gentileza de um dos nossos correspondentes de Bordeaux a interessante
passagem que se segue, extraída de uma obra intitulada: Exposição da
grandeza da criação universal, pelo Dr. Gelpke,
publicada em Leipzig, 1817.
“.... Se, pois, a construção de todos os mundos que brilham acima de nós
pudesse ser submetida ao nosso exame, de que admiração não seríamos tomados,
vendo a diversidade desses globos, cada um dos quais organizado de modo diverso
do seu mais próximo vizinho na ordem da criação! E, como já disse, sendo
incalculável o número dos mundos, a sua construção também deve ser
infinitamente diferente.
“Além disso, como de cada mundo depende a organização dos seres que o habitam,
estes devem, tanto interna como externamente, diferir essencialmente em cada
globo. Agora, se considerarmos a multiplicidade e a imensa variedade das
criaturas na nossa Terra, onde nem mesmo uma folha se assemelha à outra, e se
admitirmos uma tão grande variedade de criaturas em cada mundo, quão prodigiosa
nos parecerá a multidão no incomensurável reino de Deus!
“Qual não será, pois, um dia, a plenitude de nossa felicidade, quando, sob
invólucros sempre mais perfeitos, penetrarmos sucessivamente mais à frente
os mistérios da criação e encontrarmos mundos sem-fim, a povoar um espaço
infinito! Então, quanto Deus (inteligência organizadora) * não nos parecerá
ainda mais adorável, ele que tirou tudo isso do nada, ele cuja bondade sem
limites tudo criou apenas para a satisfação dos seres vivos e cuja sabedoria
ordenou de maneira tão admirável!
“Mas a nossa residência e a nossa conformação actuais podem proporcionar-nos
tal felicidade? Para isso não necessitamos de outra morada, que nos
coloque mais cedo no domínio da criação e, de um envoltório muito mais subtil e
mais perfeito, que não entrave o nosso Espírito nos seus progressos para a
perfeição e, por meio do qual ele poderá ver, sem auxílio, no todo universal,
muito para além do que o podemos fazer daqui com os nossos melhores
instrumentos?
“Mas por que o Criador não nos daria, depois de vários degraus de
existência, um envoltório que, semelhante ao relâmpago, pudesse
elevar-se de mundos a mundos, permitindo-nos, assim, olhar tudo de
mais perto e, ao mesmo tempo, abarcar melhor o conjunto pelo
pensamento? Quem ousaria duvidá-lo, quando vemos a
brilhante borboleta nascer da lagarta e, a árvore deslumbrante de
flores provir de um caroço! Se Deus assim desenvolve pouco a pouco
a lagarta e no-la mostra esplendidamente transformada, se também
desenvolve o germe por graus, quanto não nos fará progredir a nós
homens, reis da Terra e, avançar na Criação!”
Pluralidade dos mundos habitados, pluralidade das existências (i), perispírito,
progresso contínuo e infinito da alma, tudo está aí.
/...
* Deus-Inteligência organizadora. Adenda desta publicação.
Allan Kardec (i),
aliás, Hippolyte Léon Denisard Rivail, Pluralidade das Existências e
dos Mundos Habitados, Pelo Dr. Gelpke. Revista Espírita – Jornal de
Estudos Psicológicos, Paris, Novembro de 1863, 15º fragmento da Revista objecto
do presente titulo desta publicação.
(imagem de contextualização: Dança rebelde, 1965 – Óleo sobre tela,
de Noêmia
Guerra)
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